Como investir com taxas de juros de um dígito no mercado brasileiro, por Dennis Kac, CFA da Brainvest
Como serão os investimentos em um cenário nacional a juros de um dígito. O que os investidores devem fazer e para onde devem mirar suas alocações são alguns dos pontos levantados neste artigo escrito por Dennis Kac, CFA, da Brainvest.
“Levando em consideração este novo patamar de juros, o custo de oportunidade torna-se significativamente menor, aumentando o apetite a risco do investidor, sem contar a busca por ativos que não sejam indexados ao CDI.
Depois de cinco anos de juros estratosféricos sem equivalência no mundo, o Brasil se prepara para voltar a taxas de juros nominais de um dígito. As implicações dessa “nova era” são várias, mas para perceber o que isto significa, primeiro temos que analisar o que está acontecendo economicamente, tanto no cenário externo quanto no interno, bem como a interação entre ambos cenários. É muito importante entender esta equação, uma vez que, obviamente, a situação econômica internacional tem grande impacto na nossa esfera nacional.
Atualmente, observamos uma sincronização de crescimento mundial: tanto os países desenvolvidos como os emergentes têm apresentado melhora nos indicadores de confiança e crescimento.
Na conjuntura dos países desenvolvidos, o que chama atenção é a retomada saudável da inflação, que atingiu os níveis esperados pelos bancos centrais, dissipando o risco de deflação. Soma-se a isso uma política monetária ainda acomodatícia e temos um ambiente muito favorável para os mercados de risco.
Outro ponto a ser considerado são as variantes desta trajetória otimista. O que podemos esperar como componentes de risco são surpresas negativas nas eleições europeias ou até mesmo uma desaceleração mais forte da China, impactando o preço das commodities.
Já no cenário doméstico, os empresários e consumidores brasileiros apresentam melhora na confiança da economia, a inflação mostra sinais de estabilidade em níveis próximos ao que o Banco Central Brasileiro objetiva e, depois de muitos anos sem mexer em certas searas, começamos uma discussão mais assertiva sobre as reformas estruturais com o propósito de colocar o Brasil novamente no caminho do crescimento sustentável.
Certamente que, em se tratando de Brasil, sempre paira certa incerteza no ar. Neste caso traduz-se por uma possível desfiguração dessas reformas, principalmente a da previdência, que pode ser aprovada com alterações profundas em relação ao texto original, colocando em risco esta perspectiva otimista em relação ao futuro do País.
No entanto, o contexto geral nos leva a crer que muito em breve teremos taxas de juros de um dígito. Apesar destas boas notícias, muitos investidores continuam céticos e nos questionam: Por que a queda de juros atual será diferente do movimento ocorrido em 2012, quando os juros caíram significativamente e logo em seguida voltaram a subir?
Bem, os fundamentos da economia brasileira em 2012 eram muito distintos dos verificados atualmente e podemos citar três fatores relevantes: o desemprego era muito baixo, o crédito era abundante e os gastos públicos cresciam consistentemente acima da inflação. Hoje as taxas de desemprego estão extremamente altas, o crédito é escasso e os gastos públicos não podem crescer mais do que a inflação do ano anterior (graças a PEC do teto dos gastos públicos).
Todos esses fatores criam um ambiente deflacionário que abre caminho para que o Banco Central corte as taxas de juros de maneira agressiva.
Levando em consideração este novo patamar de juros, o custo de oportunidade torna-se significativamente menor aumentando o apetite a risco do investidor, sem contar a busca por ativos que não sejam indexados ao CDI. Para exemplificar, podemos citar títulos prefixados ou indexados à inflação, fundos multimercados e renda variável.
O papel de um bom gestor é antecipar estes movimentos, posicionar o portfólio dos clientes e saber explicar de uma maneira objetiva o racional por trás destas alocações.
Para ilustrar esta realidade, vamos analisar o panorama dos retornos em 2016 de algumas classes de ativos supracitadas:
• Títulos Prefixados 23%
• Títulos Indexado a inflação 25%
• Renda Variável 39%
Considerando um CDI de 14% em 2016, o investidor que não se posicionou para este cenário de queda significativa das taxas de juros, acabou deixando um bom dinheiro na mesa.
Esta nova realidade deixará cada vez mais evidente a importância de uma Boutique de Investimentos, com uma equipe de gestão profissional e sem conflito de interesses, que pode resultar positivamente no portfólio dos investidores.
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