Clube do Livro do Sesc Vila Mariana dá espaço a testemunhos e ficções sobre a escravidão
Com o eixo temático “A Escravidão em Primeira Pessoa”, os encontros buscam refletir a escravidão como vivência e os paralelos e comparações possíveis entre relatos e textos ficcionais
Obras como “12 anos de Escravidão” e “Um Defeito de Cor” serão debatidas sob mediação do escritor Luiz Silva, o Cuti.
A escritora Conceição Evaristo cunhou o termo “escrivivência”, palavra que pode ser explicada como uma tentativa de submeter à ficção a responsabilidade de relatar aquilo que a história como ciência deixou passar. Relatos e vivências de personagens, especialmente de mulheres negras, que tiveram seu protagonismo negado podem ser assim reavivados por essa escrita. Essas experiências e outros testemunhos formam o plano de fundo do Clube do Livro do Sesc Vila Mariana, atividade que no mês de maio tem como tema “A Escravidão na Primeira Pessoa”. A atração gratuita é mediada pelo escritor Luiz Silva, o Cuti, e a inscrição pode ser realizada através do portal Inscrições Sesc SP.
Os encontros tomam a escravidão enquanto experiência vivida, a partir da perspectiva da narrativa em primeira pessoa. Além disso, também será abordada a comparação entre a ficção e o relato ou testemunho, e entre os espaços que as obras apresentam (Brasil, Canadá, Cuba e Estados Unidos). As obras debatidas no clube serão: O Livro dos Negros, de Lawrence Hil (5/5); 12 Anos de Escravidão, de Solomon Northup (12/5); Memórias de um Cimarrón, de Miguel Barnet (28/5) e Um Defeito de Cor, de Ana Maria Gonçalves (29/5). Seguem as sinopses dos livros:
O Livro dos Negros - Narra a história de Aminata Diallo, africana que foi sequestrada, ainda criança e vendida como escrava na Carolina do Sul. Após a Revolução Americana, ela foge para o Canadá para tentar ter uma nova história em liberdade. O nome O Livro dos Negros se deu devido ao documento histórico, mantido por oficiais navais britânicos, ao fim da Revolução Americana. O documento oficializou os negros que serviram ao rei na Guerra e fugiram para Manhattan, no Canadá, em 1783. Apenas os negros que estivessem no Livro dos Negros poderiam escapar e conseguir sua liberdade. Aminata Diallo percorre toda uma longa trajetória com a finalidade de conseguir entrar no livro dos negros e conquistar sua liberdade.
12 anos de Escravidão - Narra a história real de Solomon Northup, um negro livre que, atraído por uma proposta de emprego, abandona a segurança do Norte e acaba sendo sequestrado e vendido como escravo. Depois de liberto, Northup publicou o relato contundente de sua história, que se tornou um best-seller imediato. Hoje, 160 anos após a primeira edição, Doze anos de escravidão é reconhecido como uma narrativa de qualidades excepcionais. Para a crítica, o caráter especial do livro deve-se ao fato de o autor ter sido um homem culto que viveu duas vidas opostas, primeiro como cidadão livre e depois como escravo.
Memórias de um Cimarrón - A obra traz os relatos de um ex-escravo que conta com suas próprias palavras a vida de homem sem liberdade, obrigado a trabalhar sob o açoite dos feitores de uma plantação de cana e de como ele resistiu e se manteve íntegro. O livro também traz valiosas informações sobre os diferentes grupos que formavam o povo bantu na ilha de Cuba, bem como a relevância e a sua presença na própria formação da história da sociedade cubana e do processo de independência.
Um Defeito de Cor - História de Kehinde, uma africana idosa, cega e à beira da morte, que viaja da África para o Brasil em busca do filho perdido há décadas. Ao longo da travessia, ela vai contando sua vida, marcada por mortes, estupros, violência e escravidão. Inserido em um contexto histórico importante na formação do povo brasileiro e narrado de uma maneira original e pungente, na qual os fatos históricos estão imersos no cotidiano e na vida dos personagens.
Para mediar a atividade o convidado é o escritor, dramaturgo e poeta Luiz Silva, mais conhecido como Cuti. Graduado em Letras pela Universidade de São Paulo em 1980, obteve os títulos de Mestre em Teoria da Literatura e Doutor em Literatura Brasileira pela Unicamp. Em 1978, foi um dos criadores do jornal literário Jornegro e da série de antologias Cadernos Negros. Participou da fundação do grupo Quilombhoje, no qual se manteve até 1993.
Do 13 ao 20: (Re)Existência do Povo Negro
O Clube do livro abre a programação do projeto “Do 13 ao 20: (Re)Existência do Povo Negro”, série de atividades que fazem alusão ao 13 de maio (data da abolição da escravatura) e ao 20 de novembro (Dia da Consciência Negra) e engloba ações que objetivam o fortalecimento e o reconhecimento da cultura negra, bem como o fomento à convivência e o respeito pelas diferenças, com o intuito de refletir sobre a construção das identidades e valorizar a pluralidade de manifestações e expressões culturais.
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