Substância usada em tratamento de hipertensão é eficaz contra acne da mulher adulta
Publicado em junho do ano passado no Journal of Drugs in Dermatology, o estudo aponta a Espironolactona, medicamento para pressão arterial, como possível substituto dos antibióticos no tratamento contra acne em mulheres, com a vantagem de diminuir o risco de tornar bactérias mais hiper-resistentes
O tratamento da acne, orientado por dermatologistas, geralmente começa com a prescrição de cuidados tópicos diários com a pele (uso de cremes e secativos) até, em última análise, o uso oral da isotretinoína, o famoso Roacutan, em casos mais graves. Mas do início do tratamento até o uso do controverso medicamento, muitos médicos optam pela prescrição de antibióticos orais – o problema é que eles trazem uma série de desconfortos, como azia e náusea e quando suspensos, não garantem que o problema não voltará. Mas o estudo Frequency of Treatment Switching for Spironolactone Compared to Oral Tetracycline-Class Antibiotics for Women With Acne, publicado em junho de 2018 no Journal of Drugs in Dermatology, afirma que a espironolactona, um medicamento utilizado para tratamento da hipertensão, é tão eficaz quanto os antibióticos no tratamento contra a acne em mulheres. “O medicamento diminui o nível de hormônio masculino nas mulheres, ou seja, traz uma ação antiandrogênica, ajudando a controlar os hormônios relacionados à hiperatividade das glândulas sebáceas, ajudando a combater a acne”, explica a dermatologista Dra. Kédima Nassif, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
O estudo analisou dados de mais de 6.600 mulheres e meninas tomando espironolactona para mais de 31.000 tomando antibióticos. Para determinar a eficácia, os pesquisadores analisaram quantas mulheres em cada grupo haviam mudado para outro tipo de tratamento em um ano - um sinal de que o primeiro tratamento não estava funcionando. “A descoberta de pouco mais de 14% dos pacientes com espironolactona fez uma troca em comparação com pouco mais de 13% dos pacientes tratados com antibióticos contra acne”, diz a dermatologista.
Embora não haja dados precisos no Brasil sobre a prescrição de antibióticos, pelo menos nos Estados Unidos, os dermatologistas compõem menos de 1% dos médicos do país, mas prescrevem 5% de todos os antibióticos orais. O problema dessa alta taxa é a resistência antimicrobiana, com o uso duradouro dos antibióticos.
A espironolactona deve ser utilizada apenas em casos de acne da mulher adulta, segundo a médica. A substância pode ser menos arriscada ao longo do tempo, embora não seja isenta de efeitos colaterais. "Geralmente, as mulheres saudáveis tendem a tolerar bem a espironolactona segundo estudos, mas a substância tem vários efeitos colaterais em potencial, incluindo fadiga, incontinência urinária, períodos irregulares e sensibilidade mamária", diz ela. Em casos raros, também pode causar dores musculares, batimentos cardíacos irregulares e confusão, acrescenta. "Ao identificar alternativas ao uso de antibióticos para o tratamento da acne, podemos ajudar a minimizar os potenciais efeitos adversos [da resistência aos antibióticos]", diz a Dra. Kédima Nassif. Enquanto isso, certifique-se de sempre conversar com seu médico sobre os riscos de longo e curto prazo de qualquer medicamento que eles estejam prescrevendo como um tratamento para acne.
DRA. KÉDIMA NASSIF: Dermatologista e Tricologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica e da Associação Brasileira de Restauração Capilar. Graduada em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais, possui Residência Médica em Dermatologia também pela UFMG; realizou complementação em Tricologia no Hospital do Servidor Público Municipal, transplante capilar pela FMABC e em Cosmiatria e Laser pela FMABC. Além disso, atuou como voluntária no ensino de Tricologia no Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo. www.kedimanassif.com.br
Estudo: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29879250
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