A tecnologia deixou de ser um suporte operacional para se tornar parte indissociável da estratégia de negócios. Nesse novo cenário, empresas que ainda operam com infraestrutura física ou digital defasada enfrentam riscos crescentes de obsolescência. Falhas sistêmicas, baixa produtividade, brechas de segurança e altos custos de manutenção são apenas algumas das consequências de um ambiente de TI que parou no tempo. Isso compromete a escalabilidade da empresa, sua capacidade de resposta a mudanças de mercado e até a atração de talentos, que hoje priorizam ambientes tecnológicos modernos e estimulantes.

Além do impacto operacional, há o fator segurança. Ambientes desatualizados acumulam vulnerabilidades, softwares antigos não recebem atualizações frequentes e tornam-se alvos fáceis para ataques cibernéticos, comprometendo dados sensíveis de clientes, parceiros e da própria companhia. Assim, os prejuízos deixam de ser apenas financeiros e passam a comprometer a reputação da marca.

A computação em nuvem é uma solução estratégica para resolver vários desafios empresariais. Ela reduz os custos relacionados à aquisição e manutenção de infraestrutura, permitindo que os recursos tecnológicos sejam escaláveis, flexíveis e otimizados conforme a demanda. Em vez de investir em servidores e licenças locais, a empresa direciona seus investimentos para inovação, com maior previsibilidade e foco em resultados.

Ambientes em nuvem oferecem vantagens nativas em segurança, backup automático, recuperação de desastres e compliance com legislações como LGPD. Além disso, favorecem a integração com tecnologias emergentes como inteligência artificial, machine learning, automação de processos e análise avançada de dados. O resultado é uma TI mais ágil, conectada ao negócio e preparada para entregar valor com velocidade.

O mercado já tem reagido e caminhando para uma mudança. Segundo a Fundação Getúlio Vargas, a nuvem já responde por 42% do processamento nas empresas brasileiras, o maior índice registrado nos últimos 34 anos de pesquisa. A nova edição da TIC Empresas mostra que uma em cada três companhias do país já utiliza serviços de processamento em nuvem, com avanço significativo no uso de softwares de escritório, bancos de dados e soluções de segurança digital.

Globalmente, o relatório Pulse of Cloud 2024, da Wipro, indica que 54% das empresas estão aumentando investimentos em nuvem pública e híbrida, com a inteligência artificial se consolidando como o principal vetor de aceleração dessa adoção. Mais de um terço das companhias entrevistadas afirmam estar avançando em nuvem e IA simultaneamente, evidenciando a sinergia entre as tecnologias.

É importante, no entanto, reconhecer que a nuvem não é uma solução única para todos os cenários. Organizações com sistemas altamente customizados ou operando em setores com forte regulação podem enfrentar barreiras técnicas ou legais. Nestes casos, abordagens híbridas ou planejamentos de transição gradual são os caminhos mais adequados. A chave está em alinhar a estratégia tecnológica aos objetivos de negócio, com análises criteriosas de risco, custo e retorno.

Portanto, migrar para a nuvem deixou de ser um movimento opcional. Hoje, representa a diferença entre manter-se competitivo ou ficar para trás. As empresas que investem em infraestrutura digital moderna não apenas se protegem melhor como também se posicionam para inovar, crescer e se adaptar em um mercado cada vez mais dinâmico. A decisão de seguir ou não para a nuvem não é mais sobre tecnologia, mas sobre visão de futuro.

*Engenheiro Eletrônico pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com MBA em Gestão de Negócios e MBA em Finanças pela IBMEC, Eduardo Mecking atua na área de tecnologia há 30 anos. Fundou a 4MSTech, empresa especialista em infraestrutura e soluções de computação em nuvem que foi adquirida em 2023 pela Beyondsoft, empresa global de Tecnologia da Informação (TI) com mais de 30 mil funcionários. Ex-executivo de grandes corporações como Motorola e Microsoft, desde 2023, ocupa o cargo de Country Manager Brazil na Beyondsoft.