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10 fatos sobre a dengue que você precisa saber

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Webinar da Associação Paulista de Medicina trouxe especialistas para debater a doença e a vacinação no Brasil

Em 2024, o Brasil já atingiu o número de mais de 2,7 milhões de possíveis casos de dengue, segundo dados fornecidos pelo Ministério da Saúde por meio do Painel de Monitoramento das Arboviroses. Desses, por enquanto, mais de 1,43 milhão foram confirmados, assim como mais de mil óbitos. Outras mais de 1500 mortes estão em investigação no momento.

Neste cenário, as vacinas contra a doença são consideradas uma prioridade em saúde pública, mas seu desenvolvimento tem enfrentado desafios por conta da existência de diferentes sorotipos do vírus. Hoje, as primeiras doses da vacina contra a dengue (QDenga) estão sendo administradas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, em 521 municípios brasileiros.

Nesse contexto, a Associação Paulista de Medicina (APM) promoveu um webinar com o tema “Dengue: Estado Atual e Perspectivas”, no qual os infectologistas Ana Sartori e Carlos Magno discutiram as últimas informações sobre a doença, sua transmissão, dados epidemiológicos e também a vacinação – as opções que estão no mercado atualmente e sendo desenvolvidas, os desafios em seu desenvolvimento e quais seriam as características da vacina ideal para a imunização eficaz contra o vírus.

Confira a seguir 10 informações apresentadas durante o webinar sobre a dengue que você precisa saber:

1) Qual a situação da epidemia de dengue no Brasil?

A grande última epidemia da doença no País aconteceu em 2015, mas houve um crescimento contínuo no número de casos a partir do ano de 2020. Hoje, estamos enfrentando mais uma epidemia de dengue, cujo epicentro é a região Sudeste, conforme explicou Carlos Magno, diretor e professor Titular da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB/UNESP), além de presidente da Sociedade Paulista de Infectologia, no webinar da APM. O especialista afirmou que, de acordo com estudos, “em São Paulo, a dengue se prolifera a partir da Zona Norte, por Guarulhos, e pela Zona Oeste, a partir de Osasco, sufocando a cidade em uma progressão contígua”.

2) Como é feito o diagnóstico e tratamento dos pacientes com dengue?

Não há necessidade de exames específicos para o tratamento da doença, já que o diagnóstico clínico é baseado nas manifestações apresentadas. No entanto, também existem técnicas laboratoriais para identificação do vírus (até o 5° dia de início da doença) e pesquisa de anticorpos (a partir do 6° dia de início da doença).

Os quadros de dengue são divididos em escalas que vão de A a D, de acordo com a classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS), sendo A os casos menos graves e sem sinais de alerta e D os casos de pacientes mais graves que precisam de internação e podem correr risco de morte. O diagnóstico é feito por profissionais da Saúde. Entenda quais são os procedimentos para cada caso da doença, de acordo com sua gravidade:

Dengue tipo A → Os sintomas são leves, portanto, o paciente pode permanecer se recuperando em casa;
Dengue tipo B → O paciente deve receber hidratação com o auxílio do profissional de Saúde que, por sua vez, deve checar o hemograma do paciente. A partir dos resultados do exame, é verificada a possibilidade de o paciente receber alta;
Dengue tipo C → O paciente necessita de internação hospitalar;
Dengue tipo D → Casos graves, em choque, que precisam de acompanhamento na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).

Carlos Magno aponta que frequentemente pacientes que apresentam casos tipo C, que precisam de internação e cuidados especiais, são confundidos com casos do tipo B e mandados para casa. É o que os especialistas chamam de “perda de oportunidade” – um diagnóstico errado que pode levar à piora do caso e, eventualmente, pode até mesmo evoluir para óbito. De acordo com um levantamento realizado em 2015 no município de São Paulo, de 23 mortes por dengue, houve claramente perda de oportunidade de identificar e tratar a doença da forma correta em 10 desses casos.

O tratamento é baseado principalmente na hidratação. Em casa, é recomendado que o paciente siga algumas orientações:

Repouso;
Ingestão de líquidos;
Não se automedicar e procurar imediatamente o serviço de urgência em caso de sangramentos ou surgimento de pelo menos um sinal de alarme;
Retorno para reavaliação clínica conforme orientação médica.

3) Quais são os perfis de pessoas que se enquadram nos chamados grupos de risco?

Os grupos de risco, que necessitam de mais atenção em relação à doença, são compostos por:

Idosos;
Pessoas com insuficiência cardíaca ou renal;
Pessoas com distúrbios de coagulação;
Gestantes e lactantes;
Crianças de até 2 anos de idade.

Pessoas com comorbidades e portadores de doenças crônicas, como hipertensão cardíaca e diabetes também podem contrair casos mais graves da doença.

4) Quais são as pessoas que correm mais risco de morte se pegarem dengue?

Além dos grupos de risco, indivíduos que pegam dengue pela segunda vez (de um subtipo viral diferente da primeira infecção) correm mais risco de terem casos graves da doença, que podem evoluir a óbito.

Pesquisas mostram que os países da América Latina que tiveram mais epidemias de dengue são os que têm mais riscos de casos graves e mortes. Isso porque, como já aconteceram em outras epidemias, o risco de reinfecção da população é maior. Além disso, um mapeamento apontou que mais mortes por dengue foram registradas em homens, idosos e pessoas com comorbidades. Populações em situação de pobreza e vulnerabilidade social, com dificuldade de acesso ao sistema de saúde e de saneamento básico, também são mais suscetíveis a óbito.

5) Por que os casos de reinfecção representam mais riscos ao paciente com dengue?

Existem quatro sorotipos virais e, quando uma pessoa adquire infecção por um deles, cria imunidade pela vida toda apenas contra aquele sorotipo específico. No entanto, caso contraia os demais tipos do vírus em uma segunda infecção, o paciente corre o risco de desenvolver um quadro mais grave da doença.

Isso acontece porque, após a primeira infecção, o sistema imunológico reage normalmente, criando anticorpos para lutar contra os invasores. O problema é que esses anticorpos podem não proteger quando confrontados mais tarde com algum dos outros três sorotipos da dengue, ou mesmo com um subtipo diferente do mesmo sorotipo.

Na segunda infecção, o anticorpo reconhece o novo tipo de vírus, mas não é capaz de eliminá-lo do organismo. E então, em vez de neutralizar os vírus, os anticorpos se ligam a eles de uma maneira que os ajudam a invadir outras células do sistema imunológico e se espalharem, aumentando a carga viral e levando à exacerbação da resposta inflamatória. Essa é a chamada teoria da amplificação dependente de anticorpos (ADE - do inglês “antibody dependent enhancement”). Com a intensificação da infecção, o caso do paciente pode piorar para formas graves da doença, caracterizadas por casos de febre hemorrágica ou a Síndrome do Choque da Dengue (SCD).

6) Quais as características da vacina ideal contra a dengue?

De acordo com Ana Marli Sartori, médica infectologista e professora associada do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), a vacina ideal contra a dengue deve:

Ser segura, ou seja, ter boa tolerância e baixa reatogenicidade (capacidade de uma vacina gerar reação adversa no organismo);
Apresentar resposta efetiva e balanceada para os quatro sorotipos;
Apresentar proteção semelhante à conferida pela infecção por cada um dos quatro vírus selvagens;
Proteção de longa duração;
Não deve induzir o fenômeno de ADE: proteção incompleta contra os 4 sorotipos pode predispor vacinados a apresentarem um quadro de dengue grave, caso aconteça uma reinfecção;
Não deve interferir com outras vacinas, em especial de outros flavivírus, como o da febre amarela;
Ter o menor número possível de doses;
Ter um preço acessível.

7) O que é mais eficaz: controle do vetor ou imunização pela vacina?

De acordo com o Manual de Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue, produzido pelo Ministério da Saúde, o controle vetorial é o método mais eficiente para a contenção da doença, porém, tem se mostrado uma tarefa complexa, uma vez que depende de diversos fatores externos. Irregularidade no abastecimento de água, destinação imprópria de resíduos, condições inadequadas de habitação e até mesmo as mudanças climáticas são determinantes na dispersão da doença e do Aedes, o mosquito vetor.

Carlos Magno aponta para a falta de políticas públicas eficientes para sanar tais problemáticas e consequentemente facilitar o controle da doença, evitando inclusive o surgimento de novas epidemias. Para ele, o cenário ideal envolve a ação conjunta, isto é, realizar o controle de vetores de maneira efetiva, por meio de iniciativas coletivas e individuais com objetivo de eliminar criadouros do mosquito, e também realizar a imunização da população.

8) Qual o melhor repelente contra o mosquito da dengue?

Uma revisão sistemática feita por pesquisadores da USP e da UNESP avaliou os repelentes que estão sendo comercializados no Brasil e mostrou que os à base de DEET repeliram 99% dos vetores, enquanto a Icaridina, 93%. Ambos se mostraram mais eficazes que os produtos com IR3535 e também com citronela.

9) O que fazer em caso de suspeita de dengue?

Ao apresentar febre (39°C a 40°C) de início repentino e ter pelo menos dois dos seguintes sintomas — dor de cabeça, prostração, dores musculares e/ou articulares e dor atrás dos olhos – o paciente deve procurar imediatamente um serviço de saúde.

É necessário prestar atenção também após a febre passar. Entre o 3º e 7º dia do início da doença, a febre pode diminuir, mas sinais de alarme podem se manifestar, marcando o início da piora do quadro. Esses sinais indicam que pode estar havendo uma hemorragia e/ou extravasamento de plasma dos vasos sanguíneos.

De acordo com o Ministério da Saúde, “a dengue é uma doença febril aguda, sistêmica, dinâmica, debilitante e autolimitada”. Passada a fase crítica da dengue, o paciente entra na fase de recuperação. É necessário acompanhamento médico para garantir o manejo correto da doença.

10) Onde obter as informações mais atualizadas sobre os casos de dengue no Brasil?

Para acompanhar em tempo real a situação da Dengue no país, incluindo o número de casos confirmados, óbitos e casos em investigação, basta acessar o Painel de Monitoramento das Arboviroses, disponibilizado no site oficial do Ministério da Saúde.

Sobre a Associação Paulista de Medicina (APM)

Representante dos médicos desde 1930, a Associação Paulista de Medicina está presente em todo o estado de São Paulo por meio de 70 Regionais. Além de contribuir com a elaboração das políticas de Saúde e qualificação da assistência médica, a APM luta para valorizar o médico nos sistemas público e privado de saúde. Promove diversas atividades de educação médica continuada, como eventos científicos e o Instituto de Ensino Superior da APM (IESAPM), e oferece serviços e benefícios aos associados e sociedade, incluindo o Residencial APM e o Hotel Fazenda APM. Saiba mais no site: www.apm.org.br.

Serviço
Webinar APM
Tema: “Dengue: Estado Atual e Perspectivas”

Convidados:
Ana Sartori, médica infectologista, professora associada do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e médica assistente do Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais do Hospital das Clínicas da FMUSP.
Carlos Magno, diretor e professor Titular da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB/UNESP), além de presidente da Sociedade Paulista de Infectologia.

Apresentação: Antonio José Gonçalves, presidente da Associação Paulista de Medicina (APM)

Moderação:
Paulo Pêgo, diretor Científico da APM
Marianne Yumi Nakai – diretora Científica adjunta da APM

Assista:

https://www.youtube.com/live/GkiR6JNaUP0 


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