PMEs apostam no marketing digital para equilibrar perda de faturamento na pandemia
• Turismo, imóveis e educação foram os mais afetados com queda nas receitas
• Do lado oposto, 70% das PMEs de telecomunicações e agronegócios estão otimistas e acreditam na recuperação total em até dois anos
As pequenas e médias empresas têm sido fortemente impactadas pela crise de Covid-19, especialmente com a queda de receita. Segundo pesquisa da EY-Parthenon, realizada com 300 PMEs brasileiras, 80% tiveram redução no faturamento. O turismo foi o mais afetado, com 94% das empresas atingindo uma diminuição de 25% ou mais no faturamento, seguido pelos setores imobiliário e de educação, nos quais 50% viram seu faturamento cair mais de 25%.
Para amenizar esse impacto, muitas empresas reduziram custos, mas a maioria não conseguiu fazê-lo na mesma proporção. Uma em quatro PMEs cortou despesas e renegociou dívidas, e uma em cinco renegociou contratos com fornecedores.
"O principal desafio para todas as pequenas e médias empresas retornarem a níveis operacionais similares ao período antes da pandemia é a retomada da capacidade financeira dos seus clientes, já que em algumas áreas, os consumidores planejam diminuir gastos" afirma Ivo Godoi, sócio-líder de estratégia e transações da EY-Parthenon.
Medidas de sobrevivência
Principais geradoras de emprego no país, as PMEs movimentam mais de 27% do PIB brasileiro. Durante a crise, 26% delas buscaram novas linhas de crédito, principalmente por meio de bancos tradicionais (45%), seguido por bancos digitais (20%) e fornecedores ou parceiros comerciais (20%). Das empresas que contraíram crédito, 23% relataram que o processo está mais difícil do que antes da pandemia e 27% acreditam que o procedimento continua tão difícil como antes.
Dentre as que conseguiram se beneficiar das medidas promulgadas pelo governo e pelas instituições financeira, 50% optaram pela redução, adiamento ou cancelamento de taxas de impostos; e 36% pela redução de custos e flexibilização de prazos de financiamento ou alívio parcial da dívida.
Outro fator que ajudou o segmento foi a Medida Provisória que permitiu a redução da jornada de trabalho e de salários. Uma em cada cinco empresas optou pelo instrumento. Ainda assim, 28% acabaram demitindo funcionários e dessas, 50% demitiram entre 11% e 25% do total de empregados.
Modelo de negócios digital
As empresas que entraram na crise mais digitalizadas foram menos impactadas. Por isso, 58% das PMEs esperam utilizar mais canais de vendas online e 66% planejam expandir o marketing digital pós-pandemia.
As representantes automotivas, de agronegócios e de telecomunicações estão mais otimistas quanto ao futuro pós-crise. Em média, 70% das empresas nestes setores acreditam em uma recuperação total no período de um a dois anos - 20% a mais do que entrevistadas de outros segmentos. Estas PMEs também tiveram impacto mais ameno no fluxo de caixa durante a crise - 47% indicaram ter caixa para manter as operações por 6 meses, comparado a 19% das empresas de outras indústrias.
No futuro pós-crise, será necessária uma rede de apoio, que inclua tanto o governo quanto instituições financeiras, com medidas específicas para este segmento da economia, reforça Ivo. "A ampliação do crédito será importante, já que a maioria das PMEs está com o fluxo de caixa comprometido no curto prazo. E esse acesso deve ser mais simples para ampliar a adesão, considerando as críticas ao excesso de burocracia neste aspecto. E, por fim, o governo precisará pensar em ações que aumentem o poder de compra dos consumidores, ajudando no financiamento de alguns produtos ou serviços, principalmente em setores altamente impactados", diz Ivo Godoi.
Sobre a EY
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