Em 1880, o psicólogo alemão, Hermann Ebbinghaus, foi o primeiro em sua área a observar o que ele chamou de “curva do esquecimento”, observando que, sem qualquer reforço ou conexão o que acabamos de aprender, a informação é rapidamente esquecida - cerca de 56% nas primeiras horas, 66% após um dia e 75% após seis dias.

Atualmente são poucos os treinamentos corporativos que elaboram seus conteúdos considerando esta realidade. No entanto, a aceleração da transformação digital vem abrindo espaço para novas tendências, como a adoção de modelos de aprendizagem online, que são baseados em Inteligência Artificial (IA) e Machine Learning (ML).

IA e ML já estão presentes no cotidiano das pessoas. O Machine Learning usa algoritmos para encontrar padrões e aprender a partir do comportamento e preferências dos usuários de um sistema. Essa tecnologia já faz parte das sugestões que recebemos quando utilizamos plataformas de streaming ou de compras online, criando uma experiência personalizada para cada indivíduo.

Em metodologias de ensino modernas, a IA e o ML estão sendo cada vez mais utilizados para adaptar automaticamente o conteúdo e as aulas ao nível de proficiência, objetivos profissionais e interesses pessoais de cada aluno. Essa tendência garante que os alunos possam imediatamente colocar seu aprendizado em prática no trabalho de acordo com suas necessidades.

Esse tipo de abordagem adaptativa e hiperpersonalizada é mais eficiente em muitos tipos de treinamento, especialmente aqueles que envolvem habilidades difíceis, que requerem domínio para realizar tarefas específicas. Por exemplo, em programas de treinamento de idiomas, cursos podem ser ministrados precisamente no nível certo de proficiência, usando materiais retirados de situações reais de trabalho. Ao elaborar o conteúdo do treinamento de acordo com as funções de trabalho dos indivíduos, este tipo de treinamento capta a atenção dos alunos, envolve-os de forma mais eficaz e os motiva a praticar a leitura, audição, fala e escrita quando a aula termina.

Imagine a situação de uma organização global sediada nos EUA que tem um profissional de finanças trabalhando na América Latina e precisa aprimorar suas habilidades em inglês para se comunicar melhor e colaborar com a sede corporativa. Em vez de oferecer um curso genérico baseado em técnicas de ensino tradicionais, o colaborador pode se beneficiar de um curso criado especificamente para a sua área de atuação e aprender online através de um celular ou computador, desenvolvendo suas habilidades de acordo com seu próprio ritmo e necessidade.

A adoção dos modelos de aprendizagem online ainda encontra algumas dificuldades para ser implementada de forma eficiente. No Brasil existe uma deficiência no sistema educacional, exacerbada com as diferenças socioeconômicas: pessoas menos favorecidas têm ainda mais desafios para estarem prontas para o mercado de trabalho.

As empresas, por sua vez, têm um papel fundamental no desenvolvimento das pessoas e também se beneficiam em investir no desenvolvimento, pois o retorno se dá de diversas maneiras: produtividade, lucro, crescimento, retenção de talentos, etc.

Para essa tendência ganhar força no Brasil, é preciso garantir que os investimentos em treinamento e desenvolvimento tenham os resultados desejados, por isso é importante se adaptar às tendências e personalizar a experiência de aprendizagem de acordo com os comportamentos e hábitos atuais dos colaboradores.

Personalização é a chave para um treinamento eficaz, e o uso de uma combinação de tecnologia adaptativa e instrutores experientes é a maneira mais poderosa de fazer isso acontecer.

*Eliane Iwasaki é Head of Revenue Growth da Voxy, empresa que atua em 150 países e soma mais de 4 milhões de usuários. A Voxy é uma edtech de conteúdo 100% personalizável que oferece treinamentos corporativos de inglês adaptados às diferentes áreas de atuação das empresas.

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