O Maersk Alabama foi construído no estaleiro de construção naval de Taiwan, do Conglomerado de Construção Naval da China. O navio mede 155 m de comprimento, com capacidade para mais de 14.000 toneladas brutas e 17,375 DWT, com velocidade média de 18 nós e tripulação de 21 membros. Navega principalmente entre as rotas de água leste-africanas que passam por países como o Quênia e a República do Djibouti. Embora à primeira vista, a rota parece ser fácil de atravessar, a presença de piratas perto da Somália aumentou a ameaça do transporte marítimo internacional nessa região.
No mês de abril de 2009, apesar de vários protocolos de segurança e orientações fornecidos ao Alabama MV sobre o perigo predominante de passar pelo perigoso Golfo de Áden, norte da costa da Somália, o navio que havia partido de Salaha, em Omã, na Península Arábica e transportava 17 mil toneladas de cargas para variados destinos, entre eles Quênia, Somália e Uganda, foi atacado por um grupo de quatro piratas que dominaram os membros da tripulação, e usaram também o capitão da embarcação como garantia de resgate. Anteriormente a esse caso, o navio sofreu quatro tentativas de sequestro em dois anos. Embora os piratas foram impedidos de tomar refém a embarcação e seus membros da tripulação nas tentativas anteriores, havia um risco enorme da vida do capitão da embarcação que foi capturado pelos sequestradores enquanto navegava em um distância de cerca de 450 quilômetros da linha de água somali.
O sequestro do Maersk Alabama tornou-se um tema intenso de debate e discussão, considerando que foi o primeiro navio dos Estados Unidos a ser mantido por sequestradores somalis. No dia 8 de abril de 2009, sob o comando do militar Francis Xavier “Frank” Castellano, o destroyer da classe Arleigh Burke, pertencente a Marinha de Guerra dos Estados Unidos, USS Bainbrigde, juntamente com a Fragata USS Halyburton, foi acionado para iniciar a operação de resgate do navio e seus tripulantes. A operação de resgate foi um sucesso, os atiradores a bordo do Bainbridge atiraram com êxito e executaram três dos piratas. Após horas de negociações, a Marinha, com a ajuda de um tradutor (Omar Berdouni), convenceu Abduwali a embarcar no contratorpedeiro, onde os anciãos de sua tribo logo estariam para conversar com ele. O líder dos piratas, então, decidiu ir a bordo do USS Bainbridge, lá ele submeteu-se à assistência médica e, em seguida, foi detido e o capitão do Maersk Alabama foi libertado.
Após esse ato de pirataria, no mês de novembro do mesmo ano, outro sequestro foi frustrado pela vigilância dos sentinelas a bordo de um navio da linha Maersk. Em setembro de 2010, outra embarcação da Maersk foi vitima de uma tentativa de sequestro e nos meses de março e maio de 2014, ocorreram mais duas tentativas fracassadas de captura de navios.
Em abril de 2015, os membros da tripulação da embarcação Maersk Alabama apresentaram uma petição junto a um tribunal morte-americano e pedem uma reparação financeira ao ato de pirataria praticado contra o navio. As reclamações judiciais são contra os armadores, a companhia marítima Moller-Maersk e sua subsidiária Maersk Shipping Company, e aos operadores. O capitão do navio, porém, não é nomeado no litígio para ser parte da demanda dos reclamantes que pedem uma recompensa financeira que pode atingir meio bilhão de dólares.
Filme Cap Phillips
Inspirado na narrativa do capitão Richard Phillips, e de sua experiência angustiante quando foi levado e mantido refém por piratas somalis durante o sequestro do navio porta-containers Maersk Alabama, foi produzido o filme Cap Phillips. O filme é dirigido por Paul Greengrass, a partir de um roteiro escrito por Billy Ray baseado no livro “A Captain’s Duty: Somali Pirates, Navy SEALs, and Dangerous Days at Sea”, teve o ator Tom Hanks no papel do capitão Phillips, foi um grande sucesso e teve várias indicações ao Oscar.
Aparecido Mendes Rocha, especialista em seguros internacionais