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Livro apresenta educação soviética da Revolução ao fim da URSS

  • Crédito de Imagens:Divulgação - Escrito ou enviado por  Mariana Pezzo
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Primeiro livro em Língua Portuguesa sobre o tema, lançamento da EdUFSCar destaca papel central da escola no socialismo soviético

Com cerca de 80% de sua população analfabeta no momento da Revolução, em 1917, a União Soviética tornou-se, em quatro décadas, responsável pelo lançamento ao espaço do primeiro satélite artificial. A análise do sistema educacional soviético, considerado um dos melhores do mundo, e do papel que a escola de Estado soviética desempenhou no processo de formação das classes trabalhadoras a partir da Revolução de 1917 está no cerne de “A Educação Soviética”, lançamento da Editora da Universidade Federal de São Carlos (EdUFSCar).

Primeiro livro em Língua Portuguesa sobre o tema, a obra levou muito tempo sendo maturada por seus autores, Marisa Bittar e Amarilio Ferreira Jr., docentes do Departamento de Educação (DEd) da UFSCar, na área de História da Educação. Na primeira metade da década de 1980, como historiadores recém-formados, os autores moraram e estudaram no Instituto de Ciências Sociais de Moscou. Três décadas depois, foram professores visitantes no Instituto de Educação da University College London em três ocasiões (2011/12, 2014 e 2019), onde colheram vasto material bibliográfico, e também fotográfico, naquela que é uma das mais importantes bibliotecas de educação do mundo.

“Trata-se da história da educação de um país que não mais existe. No entanto, é quase impossível entendermos o século XX se não compreendemos o protagonismo da União Soviética. Além disso, nossa tese é de que é impossível entender a própria lógica de edificação do chamado socialismo real sem o protagonismo da escola de Estado”, afirma Ferreira Jr., destacando o privilégio histórico de ter “pisado no chão da escola soviética”. “Contando com a rara oportunidade de termos conhecido por nós mesmos o sistema socialista, pudemos aliar essa experiência aos documentos para ultrapassarmos o pensamento pedagógico em si e chegarmos ao ponto que mais nos interessa: o chão da escola. Ou seja, mostrarmos como foi criada e como funcionava na prática”, complementa Bittar.

A partir, assim, dessa dupla fonte de inspiração e informações, bem como da escassez de conhecimentos no Brasil das experiências educacionais de países não ocidentais, os autores reconstroem na obra um percurso que vai desde a herança deixada aos bolcheviques pelo regime czarista até a última reforma educacional soviética, de 1984. O primeiro capítulo do livro – após prefácio de Paolo Nosella e introdução dos autores – traça justamente o panorama da educação anterior à Revolução. Em seguida, a campanha inicial de alfabetização, inserida entre os trabalhos mais importantes a realizar imediatamente após a instalação do poder soviético, é apresentada de modo articulado ao processo de eletrificação do País, sendo considerados, ambos os processos, “os pilares da escola soviética”.

No terceiro capítulo, os autores abordam como, durante a década de 1920, mesclam-se aos princípios marxistas os da pedagogia ativa. Ao descrever os primeiros passos na construção do sistema de escolas públicas soviéticos, o livro destaca o pensamento e a atuação de Lounatcharsky e Krupskaya, figuras centrais nesse processo, e a influência de John Dewey, referência do ativismo pedagógico e, curiosamente, considerado o principal teórico da educação burguesa. Dewey esteve na Rússia em 1928, tendo registrado essa experiência em livro caracterizado pelos autores como preciosidade, que puderam consultar na Sala de Leitura das Coleções Especiais de outra biblioteca da UCL, na Escola de Estudos Eslavos e do Leste Europeu. Como contam Ferreira Jr. e Bittar, no livro, Dewey critica o isolacionismo imposto pelos países capitalistas à União Soviética e afirma que a experiência educacional soviética “deveria ser estudada por todo o mundo”.

No quarto capítulo, a obra caracteriza as sucessivas reformas e os diferentes períodos da educação soviética, chegando no Capítulo V, à proposta da reforma de 1984, cujo texto os autores trouxeram da estadia em Moscou na juventude e o incluíram no livro como anexo. A reforma, gestada a partir de crises sucessivas da escola soviética desde 1970, pretendia dar novo rumo ao sistema, compatível com o chamado socialismo desenvolvido ou maduro, mas, segundo os autores, contribuiu desandar todo o sistema soviético.

No sexto e último capítulo, o livro parte de um relato sobre até onde foram implantadas as medidas previstas na reforma de 1984 e as razões pelas quais elas não foram concluídas, frente à desintegração da União Soviética, que ocorreu inesperadamente no final de 1991. Neste capítulo e nas suas conclusões, os autores sintetizam os resultados da pesquisa realizada evidenciando, sobretudo, os vínculos entre a educação soviética e os rumos do socialismo de modo geral, e mostrando como, ao mesmo tempo que teve função ideológica essencial na sustentação da Revolução, o sistema educacional soviético foi uma das causas da dissolução da URSS.

“A Educação Soviética” já está disponível no site da EdUFSCar (https://edufscar.com.br/educacao-sovietica-a-503701484), com 30% de desconto no período pré-lançamento, que acontece no dia 5 de outubro, às 18 horas, na programação da 2ª Feira Virtual do Livro da EdUFSCar. Na ocasião, a jornalista Mariana Pezzo entrevistará os autores, com participação do público nos comentários dos canais UFSCar Oficial no Facebook e YouTube e, também, na página da EdUFSCar no Facebook.

Para a realização das pesquisas que embasam o livro, os pesquisadores contaram com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).


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