Projeto BemViver capacita agentes diocesanos de inclusão para apoiar pessoas com deficiência na busca por emprego
Iniciativa reúne diversas instituições e visa fomentar a participação social de 300 pessoas com deficiência em Santarém (PA) e arredores, além de incluir no mercado de trabalho cerca de 100 jovens com deficiência física
O projeto Bem Viver - Agentes Diocesanos de Inclusão, fruto de parceria entre a Brasa (Brasil, Saúde e Ação - Cooperar para Incluir), Aifo (Associação Italiana Amigos de Raoul Follereau - responsável pelo projeto), Instituto Jô Clemente (antiga Apae de São Paulo), Adefis (Associação dos Deficientes Físicos de Santarém) e Cheisa Cattolica (Conferência Episcopal Italiana), encerra o ano com 20 agentes diocesanos de inclusão capacitados para apoiar, por meio de projetos de inclusão social e promoção de autonomia, pessoas com deficiência física que buscam emprego em Santarém (PA) e cidades vizinhas.
A iniciativa, que deve ter duração de três anos, atua na perspectiva cultural e de ação sócio inclusiva, com o intuito principal de contribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas com deficiência, investigando sobre as possibilidades de desenvolvimento social existentes em Santarém, visando criar possibilidades futuras.
O objetivo é fomentar a participação social de 300 pessoas com deficiência na região, além de incluir no mercado de trabalho cerca de 100 jovens com deficiência física. Ao longo dos próximos dois anos, mais 40 Agentes Diocesanos de Inclusão Social serão capacitados e treinados, instituindo uma rede de pesquisas e informações acerca da pessoa com deficiência na arquidiocese de Santarém, para atuarem diretamente com as famílias e a comunidade, através de visitas domiciliares para o atendimento às pessoas com deficiências e suas famílias, na organização de cursos de formação profissional para essas pessoas e na inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, por meio da criação de uma cooperativa de ADIs - Agentes Diocesanos de Inclusão.
Segundo Stefano Simoni, Coordenador geral da BRASA e do projeto, o projeto Bem Viver é muito importante, pois propõe uma prática inovadora e desafiadora, que visa gerar um impacto positivo e duradouro na vida de tantas pessoas com deficiência e suas famílias. "É inovadora, porque queremos contribuir a ir além do padrão assistencialista que ainda está muito presente na sociedade. É também desafiadora, porque buscamos proporcionar não somente oportunidades concretas de formação profissional para as pessoas com deficiência que participam do Bem Viver, mas também efetivar a inserção no mundo do trabalho (ou melhores possibilidades de emprego para quem já trabalha), por meio da prática, inédita em Santarém, da metodologia do emprego apoiado, que provou a sua eficácia em inúmeras experiências do Instituto Jô Clemente, parceiro fundamental deste projeto", diz.
Para Márcia Pessoa, orientadora de inclusão profissional no Instituto Jô Clemente, projetos como esse deveriam ser replicados em todo o país. "Nós usamos, no Instituto Jô Clemente, a metodologia do Emprego Apoiado e já inserimos em mais de 50 empresas e órgãos públicos cerca de 2.500 pessoas com deficiência intelectual desde 2013. Essas pessoas apresentam um desenvolvimento muito superior ao visto em quem tem alguma deficiência e não tem a oportunidade de ter uma vida ativa", diz. "Quanto mais nós estimularmos as pessoas com deficiência, especialmente por meio do trabalho, mais elas serão independentes, autônomas e longevas, por isso é de extrema importância que empresas, instituições e o poder público adotem esses projetos como exemplo", completa.
Entende-se por pessoa com deficiência, conforme a Lei Brasileira de Inclusão (LBI) nº13.146 de 6 julho de 2015, Art. 2º, "aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas". A LBI tem como base a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, ratificados pelo Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo nº 186, de 9 de julho de 2008, é um marco para muitos militantes da justiça e equidade sociais e para seu público destinatário.
Legalmente, pessoas com deficiência deveriam ter acesso à educação básica, superior e ao trabalho amparadas pela Lei de Cotas (Lei nº 8213, de 24 de julho de 1991). De acordo com o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2010, há cerca de 45 milhões de pessoas com deficiência no país, das quais 31 milhões têm idade para ingressar no mercado de trabalho (dados do IBGE de 2016). Apesar disso, dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) de 2018 indicam que aproximadamente 441 mil estão empregadas pela Lei de Cotas e ainda há quase 400 mil vagas desocupadas. Em Santarém, segundo os participantes do projeto que conhecem pessoas com deficiência, 64,9% delas trabalham de forma autônoma, 29,9% são profissionais contratados por empresas (celetistas) e apenas 23,3% são funcionários públicos.
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