Três perguntas para Fabrizzio Muller, Superintendente da Superintendência de Trânsito de Salvador
A implantação do programa Vida no Trânsito trouxe resultados extremamente positivos para Salvador. O município conseguir antecipar em três anos a meta de redução de 50% das mortes no trânsito, estabelecida pela ONU, prevista para 2020. A integração de vários órgãos do governo em torno do objetivo comum de salvar vidas é apontada por Fabrizzio Muller, superintendente da Superintendência de Trânsito do Salvador (Transalvador), como um dos acertos do programa, coordenado pelo Ministério da Saúde e implantado em 2013 na capital baiana. "Obtivemos resultados muito positivos, de importância ímpar", ressalta o Superintendente.
Salvador conseguiu antecipar em três anos a meta estabelecida pela ONU de reduzir à metade às mortes no trânsito. Qual foi a estratégia adotada pela prefeitura para alcançar esse resultado?
A estratégia que norteia o Vida no Trânsito prevê a integração de vários órgãos de governo em torno do objetivo de reduzir as mortes por acidentes e esse é um ponto fundamental para o sucesso do programa. Outro aspecto extremamente relevante é a possibilidade de reunir informações consolidadas sobre essas ocorrências, que vêm de todos os órgãos envolvidos. A prefeitura vem trabalhando fortemente, desde 2013, com esse foco, o que inclui ainda aumento da fiscalização eletrônica e realização de blitzes diárias da Lei Seca, que aqui são de responsabilidade da prefeitura. Isso vem contribuindo para estimular mudanças de comportamento dos condutores, a exemplo do que ocorreu após a obrigatoriedade do uso do cinto de segurança. Eu diria que é preciso também ter resiliência. A implantação de medidas mais duras gera desgaste e críticas.
De que forma essas iniciativas podem ser estendidas para outras cidades brasileiras e o que recomendariam como medidas prioritárias a serem adotadas?
Integração e vontade política são dois requisitos fundamentais para que um programa como este dê resultados. E essa integração deve envolver até mesmo órgãos que não fazem parte oficialmente do programa. Aqui, por exemplo, nós trabalhamos lado a lado com a Fundação Mario Leal Ferreira, responsável pelos programas urbanísticos do município. Eles estão sempre pensando na requalificação do espaço urbano sob a ótica da segurança viária. A Transalvador também faz projetos de mobilidade, usamos tecnologia de georeferenciamento para identificar locais em que há mais ocorrência de acidentes, a fim de buscar soluções de engenharia, readequação viária e sinalização adequada. Todas as intervenções mais recentes na cidade já preveem espaços de convivência mais harmônicos entre veículos, ciclistas e pedestres.
Além do reconhecimento internacional, a experiência de Salvador na promoção de um trânsito mais seguro e mais humano vai se transformar em documentário. Como enxergam essa repercussão do trabalho realizado?
O reconhecimento da Organização Mundial de Saúde foi um ponto alto. Uma equipe da OMS veio a Salvador e ficou uma semana colhendo depoimentos e imagens que serão objeto de um documentário e de uma publicação que descreverá os casos mais bem-sucedidos do Programa Vida no Trânsito nas Américas. Quando a meta foi estabelecida, achava-se que alcançá-la era uma utopia. Mas com vontade política e integração nós conseguimos. O reconhecimento internacional aumenta a nossa responsabilidade, não podemos andar para trás, razão pela qual já estamos falando em Visão Zero. Essa meta de zerar acidentes tem que ser objeto de uma política de Estado. Esse legado estamos deixando para as próximas administrações.
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