Violência do mundo corporativo
Não são poucas as criticas que podem ser feitas ao mundo corporativo contemporâneo. Sob um discurso politicamente correto que inclui o respeito à diversidade e o a busca por valores humanitários, existe geralmente uma competitividade feroz regida por atingir metas e cumprir prazos a qualquer custo.
O filme espanhol “La punta del iceberg”, dirigido por David Cánovas, coloca o dedo na ferida. A executiva vivida por Maribel Verdú protagoniza uma jornada em um mundo de intrigas e de dores variadas. Ela é designada pela empresa em que trabalha a investigar o suicídio de três funcionários em uma fábrica. Para fazer seu relatório, descobre muito mais do que gostaria.
As relações abusivas ocorrem de diversas maneiras. Dão-se desde a vigilância por câmeras, chantagens, relações sexuais, metas impossíveis de cumprir e busca constante pelo progresso na carreira a qualquer preço. Não há anjos ou demônios, mas uma intrincada rede de abuso de poder e de influência.
Pular pela janela, jogar-se no vão central do prédio, dar um tiro na cabe ou cortar a garganta são formas de fuga. Quando a realidade perde o sentido pela sua violência e pela busca por algo que não se sabe bem o que é, nem a família consegue ser um esteio seguro.
O amor ou o prazer desaparecem quando as planilhas de produtividade começam a reger nossas vidas. Nessa toada, o alerta do filme contra os exageros no mundo do trabalho é claro e contundente e obriga a ver o cotidiano massacrante com mais criticidade.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
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