"Bitcoin é péssimo para lavagem de dinheiro", diz especialista em criptomoedas
Nos últimos tempos, muito se falou sobre o uso de criptomoedas para lavagem de dinheiro no Brasil, prática que aumentou com o crescimento da popularidade do Bitcoin.
Em setembro, por exemplo, foi deflagrada a operação "Blood Money" que prendeu 12 pessoas investigadas por usar Bitcoin para ocultar recursos ilícitos.
Recentemente, o próprio Banco Central (BC) afirmou que a ausência de regulação das criptomoedas no país faz com que o setor seja um “calcanhar de Aquiles” no que diz respeito ao combate à lavagem de dinheiro.
Assim, diante do aumento do número de casos envolvendo criptoativos e branqueamento de capitais e do posicionamento do BC, no fim do mês passado, a comissão especial da Câmara dos Deputados aprovou um projeto que aumenta a pena, de um a dois terços, para crimes de lavagem de dinheiro com moedas digitais.
Atualmente, a pena para este crime é de reclusão de 3 a 10 anos e multa. Com a mudança, a pena aumentaria para reclusão de 4 a 16 anos e 8 meses, além da multa. A proposta ainda deve ser analisada pelo Plenário da Câmara.
Mas será mesmo que os criptoativos são a melhor opção para lavagem de dinheiro?
Em primeiro lugar, é importante destacar que não é tão simples e nem viável ocultar dinheiro ilícito por meio da compra de ativos digitais. Isso porque, para comprar Bitcoin ou outras criptomoedas, é preciso que os recursos já estejam integrados ao sistema financeiro tradicional.
Em segundo lugar, as características intrínsecas da blockchain (tecnologia por trás das criptomoedas), como transparência, imutabilidade e rastreabilidade de dados dificultam a lavagem de dinheiro.
Conforme destacou Paulo Aragão, especialista em criptomoedas, cofundador do CriptoFácil e host no Bitcast, a grande verdade é que se criou uma “aura de ilegalidade” no Bitcoin desde que a criptomoeda foi criada. Mas isso, segundo ele, não corresponde com a realidade.
“O Bitcoin é uma péssima forma de se tentar lavar dinheiro. Um dos motivos é que seu uso deixa muitos rastros que podem ser seguidos na Blockchain. A Blockchain é transparente, rastreável e imutável. Há inclusive um estudo do Tesouro do Reino Unido que colocou o Bitcoin com um risco para lavagem de dinheiro inferior ao risco associado aos bancos tradicionais.”
Além disso, Aragão observou que grande parte dos recursos que são utilizados para comprar Bitcoin no Brasil atualmente já estão bancarizados. Portanto, já passaram pelo compliance dos próprios bancos. Ao mesmo tempo, todas as principais corretoras de criptomoedas no Brasil já possuem setor de compliance próprio para controlar esse tipo de atividade.
“O recado é bem simples: Bitcoin não é uma boa forma de se lavar dinheiro. Quem optar por esse caminho, tem uma chance enorme de ser descoberto. A Blockchain não mente.”
Compartilhe:: Participe do GRUPO SEGS - PORTAL NACIONAL no FACEBOOK...:
<::::::::::::::::::::>