Reforma tributária nos EUA muda cenário e cria oportunidades para contadores e pequenos negócios
Mudanças previstas na política fiscal americana até 2026 podem reduzir incentivos para pequenas empresas e aumentar a demanda por contadores especializados em planejamento internacional
A nova reforma tributária em discussão nos Estados Unidos promete alterar profundamente o ambiente fiscal e o comportamento das pequenas empresas nos próximos anos. As mudanças, que envolvem a revisão de créditos e deduções corporativas, devem impactar tanto empreendedores locais quanto estrangeiros, em especial os brasileiros que atuam ou planejam investir no país.
Segundo estimativas do Tax Policy Center, a revisão dos incentivos fiscais pode reduzir em US$ 180 bilhões o volume total de créditos disponíveis entre 2025 e 2030. O objetivo do governo americano é simplificar o sistema, diminuir brechas corporativas e readequar benefícios setoriais. No entanto, a medida tende a afetar pequenas e médias empresas — que representam 99,9% dos negócios ativos nos EUA, de acordo com o Small Business Administration (SBA).
Para Fernanda Spanner, CEO da Spanner Consulting Group e especialista em contabilidade internacional, o cenário exigirá adaptação e preparo técnico. “O governo americano tem reavaliado incentivos fiscais e benefícios que antes eram amplamente acessíveis. Isso exige uma atuação mais estratégica dos empresários e contadores, porque as decisões tributárias agora envolvem muito mais planejamento e análise de impacto”, explica.
Os Estados Unidos seguem como o principal destino de investimento estrangeiro direto no mundo, com fluxo de US$ 355 bilhões em 2024, segundo a Bloomberg Economics, o que representa uma alta de 9% em relação ao ano anterior. O Brasil, em contrapartida, registrou entrada líquida de US$ 62 bilhões, queda de 14% no mesmo período, de acordo com o Banco Central.
Spanner destaca que o fator determinante dessa diferença está na previsibilidade. “O empresário americano sabe o que esperar do ambiente jurídico e fiscal. Já o brasileiro, muitas vezes, precisa lidar com mudanças tributárias que entram em vigor de forma abrupta, sem tempo hábil de adaptação. Essa instabilidade é o principal freio para o investimento e a expansão de empresas nacionais”, afirma.
Nos Estados Unidos, a manutenção de uma empresa custa, em média, US$ 300 a US$ 1.000 por ano, sem contar impostos e serviços contábeis. Já no Brasil, segundo o Sebrae, o custo mensal de uma microempresa pode ultrapassar R$ 5 mil, em razão de encargos trabalhistas e obrigações acessórias. Além disso, o tempo necessário para iniciar as operações difere radicalmente: menos de uma semana nos EUA contra cerca de 40 dias no Brasil, conforme dados do Doing Business, do Banco Mundial.
“A burocracia brasileira ainda é um obstáculo real. Nos Estados Unidos, a confiança na autorresponsabilidade do empresário acelera o processo e reduz custos. Mas isso não significa que o sistema americano seja simples. Há regras específicas em cada estado, além de custos com seguros obrigatórios e conformidade regulatória que não podem ser ignorados”, alerta Spanner.
Segundo ela, a reforma em curso traz novas oportunidades para profissionais e empresas que dominam o campo da contabilidade internacional. “As alterações em créditos fiscais e incentivos exigirão atualização constante e uma visão mais global dos negócios. O profissional que compreender essas mudanças estará à frente na prestação de serviços a empresas que operam entre Brasil e Estados Unidos”, afirma.
A especialista observa que, diante da reconfiguração do ambiente tributário global, o contador ganha relevância estratégica na tomada de decisão. “O papel da contabilidade vai muito além do cálculo de impostos. Trata-se de orientar empresas sobre como crescer com segurança e eficiência em um cenário regulatório cada vez mais dinâmico”, conclui.
Sobre Fernanda Spanner
Fernanda Spanner é CEO da Spanner Consulting Group, referência em contabilidade, planejamento tributário e estratégias fiscais. International Business Advisor com mais de 18 anos de experiência, possui cinco escritórios nos Estados Unidos, em Nova York, New Jersey, Flórida, South Carolina e Massachusetts. É Enrolled Agent licenciada pelo IRS, credencial mais alta concedida pela Receita Federal americana, o que lhe permite atuar em âmbito federal nos 50 estados.
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