De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são estimados 40 mil novos casos da doença por ano, entre 2023-2025, totalizando cerca de 120 mil casos nesse período. No Hospital Amaral Carvalho, referência nacional para o tratamento do câncer, são registrados em média 500 casos por ano. Desses, a maior parte em homens, principalmente na faixa de 60 a 64 anos. Um estudo publicado pela revista britânica Cancer Epidemiology apontou ainda que a ocorrência dos carcinomas de cabeça e pescoço é consideravelmente maior em pacientes fumantes e consumidores de bebidas alcoólicas.

“O tabagismo, consumo excessivo de álcool e exposição ao sol sem protetor são alguns fatores comuns para o desenvolvimento desses tumores”, comenta o médico cirurgião de cabeça e pescoço do HAC, Cristiano Budin. No entanto, o médico explica que os fatores de risco podem variar de acordo com a localização da doença, como infecção pelo papilomavírus (HPV), má higiene oral, tabagismo e etilismo para o câncer de boca, orofaringe e laringe. Exposição prolongada ao sol é um fator de risco para o câncer de pele, enquanto as alterações da função tireoideana, inflamação crônica e histórico familiar concorrem para os tumores de tireoide.

A infecção pelo papilomavírus (HPV) tem sido responsável pelo aumento dos casos de câncer de cabeça e pescoço, principalmente na orofaringe e base de língua. E uma das formas de contágio do HPV é por meio da prática de sexo oral. “A vacina para HPV, o uso de preservativo e o acompanhamento médico e de um dentista é essencial para prevenção desse tipo de tumor”, comenta o cirurgião-dentista Giovane Furlanetto.

Sintomas e tratamento

Dificuldade para deglutir, dor, rouquidão por mais de duas semanas e aftas na boca que não cicatrizam são os sintomas mais comuns da doença. “É importante que não espere por sintomas para procurar um médico. O acompanhamento com especialista e exames de rastreio são essenciais para descoberta ainda no início, possibilitando tratamentos menos invasivos, que preservam a qualidade de vida do paciente e com maior chance de sucesso no tratamento”, completou Cristiano Budin.

O Hospital Amaral Carvalho realiza tratamento completo do câncer de cabeça e pescoço de diferentes complexidades, com aplicações de quimioterapia, radioterapia e cirurgia. A modalidade de tratamento escolhida varia de acordo com o caso e estágio da doença.

Reabilitação

Quando a doença é descoberta tardiamente, o paciente geralmente é submetido a cirurgias mais invasivas com sequelas importantes como o comprometimento da fala, dificuldade para se alimentar e respirar, impactando na saúde, qualidade de vida e convívio social dos indivíduos. Por esse motivo, o HAC possui equipe multidisciplinar completa com profissionais como nutricionista, fonoaudiólogo, odontologistas, entre outros que atuam junto aos cirurgiões de cabeça e pescoço para a detecção precoce da doença.

Foi o que aconteceu com o Abílio Cardoso Pereira, de Santa Cruz do Rio Pardo/SP. Ele descobriu um câncer de pele na orelha e iniciou o tratamento no ano passado. Passou por cirurgia oncológica, mas, devido ao comprometimento da área, precisou retirar parte da orelha. Pereira foi encaminhado para o Projeto Faces, que disponibiliza gratuitamente próteses bucomaxilofaciais 3D para pacientes que sofreram mutilação na região. Esse serviço, que não é custeado pelo Sistema Único de Saúde, é bancado pela Fundação Amaral Carvalho como um diferencial em relação aos outros centros de tratamento oncológico, para oferecer um tratamento integral e humanizado aos seus pacientes.

Prevenção

Manter a alimentação saudável e praticar atividades físicas são algumas ações de prevenção para muitos tipos de câncer, inclusive os que acometem a região da cabeça e pescoço. Além disso, é importante manter a higiene bucal, usar protetor solar e evitar cigarros, narguilé, dispositivos eletrônicos e bebidas alcóolicas. Esteja em dia com seu médico e procure atendimento caso perceba algum sintoma diferente.

O Hospital Amaral Carvalho mantém o Programa de Prevenção do Câncer de Boca, com o objetivo de detectar e diagnosticar lesões nessa região que possam ser um tumor. Pacientes com lesões na boca e lábios podem procurar a unidade às segundas-feiras (exceto feriados), das 8h às 11h para avaliação. O endereço é Rua Dona Silvéria, 150 - Portaria D. O serviço é gratuito e não necessita de agendamento.