Obrigação x Bem-Estar: voltar ao normal pós pandemia, pode não ser tão fácil
Os números da pandemia no Brasil começaram a dar uma trégua. A grande parte das cidades brasileiras estão, a cada dia, tendo redução de novos casos e consequentemente de óbitos, até mesmo porque avança-se a vacinação. Com esses números, as cidades vivem um relaxamento dos decretos, voltando aos poucos a normalidade, com atividades presenciais, festas e encontros.
Com essa nova realidade e ainda precisando de cuidados, uma vez que a população adulta ainda não está 100% imunizada e os adolescentes ainda estão expostos, alguns cuidados são necessários. Ainda existe uma parcela de brasileiros que não se sente à vontade em retornar a vida normal, frequentando bares, restaurantes e nem mesmo escolas e ambientes empresariais. Segundo a psicóloga clínica Luciana Deutscher, a importância nesse momento é buscar o equilíbrio. “Se os sentimentos não estiverem atrapalhando a vida, ou seja, a pessoa esteja produzindo no trabalho ou na escola, e esteja bem, não há motivo para o retorno forçado”, explica.
As mudanças que vivenciamos nesses meses foram brutais. “Da noite para o dia passamos do atendimento presencial para o remoto, diversas adaptações foram feitas para que o trabalho continuasse. Nos adaptamos a uma nova rotina. Vivenciamos altos e baixos da pandemia e uma discussão e espera pela vacina de forma cruel”, relembra Luciana. Muitas pessoas já eram adeptas ao Home Office, outras experimentaram pela primeira vez durante esses últimos meses. “Temos profissionais que se adaptaram muito bem a esse novo modelo de trabalho, outros de maneira alguma. Por isso, agora é o momento das empresas, das escolas flexibilizarem essa questão do presencial ou remoto. Uma volta desconfortável é redução de produtividade, aumento do stress e da ansiedade”, alerta.
O pensar coletivo deve ser um dos maiores aprendizados dessa pandemia, seguido da empatia. “Sempre temos que ter em mente, que em diversas situações, não apenas numa pandemia, teremos pessoas que estarão muito bem e outras não. E se levarmos para o âmbito empresarial, teremos funcionários que estão produzindo bem de forma remota – até mais que o previsto, e no presencial sentem-se improdutivos. As empresas vão precisar, a partir de agora, valorizar a questão do bem-estar, onde seus funcionários produzam de maneira feliz e principalmente onde são eficazes. A tecnologia foi uma grande aliada e continuará sendo”, reforça Luciana.
“O novo normal que tanto foi citado em 2020 não se refere ao fato do uso de máscara, álcool e gel e distanciamento social. Mas sim, uma nova realidade de respeito aos sentimentos do outro e ao bem-estar”, alerta a psicóloga. Segundo ela, precisamos mais do que nunca encontrar um equilíbrio nas relações empresariais, sociais e familiares. “Não julgar é essencial. Não havendo impedimento do governo, nem de decretos estaduais e municipais, o respeito deve ser fundamental. Se a pessoa se sente bem saindo, frequentando locais e confraternizações permitidas deve ter o mesmo respeito daquela que ainda não está confortável para as convivências sociais. É a premissa de sempre, respeitar para ser respeitado”, lembra.
As dúvidas em relação a Covid vão continuar existindo. Sejam pelas novas variantes, novas contaminações e quem sabe, numa próxima onda. “Ainda vivemos momentos incertos em relação ao coronavírus e a dualidade do ser positivo a determinadas situações ou ser negativo a elas, permanecerá, como sempre esteve presente. São formas diferentes de olhar para uma situação”, comenta Luciana.
No caso, do incômodo ser grande em relação às exigências de um retorno presencial, e isso estar gerando um descompasso, e não havendo condições de diálogo, é necessário buscar orientação especializada. “Procure um psicólogo para trabalhar com essas questões que afligem, pois é importante trabalhar com a saúde mental. Precisa baixar o nível de ansiedade e trabalhar as incertezas, pois alguns cenários, precisamos conviver”, finaliza.
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