A Prefeitura de Santo André está colhendo os resultados da implementação do Sistema de Gestão de Serviços IP (SGSIP) da Mitra, solução da vertical Valid Cities da multinacional brasileira Valid, para o monitoramento de seu parque de iluminação pública. Em uso desde 2014, o sistema desenvolvido sob medida para atender as necessidades de Santo André permitiu uma redução significativa de postes de iluminação apagados – de 6 mil para menos de 50 atualmente – e gerou uma redução de R$ 5 milhões ao ano em consumo de energia. 

Resultados que levaram o município de Santo André a ocupar a primeira posição no Estado de São Paulo e a quarta colocada no país no ranking de Serviços de Cidades Inteligentes de 2020, relação desenvolvida pelo Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia, Serviço Móvel Celular e Pessoal (Sinditelebrasil) e pela Teleco.

Com a Resolução Normativa ANEEL nº 414/2010, que transferiu para os municípios a administração do serviço de iluminação pública, possibilitou a Prefeitura de Santo André ser pioneira nas negociações com a concessionária que geria o serviço na época. Em 2013, foram adotadas algumas medidas e uma estratégia de aplicar o modelo misto de administração, assim a Prefeitura passou a ter parte dos serviços contratados e uma parte razoável do serviço por administração direta, o que garantiu uma segurança muito grande. Dessa forma, foram retomados os investimentos em compra de equipamentos, contratação de pessoal e na qualificação técnica das equipes internas.

Segundo Vitor Mazzeti, Secretário de Manutenção e Serviços Urbanos de Santo André (SP), com o retorno de uma estrutura própria de iluminação pública, o árduo trabalho de inovar cada vez mais no sentido de aplicar novas tecnologias e, principalmente, com o foco de prestar o melhor serviço para a população andreense, decidimos criar o programa “Banho de Luz” com o objetivo de seguir modernizando a iluminação pública da cidade.

Para melhorar a gestão do consumo, a administração apostou no SGSIP, que permite o acompanhamento em tempo real de todos os serviços realizados sem a utilização de uma única folha de papel. A partir de sua adoção todas as equipes de campo passaram a trabalhar com tablets com acesso à internet, realizando o registro e acompanhamento em tempo real de tudo o que é realizado. 

Com o uso do sistema, as equipes da Prefeitura podem fazer a gestão de todo o parque de iluminação, composto hoje por cerca de 53 mil pontos luminosos distribuídos por mais de 1,3 mil quilômetros de vias. Isso permitiu que o tempo médio de reparo de uma lâmpada queimada caísse para apenas 19 horas e, para locais com mais de quatro lâmpadas com problemas, para o prazo máximo de 72 horas.

“Nosso objetivo é até o final da gestão, em 2024, modernizar toda iluminação pública da cidade, trazendo qualidade, economia e, sobretudo, uma sensação de segurança para os munícipes que andam pela cidade. A iluminação pública se tornou um carro-chefe no sistema de uma Santo André mais inteligente e tecnológica, vivendo uma Era absolutamente mais moderna e com visão de futuro”, comentou o prefeito Paulo Serra.

A solução com IoT 
 
O SGISP permite a detecção e registros de falhas e a gestão de serviços de manutenção com uso de um moderno sistema de telemonitoramento, além de um sistema web para registro de eventos através do Call Center, de redes sociais e de equipamentos móveis de uso pelas equipes de ronda. A partir dele, as falhas registradas tornam-se um importante instrumento de comunicação e gerenciamento das equipes de manutenção, que recebem as ordens de serviço online e registram os atendimentos realizados e os materiais utilizados. 
 
Integrado à solução há um sistema de telegestão, presente em 12 mil pontos luminosos, que permite acompanhar todos os parâmetros e manipular os pontos onde o sistema está instalado. O uso dessa tecnologia, somado aos investimentos em modernização do parque, permitem economia de 70% da capacidade no período da madrugada (das 0h às 4h), garantindo a diminuição no consumo de energia elétrica.
 
Com esta composição, o sistema realiza automaticamente toda a gestão do parque luminotécnico da cidade. Para tanto, ele interage, recebe informações e cria ordens de serviços automaticamente por meio de Internet das Coisas (IoT), permitindo que a Prefeitura realize uma gestão mais ágil e visualize todos os dados (pré-avaliados e sem inconsistências) por meio de painéis de monitoramento. Esse processo faz o monitoramento e rastreamento do problema com os postes de iluminação desde o momento da comunicação até o encerramento.   
 
Chamados via App 
 
Enquanto isso, o telemonitoramento dos 12 mil pontos acompanha todo o ciclo de vida do poste, com histórico de quando a lâmpada foi instalada, quanto tempo ela está funcionando, quais os problemas que teve, tais como corrente, interrupções, frequências imperfeitas, oscilações, entre outras e o próprio sistema se deleta/entrega apontando o problema. “Com isso, as solicitações de serviço podem ser feitas por telefone ou diretamente por um módulo de autoatendimento no sistema e o usuário, ao cadastrar um número de telefone válido, recebe as informações do atendimento”, explica Mazzeti. 
 
Dependendo do tipo de problema, o sistema já direciona para setor responsável, que consegue abrir a ordem de serviço, encaminha para equipe de campo pelo app (desenvolvido pela própria Mitra) e comunica problema. Como resultado destes esforços, Santo André passou a gerar superávit para investir na melhoria da iluminação, com incrementos positivos na qualidade da luminosidade. As economias geradas permitirão financiar, com recursos próprios, o Plano de Metas do município, que prevê 100% de cobertura do projeto de modernização até o final de 2024. 
 
A parceria com a Valid continua, agora com a implantação no município do sistema de Mapeamento Dinâmico das vias do município. Ele será realizado por uma unidade móvel que percorrerá a cidade em períodos alternados durante o dia, coletando informações que serão utilizadas para programar manutenções preventivas, projetos de modernização e evitar perdas financeiras decorrentes de furtos e extravio.  
 
Luciano Pezza Cintrão, diretor da Valid, avalia que desta forma, a gestão consegue direcionar seus recursos e otimizar os trabalhos de melhorias e manutenção. Com o mapa de luminosidade gerado é possível ter uma visão global do município e saber com mais exatidão quais as regiões com iluminação mais prejudicada e focar os esforços nelas, evitando gastar com regiões menos prioritárias. 
 
A partir das imagens geradas de cada ponto de iluminação é possível realizar inspeções virtuais nos pontos e planejar manutenções e melhorias sem ter que levar equipes para campo, tornando o processo bem mais rápido. E ao ser apontado uma falha em alguma luminária é possível previamente saber quais materiais são necessários para realizar a manutenção e visualizar as imagens do cadastro do ponto para preparar a equipe. 
 
RFID 
 
Um grande diferencial está no controle por RFID que permite fazer um acompanhamento do patrimônio da iluminação pública e acompanhar o histórico de cada item, sabendo, quando foi instalado, qual a vida útil que teve, quantas manutenções foram feitas ou se foi extraviado. 
 
O executivo destaca que os maiores desafios para a utilização dessa tecnologia será o desenvolvimento de TAGs que consigam ser lidas em grandes distâncias, já que uma luminária pode estar a mais de 10 metros do solo, e consigam suportar intempéries como sol e chuva. Junto a isso as TAGs precisam possuir uma maneira rápida e fácil de fixação nos ativos. 
 
“As TAGs utilizadas hoje já conseguem atingir essa demanda, tendo nos testes realizados em Santo André uma eficiência de leitura de mais de 95%. Mesmo assim, estão sendo feitos estudos para desenvolvimento de um novo modelo na Valid Sorocaba”, finaliza Cintrão. 

Para Mazzeti, o conceito de cidades inteligentes só vai se concretizar se for pela iluminação pública já que é a única maneira que o Poder Público consegue chegar mais próximo de cada cidadão. “Nosso objetivo é construir essa estrutura com o que há de mais moderno em soluções tecnológicas, pois estamos criando aos poucos uma infraestrutura na cidade que será “a propriedade da iluminação pública” e, em um momento futuro poderá ser ofertada de alguma maneira em serviços e dados para todos os outros segmentos da administração pública sempre em prol da sociedade”.