Abrir empresa nos EUA: especialista alerta sobre riscos que brasileiros ainda ignoram
Abrir empresa nos Estados Unidos exige preparo técnico, planejamento financeiro e atenção a riscos ocultos como variação de impostos estaduais, custos com seguros obrigatórios e barreiras culturais que ainda surpreendem empresários brasileiros
Enquanto um número crescente de empreendedores brasileiros planeja seus próximos passos de expansão até 2026, a internacionalização surge como alternativa estratégica para reduzir riscos operacionais e acessar novos mercados. No entanto, especialistas alertam que abrir uma empresa nos Estados Unidos exige planejamento técnico e conhecimento detalhado das regras locais , e os riscos ocultos podem custar caro.
De acordo com o Department of Commerce, mais de 1.200 novas empresas com participação brasileira foram registradas nos Estados Unidos em 2024, um aumento de 18% em relação a 2023. O movimento reflete uma tendência de empresários que buscam previsibilidade jurídica, estabilidade tributária e acesso a crédito em moeda forte.
Fernanda Spanner, CEO da Spanner Consulting Group e especialista em contabilidade internacional, afirma que a decisão de operar fora do país deve ser sustentada por dados concretos e análise de longo prazo. “Não se trata apenas de custo inicial. É preciso olhar para o modelo de negócio, a maturidade da operação, o mercado-alvo e o quanto o empresário está preparado para lidar com dois sistemas completamente diferentes”, afirma.
O custo médio para abrir uma empresa nos EUA varia de US$550 a US$1.500, conforme o estado e o tipo societário. A manutenção anual fica entre US$300 e US$1.000, sem incluir honorários contábeis ou impostos. No Brasil, por outro lado, o custo inicial é inferior, cerca de R$1.500, segundo levantamento do Sebrae, mas as despesas fixas mensais são significativamente mais altas devido à carga tributária e às obrigações acessórias.
“O sistema americano confia mais na responsabilidade do empresário. Ele pode abrir o negócio de forma online e começar a operar em poucos dias. No Brasil, a burocracia ainda é o principal entrave, com prazos longos e mudanças constantes de legislação”, explica a especialista.
Os Estados Unidos oferecem também incentivos fiscais que vão desde deduções de despesas operacionais até créditos para contratação de funcionários e investimentos em tecnologia. “Esses incentivos estão disponíveis até para pequenas empresas, desde que o empresário esteja bem assessorado. No Brasil, eles existem, mas são burocráticos e inacessíveis para a maioria”, acrescenta.
Apesar das vantagens competitivas, muitos brasileiros ainda subestimam riscos importantes ao expandir para o mercado americano. Entre eles, estão a variação de impostos estaduais, que pode alterar significativamente a rentabilidade; o custo de seguros obrigatórios, como saúde, responsabilidade civil e cobertura comercial; além de multas pesadas por descumprimento de normas locais.
“É um ambiente mais previsível, mas que exige preparo. Muita gente erra por achar que basta abrir a empresa para que o lucro venha rápido. A verdade é que há barreiras culturais e de idioma, e o negócio precisa de fôlego financeiro até se sustentar”, alerta Spanner.
Dados do Small Business Administration (SBA) mostram que 20% das pequenas empresas nos EUA encerram suas atividades no primeiro ano, e quase metade não ultrapassa cinco anos, taxa similar à brasileira, porém motivada por fatores diferentes. Nos EUA, falhas de planejamento e subcapitalização são os principais motivos.
Segundo a especialista, o respeito a contratos e a estabilidade jurídica são grandes atrativos do sistema americano, mas o modelo exige comprometimento e controle financeiro rigoroso. “O empresário americano sabe o que esperar. Já no Brasil, você pode montar um plano de negócio e ser surpreendido por uma nova regra tributária três meses depois”, compara.
Spanner recomenda que os empresários avaliem métricas objetivas antes da decisão: custo mensal com contabilidade e tributos, tributação sobre lucros e dividendos, tempo para começar a operar, potencial de acesso a crédito e o público-alvo, local ou internacional.
“Cada mercado tem suas vantagens. Muitos empreendedores optam por manter estruturas híbridas, no Brasil e nos Estados Unidos, para aproveitar o melhor de cada sistema. Mas isso só funciona com planejamento e orientação profissional”, conclui.
Sobre Fernanda Spanner
Fernanda Spanner é CEO da Spanner Consulting Group, referência em contabilidade, planejamento tributário e estratégias fiscais. International Business Advisor com mais de 18 anos de experiência, possui cinco escritórios nos Estados Unidos, em Nova York, New Jersey, Flórida, South Carolina e Massachusetts. É Enrolled Agent licenciada pelo IRS, credencial mais alta concedida pela Receita Federal americana, o que lhe permite atuar em âmbito federal nos 50 estados.
Compartilhe:: Participe do GRUPO SEGS - PORTAL NACIONAL no FACEBOOK...:
<::::::::::::::::::::>