Entre linhas e números: a realidade do ambiente de negócios no Brasil
Prof. Allan Augusto Gallo Antonio. Professor de Economia e Direito na Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM). Pesquisador do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica (MackLiber)
O boletim do Mapa de Empresas do Ministério do Empreendedorismo do segundo quadrimestre de 2024 nos apresenta um cenário supostamente otimista: um aumento de 5,3% na abertura de novas empresas em comparação ao mesmo período de 2023, totalizando 1.459.079 novos negócios. À primeira vista, os números sugerem um ambiente de negócios vibrante e em expansão, sustentado por políticas governamentais que facilitam a inauguração de empresas.
No entanto, um olhar mais crítico revela uma realidade preocupante. Apesar do aumento nas aberturas, o número de empresas que fecharam suas portas em 2024 é alarmante: 830.525 negócios encerraram suas atividades, representando um aumento de 11,7% em relação ao ano anterior. Esse dado é crucial e sugere uma taxa de mortalidade empresarial que merece uma análise mais aprofundada.
Mais alarmante ainda é o declínio consistente do saldo líquido anual de empresas, evidenciando uma tendência preocupante nos últimos três anos. Em 2022, o saldo líquido foi de 778.749 empresas, decaindo para 642.184 em 2023, e chegando a apenas 628.554 em 2024. Esse decréscimo progressivo, especialmente sob a atual administração do governo Lula, é inferior ao último ano do governo Bolsonaro, levantando questões sobre a eficácia das políticas atuais em sustentar um crescimento empresarial saudável e duradouro.
A questão central aqui não é apenas o número de empresas abertas, mas a capacidade delas de sobreviver em um ambiente econômico que permanece hostil aos negócios. A alta carga tributária, a burocracia exorbitante e uma segurança jurídica questionável são apenas algumas das barreiras que sufocam o empreendedorismo no Brasil. Embora o governo celebre a facilitação na abertura de empresas, é imperativo um debate mais amplo e crítico sobre as condições estruturais necessárias para que essas empresas não apenas nasçam, mas prosperem.
Portanto, enquanto a comunicação oficial pode se concentrar em promover os números positivos, é fundamental que tanto formuladores de políticas quanto o mercado e o público em geral mantenham um olhar crítico sobre os verdadeiros desafios que o ambiente de negócios brasileiro enfrenta. Afinal, não adianta abrir portas para novos negócios se não podemos garantir que eles tenham um caminho sustentável pela frente.
*O conteúdo dos artigos assinados não representa necessariamente a opinião do Mackenzie.
Sobre a Universidade Presbiteriana Mackenzie
A Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) foi eleita como a melhor instituição de educação privada do Estado de São Paulo em 2023, de acordo com o Ranking Universitário Folha 2023 (RUF). Segundo o ranking QS Latin America & The Caribbean Ranking, o Guia da Faculdade Quero Educação e Estadão, é também reconhecida entre as melhores instituições de ensino da América do Sul. Com mais de 70 anos, a UPM possui três campi no estado de São Paulo, em Higienópolis, Alphaville e Campinas. Os cursos oferecidos pela UPM contemplam Graduação, Pós-Graduação, Mestrado e Doutorado, Extensão, EaD, Cursos In Company e Centro de Línguas Estrangeiras.
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