Uso de IA com análise de dados para impulsionar eficiência operacional já é realidade no varejo global
Pesquisa global revela que inteligência de dados está transformando práticas no setor de varejo e bens de consumo; democratização do acesso a dados está facilitando a adoção da cultura data driven nas companhias
Grandes empresas globais de varejo e bens de consumo não estão mais apenas testando a Inteligência Artificial (IA) para otimizar as análises de dados, elas estão colocando-a em prática. Isso é o que aponta uma pesquisa que ouviu líderes do segmento em mais de dez países e que traz uma radiografia do estado atual das análises com IA e Business Intelligence (BI) no setor.
O estudo da consultoria Dúnedain Research, encomendado pela Strategy (anitga MicroStrategy) destaca que automação, agilidade e a cultura data-driven já fazem parte da rotina em empresas globais, e a democratização do acesso aos dados passou a abranger todos os níveis das companhias.
Segundo o levantamento, encomendado pela Strategy (antiga MicroStrategy), a busca por velocidade é explícita no segmento. Enquanto a tendência global de outros setores aponta a produtividade dos funcionários como principal meta, no varejo e bens de consumo o foco está nas decisões rápidas. Para 54% das empresas, o objetivo principal ao investir em IA nas análises é tornar mais rápidas e precisas as tomadas de decisões.
As outras duas prioridades indicadas por metade das organizações de varejo e bens de consumo que estão implantando IA+BI, são elevar produtividade e obter ganhos econômicos mensuráveis.
De acordo com a pesquisa, essas prioridades sinalizam que os líderes estão buscando ferramentas que, mais do que informar as decisões, também as acelerem, simplifiquem os workflows e contribuam diretamente para os resultados financeiros.
Um caso prático da ilustra esse movimento. A marca global de moda Guess, presente em mais de 90 países, trabalha diariamente com painéis de dados (dashboards) com informações em tempo real de vendas, performance de lojas e tendências de produtos. Os chatbots de IA oferecem respostas imediatas em linguagem natural, reduzindo drasticamente o tempo de elaboração de relatórios — que passou de duas semanas a segundos — e colocando insights nas mãos de milhares de profissionais a qualquer momento.
Outro destaque da pesquisa é a ascensão dos bots de IA, que deixam de ser experimentais para se tornarem parte da engrenagem analítica. Empresas do setor relatam que diferentes departamentos já contam com múltiplos bots em produção ou planos de expansão ainda em 2025.
Esses agentes inteligentes vão além da consulta passiva: resumem métricas, sugerem ações diante de tendências e anomalias, e entregam respostas auditáveis e seguras, acelerando a tomada de decisão e tornando insights mais ágeis, uniformes e acionáveis.
Democratização do acesso a dados
Para 27% das empresas de varejo e consumo, um dos focos é capacitar ao menos um quinto dos colaboradores com ferramentas de análise nos próximos doze meses, triplicando a presença atual de recursos analíticos fora das áreas técnicas.
Esse fato ocorre porque, segundo o levantamento, a democratização do acesso a dados, facilitado pelo uso da IA conversacional, está ajudando funcionários não técnicos a consultarem dados, com módulos de autoatendimento com tecnologia de IA. Essas ferramentas reduzem a dependência das equipes de dados e aceleram as decisões diárias em todas as unidades de negócios.
Na prática, as empresas do setor estão implementando ferramentas de linguagem natural e visualizações incorporadas que disponibilizam dados acessíveis para equipes de linha de frente, de vendedores a operadores de chão de fábrica.
Governança: o ponto chave para o futuro da análises com IA no varejo
A governança de dados, segundo conclui a pesquisa, é o ponto nevrálgico para o futuro da análise com IA no varejo.
Para 42% dos entrevistados, a luta pela qualidade dos dados, adoção de camadas semânticas e padronização dos relatórios permanece prioritária.
Dados mal estruturados ou isolados geram respostas inconsistentes, minando a confiança dos tomadores de decisão. Para mudar esse cenário, organizações mais avançadas estão elegendo a estratégia de dados e a construção de camadas semânticas modernas como elementos centrais, separando lógica de negócio das estruturas de dados e padronizando definições, fluxos e acesso.
Essa abordagem permite que diferentes áreas trabalhem com as mesmas premissas, habilitando consultas em linguagem natural e conferindo mais rastreabilidade e conformidade às práticas de BI.
Cerca de 38% das empresas ouvidas ainda não contam com um centro interno de excelência em IA+BI, dificultando a expansão coordenada e a centralização das melhores práticas.
Barreiras para ampliar o uso de IA com dados
Mesmo com avanços sólidos, a ampliação da IA e dos dados enfrenta barreiras concretas. O principal deles, citado por 53% dos entrevistados, é o custo das soluções, seguido das expectativas pouco realistas (50%) e desafios relacionados à governança dos dados e ausência de camadas semânticas (35%).
O valor para adoção de ferramentas de Analytics com IA ou retorno sobre o investimento (ROI) pouco claro é em grande entrave para escalar soluções analíticas nas empresas de varejo e consumo.
Outro fator indicado pelos entrevistados se refere às expetativas desalinhadas entre lideranças e fornecedores sobre aspectos como o tempo de geração de resultados, a facilidade de implementação e o grau de automação, que acabam atrasando projetos.
Por último, a incoerência nas respostas analíticas, normalmente relacionada à ausência de uma camada semântica robusta que uniformize conceitos e métricas entre departamentos, além da qualidade variável dos dados de entrada, também ainda é questionada pelas empresas.
O alinhamento entre áreas e a qualidade das informações são pontos sensíveis. Dados fragmentados ou mal definidos dificultam a uniformidade das respostas e geram desconexão entre departamentos — um problema que impacta diretamente a confiança nas recomendações das plataformas IA+BI.
A próxima onda
Pressão econômica, concorrência acirrada e mudanças rápidas nos padrões de consumo demandam respostas cada vez mais ágeis e informadas.
O estudo prevê que a próxima onda de inovação terá como base dados confiáveis, acesso democrático a insights analíticos, capacitação de equipes em IA, flexibilidade de plataformas (com ênfase em multi-nuvem) e distinção clara entre IA generativa de uso geral e sistemas analíticos corporativos de alta governança.
Por fim, a pesquisa destaca que os líderes do setor não serão aqueles que apenas implementam novas tecnologias, mas sim os que consolidam a IA+BI como recurso central — capaz de transformar cada etapa dos processos e suportar decisões escaláveis com confiabilidade e velocidade.
Para Luis Lombardi, vice-presidente e country manager da Strategy na América Latina,o varejo global está vivendo uma redefinição de escala e velocidade das decisões corporativas graças à integração da IA aos processos analíticos. “Estamos nno momento em que a democratização dos dados e a confiança nas respostas analíticas são estratégicos. Varejistas que investem em governança sólida, acesso amplo e treinamento das equipes estão não apenas acelerando suas rotinas, mas transformando a cultura empresarial ao redor da inteligência de dados”, conclui o executivo.
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