Geopolítica e M&As: como a nova ordem comercial impacta decisões corporativas
- Crédito de Imagens:Divulgação - Escrito ou enviado por Carolina Amaral
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* Por Daniel Lasse
A economia global vive um momento de reconfiguração. A combinação entre disputas comerciais, políticas protecionistas e realinhamentos diplomáticos vem alterando fluxos de capital e influenciando diretamente as estratégias de fusões e aquisições. Segundo a PwC Global M&A Trends 2025, o valor global das operações de M&A alcançou US$1,5 trilhão no primeiro semestre de 2025, um crescimento de 15% em relação ao mesmo período no ano anterior, com aumento de deals cross-border. Mais do que um sinal de aquecimento, esse número reflete um novo padrão de comportamento: as empresas estão reposicionando suas estruturas diante das mudanças no equilíbrio de poder mundial.
A intensificação da rivalidade comercial entre Estados Unidos e China exemplifica bem essa transição. O aumento de tarifas, restrições a insumos tecnológicos e novas barreiras regulatórias têm levado companhias a repensar suas cadeias de produção e distribuição. Nos Estados Unidos, por exemplo, a PwC Pulse Survey de maio revelou que, diante da incerteza tarifária, 30% das empresas pausaram ou reavaliaram suas operações, um indicativo claro de como a volatilidade geopolítica já influencia as decisões corporativas em tempo real. Nesse cenário, o M&A deixa de ser apenas um instrumento de crescimento para se tornar uma ferramenta de adaptação estratégica, uma forma de acessar mercados com condições mais estáveis e reduzir a exposição a riscos políticos e tarifários.
Na América Latina, esse movimento é perceptível. O Brasil vem atraindo atenção como destino de investimentos estrangeiros que buscam diversificação, enquanto a Argentina aparece como uma alternativa operacional interessante para grupos brasileiros. O fato de o país vizinho ter sido menos afetado por tarifas impostas pelos Estados Unidos abriu espaço para aquisições que funcionam como hubs exportadores. Essa dinâmica mostra que as decisões de M&A hoje incorporam uma leitura mais ampla, não apenas financeira, mas geoeconômica.
Impacto das movimentações
Como consequência, os processos de due diligence ganharam uma camada de complexidade. Além das análises tradicionais de passivos e sinergias, é preciso avaliar o contexto comercial entre países, a previsibilidade regulatória e até o comportamento das políticas externas. O risco de uma tarifa inesperada ou de uma revisão abrupta em acordos bilaterais pode alterar de forma significativa o retorno projetado de uma transação. O que antes dependia de uma equação financeira, agora exige também uma leitura de cenário.
Esse novo ambiente tem impactos diretos sobre os valuations. Empresas expostas a barreiras comerciais tendem a ter seus múltiplos ajustados para baixo, refletindo a incerteza sobre margens futuras. Por outro lado, negócios localizados em regiões consideradas “neutras” ou em setores menos dependentes de exportação, como serviços, tecnologia e consumo interno, vêm se tornando mais atrativos. A geografia e o contexto político voltaram a influenciar o preço de um ativo, algo que há alguns anos parecia irrelevante para a maior parte dos investidores.
Outro movimento significativo é o avanço do capital asiático sobre mercados emergentes. A participação das empresas chinesas em aquisições cross-border cresceu em 2025, com destaque para o aumento das transações na América Latina. Trata-se de um realinhamento estratégico: diante das restrições impostas por Washington, investidores chineses têm buscado regiões com maior abertura comercial e espaço para diversificação de portfólio.
O que vem a seguir
O que se observa, portanto, é um amadurecimento da estratégia de M&A. As decisões deixaram de ser orientadas apenas por sinergias operacionais ou pela busca por escala, e passaram a considerar o papel que cada aquisição pode desempenhar dentro de um cenário global em transformação. A geopolítica, antes tratada como uma variável distante, tornou-se parte integrante da análise de risco e da precificação.
E, à medida que 2026 se aproxima, soma-se a esse quadro um elemento adicional: a instabilidade das moedas. Com a volatilidade e a oscilação dos ambientes regulatórios, empresas geradoras de caixa passam a representar uma oportunidade mais tangível de perenidade, funcionando como ativos capazes de preservar valor e oferecer diversificação de risco país.
Nesse contexto, companhias que conseguirem equilibrar eficiência econômica com sensibilidade ao ambiente global terão vantagem competitiva. Entender o tabuleiro político e comercial deixou de ser uma preocupação exclusiva dos governos para se tornar uma competência essencial no mundo corporativo. Em tempos de instabilidade, crescer continua importante, mas desde que seja de forma consciente e bem posicionada. Para o próximo ano, a grande questão é se esse novo mapa de forças vai se estabilizar ou se estaremos apenas no início de uma nova reconfiguração global.
* Daniel Lasse é CEO da Value Capital, boutique de M&A especializada em middle market.
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