“Isso Silva e Luna não mostra”: gestão da Petrobrás se exime de sua responsabilidade pelos aumentos dos combustíveis
A gestão da Petrobrás, numa tentativa de se eximir de sua responsabilidade pela escalada absurda dos preços da gasolina, do óleo diesel e do gás de cozinha no país, tenta culpabilizar os agentes da cadeia produtiva, especialmente os impostos estaduais.
Mas o que o presidente da empresa, Joaquim Silva e Luna, e sua “explicação” não mostram é que de janeiro a agosto a empresa reajustou a gasolina em suas refinarias em 51%. Ou seja, há oito meses os tais “2 reais” eram menos que 1 real na gasolina.
No diesel, o aumento nas refinarias, já é de 40% – e a empresa é responsável por cerca de metade do valor cobrado nas bombas. Assim como no gás de cozinha, onde metade do preço é o valor cobrado pela Petrobrás nas refinarias, e também já aumentou 40%.
Os reajustes são justificados pela gestão da empresa como sendo “inevitáveis”, por causa do aumento do petróleo no mercado internacional, da cotação do dólar e dos custos de internalização. No entanto, a diretoria da empresa não conta que produz em suas refinarias no país entre 80% a 90% dos derivados de petróleo que a população brasileira consome, e em grande parte usando petróleo nacional, produzido no país.
Por que referenciar preços única e exclusivamente pelo mercado internacional? Para garantir lucros e farta distribuição de dividendos para acionistas da Petrobrás. Em 2021, serão R$ 41 bilhões – dos quais pelo menos R$ 12 bilhões vão para investidores estrangeiros, recursos que sequer ficarão no país. Ganham os acionistas, perde a população brasileira.
A gestão da Petrobrás também não explica por que não utiliza suas refinarias em sua capacidade máxima de produção. O fator de utilização dessas plantas tem ficado em torno de 75%. E isso abre caminho para os importadores – que pressionam por aumentos. Ganham os importadores, perde a população brasileira.
A gestão da Petrobrás também não mostra que a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), cobrado pelos estados sobre os combustíveis, permanece a mesma há anos. E que sua incidência se dá em valores que se baseiam sobretudo no preço cobrado pela empresa nas refinarias. Por mais que se deva discutir a tributação no Brasil, culpar o ICMS pela escalada de preços é mentiroso.
Entretanto, a maior perversidade que a política de reajuste de preços adotada pela gestão da Petrobrás desde outubro de 2016 se dá no momento com o diesel. Usado pelos caminhões, seu preço impacta os fretes e, por consequência, os preços de alimentos e produtos. Produtores do agronegócio já reclamam de reajustes de 50% no frete – e esse aumento vai parar nos supermercados e nas feiras livres. Os preços do arroz, do feijão, da carne, não param de subir. E a diretoria da Petrobrás finge que isso nada tem a ver com ela.
Outra maldade da gestão da Petrobrás se dá no gás de cozinha. As notícias sobre mortes e ferimentos pela substituição do gás por álcool, uma atitude desesperada das pessoas para poderem cozinhar, é crescente. Fora quem está usando lenha, não por escolha, mas por ser a única opção, por não terem como pagar pelo gás de cozinha.
Portanto, a gestão da Petrobrás ilude a população brasileira ao dizer que não tem culpa sobre o que está acontecendo. Como a maior empresa controlada pelo governo do país, responsável pelo abastecimento e pela oferta de produtos essenciais, a Petrobrás tem, sim, um importante papel social. No entanto, a gestão da empresa alimenta o caos, pressionando a inflação, desfazendo-se de ativos importantes e aumentando, assim, o desemprego, e com isso reduzindo ainda mais a renda de brasileiras e brasileiros.
Isso Silva e Luna não mostra.
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