Terceirização e política, arte de superar problemas
A terceirização do trabalho foi posta em pauta em momento inoportuno e inadequado, uma vez que empregados e empregadores estão a postos para discutir a reforma trabalhista.
Somos contrários a qualquer tipo de terceirização, porque o homem, na sociedade capitalista, fica ainda mais alienado. Portanto, nossa oposição é filosófica.
Ocorre que os fatos estão aí. Dois projetos de lei, um no Senado e outro que já passou pela Câmara, por maioria apertada de parlamentares. As entidades de representação de trabalhadores já registraram, junto ao presidente Temer, sua oposição à terceirização incondicional, incluindo-se as atividades fins.
A pequena margem de votos na Câmara e a oposição da classe trabalhadora leva qualquer político a rever suas posições. Cremos que Temer não o deixará de fazer.
Entre tese e antítese, ficará com proposição de síntese, que consistirá num balanceamento equitativo entre ambos os projetos, considerados os interesses das partes envolvidas.
Enfim, nem um nem outro projeto, mas um terceiro ou - quem sabe - uma medida provisória de composição.
O que, neste momento de austeridade necessária, se apresenta como extremamente mal é o confronto ideológico, por consequência superficial, posto que rígido; não há espaço para concessões e soluções negociadas, como sempre foi próprio no campo das relações entre o capital e o trabalho.
Assim virá a terceirização no Brasil, como é próprio das democracias, não envenenada por inimigos político-partidários. Basta o bom senso dos verdadeiros interessados e quem cabe a última palavra no processo legislativo, no qual a votação na Câmara foi apenas um dos passos - e trôpego. Como dizia o filósofo Vicente Mateus, o jogo só acaba quando termina.
Amadeu Roberto Garrido de Paula, é Advogado e sócio do Escritório Garrido de Paula Advogados, com uma ampla visão sobre política, economia, cenário sindical e assuntos internacionais.
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