O presidente da Federação Nacional de Call Center, Instalação e Manutenção de Infraestrutura de Redes de Telecomunicações e de Informática (Feninfra), Vivien Mello Suruagy, por exemplo, entende que o objetivo da mudança é disciplinar o serviço, mas teme uma crise no setor. A preocupação é que as pessoas comecem a ignorar chamadas 0303 e, com menos vendas desta origem, muitos trabalhadores poderiam ser demitidos.

Este pode ser apenas mais um detalhe que desmotive a procura pelas vagas de telemarketing, na visão de Karina Pelanda, Gerente de Recrutamento e Seleção da RH NOSSA. Apesar de ser um mercado contínuo, há uma mudança no perfil dos candidatos que não estão buscando vagas no mercado de call center, que sempre tem vagas disponíveis:

"Os motivos são vários. O salário ofertado normalmente é de abertura, de primeiro emprego, compatível para a jornada de seis horas de trabalho. Mas o principal fator está na característica dos jovens, que mudou muito. Há uma dificuldade de procura, não de oferta”

O que mudou então?

O perfil do candidatopós-pandemia de pessoas que procuram oportunidades é bem diferente. Karina observa que trabalhar presencialmente deixou de ser um objetivo e o home office se consolidou, transformando a tarefa de convencer novos talentos a trabalharem como telemarketing, em que grande parte é presencial, em uma missão complicada:

A rotina é outro fator que atrapalha a busca por estas vagas: “Os jovens buscam posições que despertam grandes desafios e o telemarketing não é uma vaga desafiadora, com escalas inclusive aos sábados. Ao somar estes detalhes com a mudança do 0303, fica claro que as empresas precisam se modernizar quanto antes para reter talentos"