Empreender em momentos de crise no trabalho, na vida pessoal, na economia

“"Faça o teu melhor, na condição que você tem, enquanto você não tem condições melhores para fazer melhor ainda!", Mário Sergio Cortella, filósofo, escritorLocal: São Paulo, SP

Estamos vivendo um momento no Brasil de crise, quem nunca ouviu falar disso?

É crise econômica, política, crise nas empresas, aumento do desemprego, crise moral e de valores. Acordamos com essas informações nos noticiários, nas conversas no almoço e no happy hour após uma semana de trabalho exaustivo.

Somos bombardeados por novos escândalos, novas investigações, novos atentados, novos casos de preconceitos, a desigualdade social ainda é muito grande no mundo, assim como a fome.

Fazer tudo no automático todos os dias, sem questionar, é viver um processo de alienação instaurado por algumas instâncias da sociedade. Levantamos, trabalhamos, comemos, reproduzimos, e tudo isso não faz sentido em nossa vida, tudo isso se refere ao modo de pensar que se impõe ao indivíduo sem que ele participe dessa estruturação de vida, como se ele não pudesse escolher.

Isso me remete ao Mito de Sísifo – Sísifo, condenado pelos Deuses a receber um castigo, deveria rolar uma enorme pedra morro acima, até o topo. Chegando lá, o esforço o deixaria tão exausto que a pedra se soltaria e rolaria morro abaixo. No dia seguinte, o processo se daria novamente, e assim, pela eternidade, como forma de envergonhá-lo pela sua esperteza em querer enganar os deuses e a morte.

Se nos deixarmos levar por todas essas informações e por esse modelo de seguir a vida de forma automática, é bem possível que entraremos em crise e abriremos falência emocional, precisamos ter algumas questões em nossa vida bem estruturadas.

Nós somos seres humanos, providos de inteligência, temos a capacidade de compreender e resolver novos problemas e conflitos e de nos adaptarmos a novas situações, promovendo sempre um questionamento até formarmos nossas próprias opiniões, verdades e objetivos.

A forma pela qual olhamos nossas vidas faz toda a diferença, o olhar de um modo positivo e criativo, mesmo em momentos de crise, é o que nos deixa prontos para tomar decisões, de abrir um negócio ou de mudar a área de atuação do nosso negócio.

Como diz o filósofo, escritor e educador, Mário Sergio Cortella, "Faça o teu melhor, na condição que você tem, enquanto você não tem condições melhores para fazer melhor ainda!". Se você se contenta em fazer o possível, você é uma pessoa medíocre.

No mundo dos negócios não temos tempo para sermos medíocres, temos que fazer o melhor, mesmo nas adversidades.

O que faz com que você se torne uma pessoa que se destaca no mundo é o esforço que você deposita para alcançar seus objetivos, é sua vontade de vencer, seu foco, sua perseverança e paixão pelo que faz.

O insucesso pode ocorrer, mas, ele deve ser visto como uma oportunidade para construir uma nova história.

O que podemos fazer para minimizar o insucesso? Planejamento! De forma consistente e inovadora, olhar para o seu negócio de maneira neutra e enxergar todas as suas potencialidades e tudo que precisa ser transformado. Sugiro que comece com a elaboração do Modelo de Negócio Canvas, momento para ser dividido com sócios e funcionários. Monte uma equipe para participar desse planejamento, mais pessoas que conheçam o seu negócio pensam melhor do que uma pessoa, e com isso você valoriza e potencializa o capital humano da sua empresa.

No processo de construção do Canvas é importante utilizar o “Mapa da Empatia”. Ele faz parte do Canvas e ajuda a identificar quem são seus clientes, a se colocar no lugar deles. Você precisa responder a algumas perguntas, (O que ele vê? O que ele pensa? O que ele ouve? O que fala? O que faz? Quais são suas dores? Quais suas necessidades?). Se você não conseguir responder a todas essas perguntas você não conhece seu cliente. Além de fidelizar esses clientes você pode corrigir falhas que muitas vezes você não conseguia ver.
Em um segundo momento coloque em prática e teste todos os quadros do Canvas, e se algumas coisas não derem certo, mude. Eis o momento de experimentar novas opções e de inovar para minimizar riscos de insucesso.

Agora, seguem algumas histórias inspiradoras e reais de empresas que se reinventaram ou que surgiram em momentos de crise.

Na devastada Itália da pós-Segunda Guerra, o cacau sumiu dos campos. Então, um confeiteiro da região do Piemonte, Pietro Ferrero, criou um creme mais em conta, de avelã, açúcar e uma pitada de cacau. Com o sucesso da receita o negócio cresceu. No período de 2013/2014, o grupo detentor da marca Nutella registrou um faturamento crescente de 8,4 bilhões de euros.

A procura pelo café no início dos anos 1930 caiu consideravelmente em todo o mundo, prejudicando os produtores do Brasil que, à época, tinha a maior produção do grão no planeta. Milhões de sacos de café estragados estavam sendo destruídos, até que a Nestlé teve a ideia, a pedido do governo brasileiro, de fazer com o produto o que já fazia com o leite: transformá-lo em pó. A intenção era torná-lo mais durável. O lançamento foi em 1938, alcançando rápido sucesso na Europa. Os produtores de café torrado e moído fizeram grande pressão contra o novo produto, mas não adiantou. Atualmente, Nescafé é a marca mais valiosa da Nestlé.

A história da Localiza mostra a capacidade de um empreendedor que tem uma visão a longo prazo. Considerada, atualmente, a maior locadora de automóveis da América Latina, a empresa surgiu em meio à crise do petróleo. Em 1973, José Salim Mattar Junior iniciou o negócio com seis Fuscas, em uma época em que não era aconselhado investimento em automóveis, por conta da explosão do preço dos combustíveis. A estratégia adotada foi oferecer um bom serviço, mesmo com as adversidades. Em 1979, na segunda crise do petróleo no Oriente Médio, o empresário, ao invés de segurar o capital, expandiu a marca para Vitória. Depois, a empresa chegou ao Nordeste, sempre comprando locadoras de carros locais, pois, além de evitar dificuldades operacionais, herdava frota e cadastro de clientes. A Localiza tem ações na Bolsa de Valores de São Paulo desde 2005 e está presente em 372 cidades de nove países.