Riscos digitais: especialista da Penso Tecnologia explica impacto da Magnitsky nas empresas do Brasil
A dependência exclusiva de provedores globais aumenta a vulnerabilidade das organizações brasileiras
As legislações internacionais que extrapolam fronteiras podem impactar diretamente a operação de empresas nacionais. É o que acredita Erik de Lopes Morais, COO da Penso Tecnologia, empresa especializada em soluções gerenciadas de infraestrutura e proteção de dados.
Segundo ele, normas como o Cloud Act (EUA), o E-Evidence (Europa) e a Lei Magnitsky, criada inicialmente para punir violações de direitos humanos e corrupção, já demonstraram efeitos práticos sobre a infraestrutura digital de companhias em diversos países, inclusive fora da jurisdição que as instituiu.
“Recentemente, uma empresa indiana de combustíveis teve seus serviços em nuvem interrompidos pela Microsoft, após sanções europeias aplicadas contra a Rússia. A empresa não era alvo direto, mas foi afetada de forma colateral por manter relações comerciais com empresas russas. O episódio ilustra como decisões políticas podem afetar negócios globais e serve de alerta para o Brasil, que também depende fortemente de big techs internacionais”, revela Morais.
Para o especialista, o risco já não é mais teórico, uma vez que uma sanção ou medida judicial pode levar à suspensão de serviços críticos, mesmo que a empresa não tenha relação direta com o conflito ou a jurisdição envolvida. “A dependência exclusiva de provedores globais aumenta a vulnerabilidade das organizações brasileiras”, explica Morais.
Ele defende que compreender o impacto dessas legislações é essencial para o planejamento estratégico das companhias. “Nós temos auxiliado organizações a desenvolver planos de contingência, diversificação de infraestrutura e modelos híbridos de armazenamento, combinando nuvens brasileiras e soluções de backup e recuperação de desastres”, informa o COO.
Morais explica que a Lei Magnitsky, criada nos Estados Unidos para punir corrupção e violações de direitos humanos, passou a ser usada também como instrumento de sanções econômicas e tecnológicas. Ele alerta que, em um cenário em que decisões externas podem suspender serviços críticos, a dependência exclusiva de big techs aumenta a vulnerabilidade nacional, tornando indispensável discutir soberania dos dados e adotar estratégias de resiliência, com infraestrutura brasileira e planos de contingência.
Ele complementa que o Brasil avançou no debate sobre privacidade com a LGPD, mas ainda precisa ampliar a visão para riscos internacionais. “Garantir segurança digital hoje não é apenas proteger contra ataques cibernéticos, mas também contra decisões externas que fogem do nosso controle”, finaliza ele.
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