A transformação digital, que antes era vista com uma tendência, virou artigo de primeira necessidade nas empresas, com a pandemia da COVID-19. O relatório da Ebit/Nielsen mostra que o isolamento social no primeiro semestre de 2020 provocou um pico nas compras online, levando 7,3 milhões de novos consumidores ao e-commerce, com crescimento de 47% no 1º semestre, maior alta em 20 anos. Segundo o consultor de negócios da ESIC Internacional, Alexandre Weiler, as empresas tiveram que correr contra o tempo para se adaptar à nova realidade, e muitas empresas acabaram saindo do papel nesse período. “A necessidade do consumidor agora tem que ser suprida dentro de casa. As aulas são online, as compras chegam no portão. A tendência, que veio para ficar, também impacta o setor de serviços. Antes o que era feito na rua, agora será cada vez mais feito dentro de casa”, afirma.

Em julho deste ano, um grupo multidisciplinar de empreendedores, composto por médicos, dentistas, advogados, administradores e investidores levantou uma questão importante na área da saúde: como unir a comodidade e a segurança do domicílio, aproveitando as novas tecnologias disponíveis? Foi desse pensamento que surgiu a GOTOX, uma startup que funciona como um “uber” do Botox: o interessado entra em uma plataforma online, escolhe o profissional e agenda a aplicação em casa, no horário e dia desejados. A empresa, que já conta com duas unidades próprias, uma em Curitiba e outra em Balneário Camboriú, além de franqueados para aplicação do produto em casa. “O mercado de beleza teve crescimento expressivo durante a pandemia. As pessoas querem cuidar da saúde e da aparência, mas ainda estão com medo de sair de casa. Acreditamos que essa seja uma tendência que veio para ficar, pela comodidade e por poder receber o serviço com a mesma qualidade, sem sair de casa”, afirma a cirurgiã-dentista, cofundadora e CEO da Gotox, Ana Carolina Campelo Prestes Accioly.

Esse novo cenário também é visto na área da medicina: consultas domiciliares e a telessaúde têm crescido a passos largos. De olho nesse crescimento, um grupo de empresários lançou um plano de atendimento domiciliar para pets. Em 2018 foram contabilizados no país 54,2 milhões de cães e 23,9 milhões de gatos, de acordo com números levantados pelo IBGE e atualizados pela inteligência comercial do Instituto Pet Brasil. O My Pet Care é uma inovação no setor, com plano único de R$ 64,90, que inclui urgências e emergências 24 horas, e também todo o tipo de atendimento que possa ser realizado na casa do tutor, como consultas, vacinas e exames, nos 365 dias do ano. “O atendimento em casa garante mais tranquilidade e conforto, não somente para o tutor, mas para o pet em si. O ambiente de um consultório veterinário pode ser muito estressante para o animal, por isso, atender no domicílio pode resultar até em uma consulta mais efetiva em muitos casos”, sentencia o diretor geral do My Pet Care, Bruno Mello Ferreira, lembrando que na pandemia os tutores se sentem inseguros de saírem de casa para levar seu pet no médico e muitas vezes, a consulta não pode esperar. A expectativa é fechar 2021 com mais de 3.200 assinantes do plano.

Impulsionado também pela pandemia, o market4u, um mercado autônomo e inteligente, instalado dentro de condomínios, sem atendentes, baseado na confiança dos moradores, teve a primeira operação em Curitiba lançada em fevereiro deste ano, e hoje, mais de 150 unidades em Curitiba e outras 200 em cidades de todo país, em menos de nove meses de funcionamento, mais de 61 mil clientes atendidos, 51 fornecedores parceiros e 257 empregos diretos gerados. “A facilidade já era procurada nos serviços e empresas antes da pandemia, porém agora as pessoas buscam também preservar a saúde. Aquele tempo que era gasto se deslocando até o mercado e os riscos de exposição ao coronavírus, são muito minimizados com a nossa solução”, comemora o CEO da startup, Eduardo Córdova.