Rota Digital Fenatran Discute Perspectivas Do Futuro Modal Rodoviário De Cargas

Um dos destaques da 23ª edição da FENATRAN, de 07 a 11 de novembro, no São Paulo Expo, é a oferta inédita de conteúdo que somará mais de 40 horas de palestras e painéis com a participação de executivos e especialistas do setor sobre os principais temas que envolvem o cenário do transporte rodoviário de cargas e logística no Brasil.

Entre os principais temas da Rota Digital FENATRAN, que acontece na Arena de Conteúdo do evento, foram o avanço da pauta ESG (Environmental, Social and Governance), a renovação da frota e as perspectivas para 2023 do ponto de vista dos players das operações logísticas e das entidades que coexistem no ecossistema do transporte rodoviário de cargas. Participaram desse painel executivos C-level, responsáveis pela condução de empresas líderes de mercado, como Solística, BBM e JSL.

Em relação à pauta ESG, os representantes das empresas enfatizaram que valem os custos de investimento em práticas mais arrojadas e sustentáveis. O diretor de Operações da Solística, Rafael Abreu, afirmou que, mesmo sem uma correlação direta com ganhos em receitas, investimentos em ESG viabilizam uma harmonização das dinâmicas internas da empresa e consequente ganho de eficiência.

Já André Prado, presidente da BBM, afirmou que “ser uma empresa diversa e inclusiva não tem custo algum. Na parte de governança os benefícios também são imensos. A oportunidade de fazer o inventário ESG nas empresas e repensar processos e dinâmicas é muito benéfica. Profissionais satisfeitos e comprometidos trabalham melhor, passam a se sentir corresponsáveis e colaboram diretamente com as melhorias que a empresa precisa”.

Ainda sobre o assunto ESG, o CEO da JSL, Ramon Garcia de Alcaraz, foi categórico: “Não haverá empresa que sobreviverá no mercado sem ser sustentável e estar alinhada com as práticas ESG. Segurança, eficiência operacional, veículos menos poluentes já são requisitos básicos em novos contratos. Obviamente que, para investir em práticas e modalidades mais eficientes, é preciso ser economicamente sustentável”, disse.

Renovação da frota

A renovação da frota também foi um tema bastante discutido pelos profissionais da área. Na Solística, operador logístico de grande musculatura e que faz cerca de 15 milhões de quilômetros por anos, a opção é manter uma frota própria de idade média entre cinco e seis anos e investir em programas e treinamento para os agregados manterem o nível de serviço. “Temos também uma parte importante de frota de agregados e programas de incentivos para que os agregados cuidem dos veículos, integrando esforços para manter a segurança dos motoristas e da carga”, conta Abreu.

Na BBM, a estratégia é também de combinar frota própria com agregados. “Temos critérios rígidos de segurança nas operações dedicadas. Trouxemos os agregados para dentro de casa, promovendo treinamento constante. Os recursos da telemetria também nos ajudam. E os terceiros, que fazem a perna, também estão no nosso foco de treinamento”, detalha Prado.

No caso da JSL, a idade média da frota é de 3 a 3,5 anos. “Rodamos meio bilhão de quilômetros por ano. A sinergia com a Vamos, empresa do grupo dedicada à locação de caminhões, equipamentos e empilhadeiras, é muito importante para absorver os equipamentos, mas os agregados são estratégicos para manter a filosofia asset light”, conta o CEO da empresa.

As perspectivas para 2023

Questionados sobre os desafios do próximo ano, os executivos mostraram-se otimistas, mas sem perderem de vista a realidade do país. “Este é o único país em que o benefício fiscal acaba formatando as operações logísticas. Muitas vezes criamos estrutura em um estado para usufruir dos benefícios fiscais. Poderíamos nos desenvolver de forma muito mais rápida”, comenta Abreu, referindo-se às características do sistema tributário brasileiro.

O assunto ganhou eco entre os participantes. “O sistema tributário acaba dominando o país. Aqui temos duas logísticas: a física, que funciona perfeitamente bem, e a fiscal, que é um desastre e que nos tira eficiência no doméstico e no internacional. Não conseguimos usar toda a tecnologia que temos por conta dos entraves burocráticos. A maioria dos sistemas globais não funcionam no país por conta da estrutura tributária”, comentou Prado.

Alcaraz, da JSL, acrescentou: “Quem trabalha com logística no Brasil é exposto a um nível extremo de adversidade. Temos profissionais que se formaram aqui e que hoje são um sucesso em outros países porque não lidam com tantas dificuldades. Quem trabalha no Brasil com logística e não vai embora é um herói. Apenas para dar um exemplo, por que o conhecimento eletrônico tem que ser impresso? Para que o canhoto de uma nota fiscal eletrônica? Isso é surreal em um país que se diz digital!”.

Rota Digital Fenatran na Área de Conteúdo

A Arena de Conteúdo, localizada na rua principal do Pavilhão, é onde acontece uma agenda diária de palestras e debates, que visa a atualização do público sobre os principais desafios e oportunidades do mercado, além de iniciativas e experiências dos principais players do setor.

Nesse espaço, a grade da Rota Digital FENATRAN conta hoje, 10 de novembro, com painéis sobre Last Mile e Intralogística, abordando principalmente quais são as oportunidades e desafios das empresas que atuam neste segmento e o que mudou no cenário pós-pandemia.

Nesta sexta-feira, 11 de novembro, aconrece alí o 1º Fórum das Mulheres no Transporte e Logística, que vai debater os desafios e oportunidades para as mulheres no mercado e também buscar incrementar a geração de negócios promissores através da diversidade de ideias.

A programação completa da Arena de Conteúdo está disponível no site da feira www.fenatran.com.br e as apresentações serão disponibilizadas posteriormente na plataforma da Rota Digital Fenatran para acesso on demand.