Sem reforma, brasileiros adotam previdência privada
A conta não fecha, a reforma da previdência não avança e o horizonte da previdência pública não oferece tranquilidade. Apesar de os especialistas serem unânimes, o Brasil parece ainda não acreditar que é preciso reformar a previdência. O governo enviou uma proposta em que a idade mínima necessária para se aposentar foi fixada em 65 anos para homens e em 62 anos para mulheres. O tempo de contribuição necessário para aposentadoria é de 25 anos.
A proposta também prevê alteração no cálculo para saber o valor do benefício. A fórmula passa a ser 70% da média dos salários mais 1,5 ponto percentual para cada ano que superar os 25 de contribuição. Para os que superarem os 30 anos de contribuição, haverá um acréscimo de 2 pontos percentuais a cada ano extra.
Considerando a primeira proposta de Reforma da Previdência, o novo texto oferece regras mais acessíveis, mas ainda preocupa os contribuintes que refazem as contas da aposentadoria pelo Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS). Diante deste cenário, ainda em discussão, cresce a procura pela previdência privada, que entra como alternativa para um futuro mais seguro.
Plano para os filhos
Pesquisa feita pela Boa Vista SCPC, empresa do segmento de inteligência analítica sobre consumidores e empresas, aponta que aumentou de 42% para 59%, em comparação ao ano passado, o total de consumidores que afirmam poupar para os filhos. A pesquisa foi feita com cerca de 1.060 pessoas de todo o Brasil para identificar a percepção dos consumidores quanto à importância da educação financeira para crianças e adolescentes. Apenas 8% dos pesquisados disse aplicar em Previdência Privada e 6% em Títulos de Capitalização.
O percentual de crianças que aprendem sobre este tema nas escolas ainda é muito baixo, apenas 3%. Já 32% dizem que estimulam a criança a economizar a mesada ou a semanada, ou seja, que explicam a importância de se utilizar estes recursos com responsabilidade.
Entre as vantagens em abrir um plano de previdência na infância estão o tempo a favor já que a maior parte do dinheiro poupado virá dos juros do mercado. Outro fator positivo no plano de previdência privada é que ele ajuda a ensinar às crianças a importância de poupar e a se tornar um adulto consciente e responsável na hora de administrar o próprio dinheiro.
Mercado para o corretor
Em um ano difícil para o seguro de auto, o ramo de pessoas despontou como o segmento em que os Corretores podem ter boas chances de ganhos. Alexandre Camillo, presidente do Sincor-SP, lembra que a economia brasileira apresenta sinais de retomada do crescimento, em alguns setores, e no primeiro semestre, o destaque foi o segmento de seguros de pessoas, que registrou crescimento de 11%, se comparado ao mesmo período do ano anterior, mesmo sem considerar a presença do VGBL.
O dirigente acredita que a previdência privada promete grandes oportunidades para o mercado. “A constante exposição na mídia sobre a longevidade e as reformas da previdência e trabalhista levam as pessoas a refletirem e buscarem a previdência privada para não dependerem mais apenas da previdência estatal”.
Os planos de previdência privada aberta encerraram agosto com captação líquida (aplicações menos resgates) de R$ 5,59 bilhões, volume 9,93% inferior aos R$ 5,057 bilhões verificados em agosto do ano passado.
A queda ocorreu apesar do aumento das aplicações, de 13,45%, que foi acompanhado, porém, de um aumento dos resgates, de 17,37%, segundo a Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi). No acumulado de janeiro a agosto, segundo a Federação, as contribuições somaram R$ 74,65 bilhões, 5,70% superior a 2016. “O movimento de recuperação pelo que o país está passando, ainda que tímido, começa a ter impacto no volume de contribuições”, acredita Edson Franco, presidente da FenaPrevi.
De acordo com a federação, o setor fechou o mês de agosto com 13,691 milhões de pessoas com planos de previdência privada contratados no país, sendo 10,2 milhões de planos individuais (incluindo planos para menores) e 3,5 milhões de planos coletivos. Houve um aumento de 1,044 milhão de pessoas em 12 meses, ou 8,26%. Algumas mudanças estão chegando ao mercado de previdência complementar com o objetivo de diversificar a oferta de produtos. As novidades incluem a possibilidade de transformar parte dos benefícios em renda e de aumentar a alocação de recursos para renda variável. Em um cenário de endurecimento da Previdência Social, essas podem ser alternativas para atingir um público mais amplo e dar competitividade ao mercado.
As alterações foram aceitas quando o Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) acatou as propostas da Superintendência de Seguros Privados (Susep). Estas são as primeiras alterações no setor nos últimos 15 anos – desde a criação do VGBL.
Um exemplo da tentativa de flexibilização está na criação de novos produtos: o PGBL e VGBL Programados. Quando entregarem em vigor – o que a Fenaprevi acredita que vá acontecer no segundo trimestre de 2018 – as novas famílias darão aos clientes mais liberdade para decidirem como querem receber os benefícios. Isso porque será possível combinar resgates e recebimento de renda em um mesmo fundo e, ainda, fazer alterações nos arranjos ao longo do caminho.
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