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Mortes por hepatite C caem 60% em dez anos no Brasil, mostra boletim oficial

  • Quarta, 23 Julho 2025 18:17
  • Crédito de Imagens:Divulgação - Escrito ou enviado por  Nataly Pereira
  • SEGS.com.br - Categoria: Saúde
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Foto: Reprodução Marinha - Saúde Naval.

Dados do Ministério da Saúde revelam avanços no tratamento e diagnóstico da doença que mais mata entre as hepatites virais.

Há dez anos, receber um diagnóstico de hepatite C era quase uma sentença de morte. Mas e se disséssemos que hoje essa realidade mudou completamente? O mais recente Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais do Ministério da Saúde traz uma excelente notícia: as mortes por hepatite C no Brasil caíram 60% entre 2014 e 2024, passando de um coeficiente que chegava a mais de 1 óbito por 100 mil habitantes para apenas 0,4 em 2024.

Publicado em julho de 2025 pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, o levantamento analisou dados de 24 anos (2000-2024) do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). A pesquisa mostra que, embora a hepatite C continue sendo a principal causa de morte entre as hepatites virais, representando 51,6% dos óbitos por essas doenças, a tendência de queda é consistente em todas as regiões do país.

"Essa redução dramática na mortalidade por hepatite C representa uma das maiores conquistas da medicina brasileira na última década. A combinação de novos medicamentos altamente eficazes, ampliação do diagnóstico e políticas públicas direcionadas transformou completamente o prognóstico dessa doença. Hoje, podemos falar em cura para mais de 95% dos pacientes que iniciam o tratamento adequado.", explica o Dr. Klinger Soares Faico Filho, médico infectologista e professor da UNIFESP e CEO do InfectoCast.

Por trás dessa transformação estão os antivirais de ação direta (DAAs), medicamentos que revolucionaram o tratamento da hepatite C a partir de 2014. Esses fármacos, disponibilizados gratuitamente pelo SUS desde 2015, conseguem eliminar o vírus do organismo em 8 a 12 semanas de tratamento, com poucos efeitos colaterais. Antes dessa revolução terapêutica, o tratamento padrão com interferon e ribavirina durava até 48 semanas e tinha taxa de cura de apenas 50%.

Entretanto, o infectologista ressalta que ainda há desafios importantes:

"Embora tenhamos excelentes ferramentas de tratamento, muitas pessoas ainda não sabem que têm hepatite C. A doença é silenciosa e pode permanecer assintomática por décadas, causando danos progressivos ao fígado. Estima-se que cerca de 70% das pessoas infectadas no Brasil ainda não foram diagnosticadas.", alerta o Dr. Klinger Faíco.

A distribuição regional dos óbitos mostra que o Sudeste concentra 55,8% das mortes por hepatite C, seguido pelo Sul (23,5%) e Nordeste (11,1%). Essa concentração reflete tanto a densidade populacional quanto fatores históricos, como o uso de seringas não descartáveis em procedimentos médicos nas décadas de 1960 a 1980, principal forma de transmissão da doença no país.

Para usufruir dos avanços no tratamento, a recomendação é simples: faça o teste. O diagnóstico da hepatite C está disponível gratuitamente em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA). O exame detecta anticorpos contra o vírus e, se positivo, é confirmado por teste molecular que identifica a presença ativa do vírus no sangue.

Grupos com maior risco devem priorizar o teste: pessoas que receberam transfusão de sangue antes de 1993, usuários de drogas injetáveis (mesmo que uma única vez), pessoas com tatuagens ou piercings feitos sem material esterilizado, profissionais de saúde expostos a material biológico e pessoas com HIV. Também é recomendado para todos os nascidos entre 1945 e 1965, período de maior exposição ao vírus.

Por fim, é importante ressaltar que a hepatite C não se transmite por abraços, beijos, compartilhamento de utensílios domésticos ou contato casual. A prevenção se baseia em evitar o contato com sangue contaminado: use sempre material descartável em procedimentos médicos e estéticos, não compartilhe objetos cortantes como lâminas de barbear ou alicates de unha, e pratique sexo seguro, com o uso de preservarivo. A detecção precoce, combinada com o tratamento adequado, pode eliminar completamente o vírus e prevenir complicações como cirrose e câncer de fígado.

Foto: Dr. Klinger Faíco, médico infectologista / Divulgação.

Dr. Klinger Faíco é médico infectologista com título de especialista pela Sociedade Brasileira de Infectologia. Doutor em Infectologia pela UNIFESP e MBA em Gestão em Saúde, atua com foco no diagnóstico e tratamento de doenças infecciosas, incluindo HIV, hepatites virais e IST’s. Além disso, o infectologista é CEO do InfectoCast, professor universitário da UNIFESP, fundador e consultor em controle de infecção hospitalar na Consultoria IRAS.


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