As APIs são a chave para sustentar a integração entre serviços, sistemas e empresas na era digital
Por Joab Jr, Especialista em Qualidade de Software e sócio da Vericode*
A transformação digital é frequentemente associada a conceitos como automação, inteligência artificial e experiência do usuário. No entanto, há um elemento silencioso, e essencial, que sustenta toda essa revolução: as APIs. Elas são a infraestrutura invisível que conecta sistemas, plataformas e empresas, permitindo que diferentes tecnologias “conversem” entre si e que experiências digitais complexas ocorram de forma simples para o usuário final.
É graças às APIs que ações cotidianas, como fazer um pagamento instantâneo, acompanhar uma entrega em tempo real ou acessar informações de saúde de forma segura, se tornaram possíveis. Elas são o elo que transforma dados isolados em fluxos integrados e funcionais. No mundo corporativo, essas estruturas deixaram de ser apenas uma ferramenta técnica para se tornarem um ativo estratégico. Elas sustentam ecossistemas digitais inteiros, permitindo que negócios escalem, inovem e colaborem em ritmo acelerado.
Os números comprovam essa importância. Em outubro de 2024, o Open Finance brasileiro registrou 11,6 bilhões de chamadas de API, um crescimento de 111% em relação ao mesmo mês do ano anterior, segundo o estudo “Evolução do Open Finance no Brasil”, elaborado pela consultoria internacional BIP. Já o State of the API Report 2025, da Postman, mostra que 65% das organizações no mundo já geram receita a partir de seus programas de API. No Brasil, um estudo da Sensedia indica que 85% das grandes empresas utilizam APIs para integrações internas, e 70% delas as aplicam para expandir sua proposta de valor e criar ecossistemas de parceiros.
Esses dados evidenciam um ponto central, em que essas infraestruturas deixaram de ser um custo operacional para se tornarem um vetor de negócios. Elas são o que viabiliza a criação de novos produtos digitais, modelos de monetização e experiências conectadas. Setores como finanças, saúde, telecomunicações e logística dependem cada vez mais dessa infraestrutura para inovar com agilidade e eficiência. Diante disso, a qualidade das APIs é o que define a qualidade da transformação digital.
À medida que a quantidade e a complexidade das integrações aumentam, o risco de falhas e inconsistências também cresce. Uma estrutura instável pode comprometer toda uma operação, gerar prejuízos financeiros e minar a confiança do usuário. Por isso, a abordagem de “criar e lançar” deixou de ser suficiente. É preciso testar continuamente, monitorar seu desempenho e garantir que funcionem com segurança e previsibilidade em diferentes contextos.
O conceito de qualidade de software, nesse cenário, ganha uma dimensão mais ampla. Testar essa infraestrutura éassegurar que a base técnica que conecta ecossistemas permaneça estável mesmo em ambientes complexos e de alta demanda. Isso envolve testes automatizados, simulações de carga e validações constantes de conformidade. Somente com essa disciplina é possível sustentar o ritmo da inovação sem comprometer a confiança digital.
No momento em que as empresas ampliam seus ecossistemas, cresce também a necessidade de políticas claras de versionamento, segurança e gestão de acesso. A maturidade na gestão de APIs passa por equilibrar velocidade e controle, inovar sem perder rastreabilidade, integrar sem abrir brechas de segurança, evoluir sem gerar incompatibilidades. Essa maturidade é o que diferencia organizações que simplesmente adotam APIs daquelas que constroem valor real sobre elas.
Em um mundo movido por conexões, as APIs são o que torna a transformação digital tangível. Elas operam nos bastidores, mas seu impacto é direto na experiência do usuário, na eficiência das empresas e na competitividade dos mercados. O futuro da inovação será construído não apenas sobre novas ideias, mas sobre integrações robustas, seguras e bem testadas. Garantir a qualidade dessas conexões é garantir a solidez da própria transformação digital.
*Joab Júnior é Especialista em Qualidade de Softwares e sócio da Vericode, com vasta experiência em Qualidade de Software e Automação de Testes. Ele possui bacharelado em Tecnologia e Gestão de Projetos de TI pela Universidade Anhembi Morumbi e cursou Ciência e Tecnologia na UFABC. Certificado pelo Scale Program da StartSe University, Joab atuou em empresas renomadas como Vivo, B3 e Link Consulting. Sua expertise abrange áreas como DevSecOps, SRE, melhoria de processos e desenvolvimento de negócios, destacando-se pela contribuição na evolução das práticas de qualidade e automação.
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