Mercados, hotéis, pontos de conveniência, vendas de eletrônicos, de livros, de acessórios ou qualquer outro produto — tudo isso pode ser automatizado. É o que propõe a Onii, com suas lojas autônomas que funcionam a qualquer momento do dia ou da noite, sem atendentes e com pagamento digital.

A empresa, que já possui mais de 160 lojas espalhadas pelo país, segue a tecnologia oferecida pela gigante varejista Amazon. “A Onii é a democratização da Amazon Go”, afirma o Sócio-Fundador e Diretor de Novos Negócios, Tom Ricetti. “Por valores muito mais acessíveis, os brasileiros agora podem ter uma nova experiência de fazer compras”.

A Onii é mais do que a locação ou venda de lojas autônomas: é um SaaS, Software as a Service. Isso significa que a tecnologia em si pode ser contratada e adaptada de inúmeras formas. O único ponto em comum é que todas as operações são centralizadas no aplicativo da Onii, disponível na App Store e Google Play. Com ele, é possível liberar o acesso à loja e escanear os produtos que serão comprados. O pagamento é realizado automaticamente pelo app e o consumidor pode sair da loja sem enfrentar filas.

Diferente da concorrente norte-americana, os estabelecimentos da Onii não precisam vender exclusivamente itens de mercado ou lanches. “Estamos expandindo para abranger de tudo um pouco”, explica o executivo. “Trabalhamos com vendas de artigos para pets, itens de floricultura, sandálias de borracha, fármacos, livros, ferramentas, vitaminas, papelaria, cosméticos e muito mais. O sistema funciona para qualquer produto”.

Ou seja: o que a empresa oferece é o modelo de negócios e a tecnologia para fazê-lo funcionar. A partir disso, é possível caminhar em muitas direções. Além da praticidade para o cliente, os pontos de venda podem funcionar como direct to consumer, fórmula na qual os produtos saem com preço de fábrica para as lojas e displays da Onii. É o que estão fazendo especialmente com farmácias e vendas de tabaco. O B2B é outra possibilidade. Restaurantes podem comprar ingredientes em um local destinado a isso, por exemplo.

E quem cuida de cada loja? Os licenciados. “Funciona quase como uma franquia. No caso das lojas, é feito um investimento inicial para implantá-la com todas as suas funcionalidades, bem como suporte do time da Onii para a gestão e manutenção do ponto de venda. Temos também os displays e outros modelos”, informa Ricetti. Para instalar um display em um estabelecimento, o custo pode ficar em torno de 4 a 5 mil reais, entretanto, em itens como carnes e vinhos, o dispenser é fornecido pela própria indústria e o licenciado não precisará arcar com nenhum valor.

O mix de produtos a serem vendidos é decidido em conjunto com o licenciado, e então o projeto ganha vida de forma completamente personalizada. O objetivo é fornecer diversidade para o consumidor e até favorecer a produção local, uma vez que cada estoque pode ser desenvolvido com base na região. Portanto, o licenciado pode ter uma prateleira de alimentos industrializados e outra com pães e frutas frescas, se for parceiro de um produtor local, por exemplo.

Conforme a solução ganha mais adeptos, ela passa a resolver problemas específicos de cada segmento. Ricetti conta duas situações para demonstrar. “Atualmente, a Onii trabalha com seis redes hoteleiras, usando o sistema para automatizar diversos processos, desde o frigobar até o uso da lavanderia. Isso desafoga o funcionário que precisava realizar vendas e atendimento ao mesmo tempo”.

“Também temos o exemplo das operações híbridas em postos de gasolina, onde as lojas de conveniência funcionam normalmente durante o dia, e uma seção específica segue aberta durante a noite apenas com uso do aplicativo. É mais seguro e reduz custos com funcionários que ficariam só no período noturno”, completa Ricetti.

A segurança é um ponto importante a ser tocado. Até o momento, a maioria das lojas que utilizam Onii estão localizadas em locais com entrada controlada — condomínios, empresas, faculdades etc. Contudo, já existem instalações em funcionamento em lugares abertos, como na ciclovia Rio Pinheiros em São Paulo ou em Paraisópolis, a partir da iniciativa eegloo. Ainda que existam riscos, como em qualquer estabelecimento, eles são reduzidos por conta dos dados obrigatórios inseridos no aplicativo, incluindo opções de pagamento. Vale lembrar que, sem o app, não dá para entrar. No caso dos displays, o produto só é liberado após o pagamento.

A Onii até agora

Além das 160 lojas já atuantes, a Onii deve abrir mais 207 nos próximos 100 dias. Até o final do ano, o objetivo é chegar a 500 operações no Brasil. Enquanto isso, a empresa trabalha a internacionalização, com presença já marcada nos Estados Unidos, Chile, Portugal, Espanha e Emirados Árabes. Em breve, devem migrar também para Qatar, Japão, Moçambique, Angola, Colômbia, Argentina, Itália e Inglaterra.

Até o momento, a Onii trabalha com três formatos principais de loja: o Market, com 20 metros quadrados e capacidade para até 1000 produtos; o Box, de 4 a 8 metros quadrados e capacidade para até 450 produtos; e a Station, que ocupa de 2 a 4 metros quadrados e comporta até 200 itens. Dependendo do interesse do parceiro, é possível implementar um desses modelos ou trabalhar em um novo projeto.

A aceitação dos clientes vem sendo bastante positiva, o que indica a fácil adaptação a essa nova realidade. Ricetti conta como o crescimento da Onii deve impactar o varejo: “O conceito de lojas autônomas já caminhava muito bem há alguns anos. Em 2020, por conta da pandemia, essa novidade se tornou ainda mais impactante, já que permitiu o processo de compra presencial com distanciamento social, sem colocar em risco a saúde de funcionários ou clientes”. O executivo afirma que a empresa partiu da primeira loja em dezembro de 2019 para mais de 100 no final de 2020.

Conforme a Onii ganha novas unidades e desenvolve soluções, a projeção é que o mercado abrace a inovação e comece a implementar lojas autônomas das mais variadas por todo o Brasil. O público certamente parece estar preparado.

Sobre a Onii

A Onii é a democratização do modelo Amazon Go, loja autônoma da varejista norte-americana, e foi criada em 2019 no ONOVOLAB, centro de inovação em São Carlos, interior de São Paulo, por Conrado Rantin, Ricardo Podval, Tom Ricetti e Victor Azouri. Acerca dos produtos disponíveis nas lojas, há ofertas tanto de grandes varejistas, como de produtos fornecidos por pequenos produtores, como leite e pães. O objetivo é facilitar a personalização dos estoques disponíveis por região, atendendo à preferência dos moradores e fomentando o mercado de fornecedores locais.