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No olho da tempestade: é possível o contágio ocular do vírus da covid-19?

  • Terça, 22 Junho 2021 10:47
  • Crédito de Imagens:Divulgação - Escrito ou enviado por  Jessyca Souza
  • SEGS.com.br - Categoria: Saúde
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*Por Aruã Prudenciatti

Passado mais de um ano da pandemia da covid-19, já se sabe que a contaminação do SARS-CoV-2 pode acontecer através de espirros e tosse de uma pessoa contaminada. Um fator ainda é objeto de estudo dos cientistas: pode-se contrair o novo coronavírus pelos olhos? Enquanto alguns especialistas dizem que a proteção ocular é necessária, outros ainda não têm tanta certeza.

Vislumbrar a superfície ocular como mais uma das portas de entrada do vírus no organismo, além de ser biologicamente plausível, é necessário até que se prove o contrário. A vulnerabilidade está ligada ao ato de levar a mão aos olhos após tocar em superfícies contaminadas. Vou detalhar melhor. Para infectar o hospedeiro, o novo coronavírus necessita da presença de receptores chamados de ECA2 nas células as quais ele entra em contato. No geral, células do sistema respiratório possuem esses receptores em quantidade expressiva.

Em um estudo realizado por pesquisadores dos Estados Unidos, a análise da superfície ocular post-mortem de tecidos humanos revelou a presença da ECA2 no epitélio ocular, representando um forte índice da vulnerabilidade de infecção pelo olho. Seguindo-se essa linha, pesquisadores infectaram a superfície ocular de primatas com SARS-CoV-2 via superfície ocular. Após 24h, tornou-se possível a detecção do vírus por swab nasal (popularmente conhecido como teste do cotonete), indicando que o vírus havia se espalhado para outros tecidos.

Apesar dos fortes indícios da probabilidade de infecção do causador da covid-19 pelos olhos, há outras preocupações quando se fala em superfície ocular. Há diferentes populações de células no olho. Além do epitélio, conhecido como superfície ocular, existe um importante grupo: as células-tronco do olho. Elas são importantes para a ação anti-inflamatória, autorrenovação das células do olho, cicatrização de lesões da córnea e, até mesmo, a produção de componentes da lágrima, que podem ser importantes na prevenção da infecção por essa rota. Caso o vírus tivesse o potencial de se replicar e destruir as células-tronco do olho, perderíamos diversas funções importantes do globo ocular.

Um estudo brasileiro realizado por uma startup de biotecnologia em parceria com o Hospital das Clínicas da UNESP de Botucatu procurou entender se o vírus pode afetar estas células tronco. Obtendo e isolando células-tronco humanas de tecidos oculares de doadores post-mortem, seguindo-se da tentativa de infecção em laboratório pelo causador da covid-19, monitorou-se a taxa de replicação e infecção do vírus nessas células. Os resultados preliminares da pesquisa indicam que o SARS-CoV-2 tem pouco, ou nenhum, potencial de infectar e destruir células-tronco do olho, indicando que, apesar de possivelmente utilizar o globo ocular como via de entrada, pode não causar manifestações locais que resultem na morte de células-tronco como consequência de seu processo de replicação. Essa pesquisa ainda está em andamento, e alguns resultados ainda precisam ser refutados.

Muito ainda deve ser pesquisado e as manifestações oculares da covid-19 devem estar na agenda dos pesquisadores. Até o momento, um limitado número de estudos está disponível para que especialistas possam embasar opiniões sobre o contágio e as manifestações do vírus na superfície ocular, mas a ciência caminha a passos largos para entender melhor esse fenômeno e diversos artigos vêm sendo publicados sobre covid-19 de modo geral, indicando uma rápida e massiva resposta da comunidade científica. Portanto, usar a pesquisa básica para a análise das informações é que vai possibilitar a tomada de decisão de forma segura e efetiva.

* Aruã Prudenciatti é fundador e CEO da CROP Biotecnologia.

Sobre a CROP

Crop Biotecnolgia (Consumable Rengineered Organomolecules Pharming) é uma startup de biotecnologia com a missão de transformar a abordagem para doenças crônicas e de relevância, facilitando e promovendo adesão do usuário aos produtos, por meio do desenvolvimento de soluções inovadoras, trazendo a biotecnologia para perto de quem precisa, buscando solucionar os problemas atuais da área. Tem como parceiros a FAPESP, Hospital das Clínicas da UNESP de Botucatu e UNESP. Como clientes, atende Visto.bio, CAIO, DentalClean, Nchemi. 


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