Em pleno Outubro Rosa, uma tecnologia de origem israelense ganha espaço no Brasil e oferece um novo caminho para mulheres com câncer de mama em estágio inicial. A crioablação, procedimento que congela e destrói tumores malignos de até 2 cm sem a necessidade de retirar a mama, é guiada por imagem, realizada com anestesia local e, em geral, sem internação hospitalar, vem sendo considerada por especialistas como um dos avanços mais promissores no cuidado do câncer de mama, com potencial de reduzir a agressividade do tratamento, preservar a mama e minimizar o impacto emocional.

Para dimensionar a relevância do tema, o Instituto Nacional de Câncer estima 73.610 novos casos de câncer de mama por ano no Brasil no período de 2023 a 2025. Em escala global, o GLOBOCAN 2022 aponta cerca de 2,3 milhões de novos casos anuais. No país, o câncer de mama é a principal causa de morte por câncer entre mulheres.

Na prática, o médico insere uma agulha fina sob ultrassom ou outra modalidade de imagem e promove um congelamento controlado que forma uma “bola de gelo” ao redor do tumor, poupando tecidos saudáveis. Por ser percutânea e precisa, a técnica costuma gerar menos dor, deixar cicatriz discreta e permitir retorno mais rápido à rotina. No Brasil, a solução está disponível por meio da KTR Medical, distribuidora do sistema israelense IceCure, que apoia a capacitação de equipes e a difusão de protocolos assistenciais. “Queremos que mais mulheres tenham acesso a essa possibilidade. Outubro Rosa é também sobre isso: levar informação e abrir caminhos para alternativas que mudam vidas”, reforça Leandro Najfeld, Diretor de Operações na KTR Medical.

Especialistas destacam o equilíbrio entre resultado clínico e experiência humana. Para a mastologista Vanessa Sanvido, “é um tratamento que une eficácia médica e sensibilidade humana. Muitas mulheres podem seguir suas vidas preservando a feminilidade e a confiança em si mesmas”. A perspectiva é compartilhada pelo radiologista intervencionista Dr. José Hugo Luz, chefe do Serviço de Radiologia Intervencionista do INCA e vice-presidente da SOBRICE: “A crioablação entra como ferramenta auxiliar, com baixa agressividade e recuperação acelerada. Devolver a paciente rapidamente à sua casa e à sua vida faz diferença.” Na visão do cirurgião geral Dr. Luciano Eifler, a inovação preserva saúde, identidade e autoestima. Quando tecnologia e boa prática clínica se encontram, a esperança vira plano de cuidado”.

Os relatos de pacientes ajudam a dimensionar o impacto. Terezinha Maria da Silva, quando descobriu o câncer, disse: “não, isso não é para mim.” Fazer o procedimento foi um alívio. “Não senti dor alguma”, relatou. Eliana Kouri, também diagnosticada em estágio inicial, descreve a crioablação como um tratamento inovador que a manteve confiante e reforça a importância do diagnóstico precoce: “Não tenha medo do desconhecido, porque o desconhecido também pode ser bom, como a crioablação”.

A indicação, reforçam os médicos, é sempre individual e construída com mastologia, oncologia e radiologia intervencionista. “Somos melhores quando atuamos em conjunto”, reforça o Dr. José Hugo Luz. Em geral, considera-se tumor pequeno, baixo risco oncológico e condições anatômicas favoráveis, critérios que andam lado a lado com a detecção precoce por mamografia e acompanhamento clínico.

Neste Outubro Rosa, a mensagem vai além da prevenção. É sobre informação, acesso e escolhas que preservam vida e autoestima. Quando a inovação certa chega às mãos de equipes preparadas, ciência e humanidade caminham juntas para devolver às mulheres aquilo que a doença tenta tirar: saúde, autonomia e esperança.

Como funciona a crioablação?

- Procedimento percutâneo guiado por imagem que congela o tumor por meio de uma sonda.

- Anestesia local em ambiente ambulatorial; alta no mesmo dia.

- Tendência a ser indolor por causa do congelamento, cicatriz discreta e retorno rápido à rotina.

Quem pode se beneficiar?

- Casos selecionados de tumores iniciais, tipicamente até 2 cm, baixo risco oncológico e anatomia favorável.

- Avaliação multidisciplinar com critérios clínicos e patológicos definidos.

- Rastreamento e diagnóstico precoce aumentam a elegibilidade.

Inovação e acesso no Brasil

- Tecnologia de origem israelense (IceCure), distribuição local pela KTR Medical.

- Programas de capacitação e suporte técnico para hospitais e equipes.

Contexto epidemiológico

- Câncer de mama é o mais incidente entre mulheres no Brasil.

- O diagnóstico precoce amplia as possibilidades de terapias conservadoras.