CNseg apresenta ferramenta regionalizada contra risco de inundação durante a COP30
Em um movimento estratégico para enfrentar a escalada da crise climática no Brasil, o setor segurador brasileiro deu um passo decisivo em direção à resiliência. A Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) lançou nesta quarta-feira, 19, durante a COP30, em Belém, a “Ferramenta de Avaliação de Riscos Climáticos (Inundação)”, parte integrante do Hub de Inteligência Climática desenvolvido pela entidade. A iniciativa ambiciosa foi desenhada para mapear, quantificar e mitigar os crescentes riscos associados às mudanças do clima no país.
A urgência é ditada pelos números: entre 2022 e 2024, o Brasil acumulou R$ 184 bilhões em perdas causadas por 67 eventos climáticos significativos. Destes, somente 9% estavam cobertos por seguros, deixando famílias, empresas e governos expostos à totalidade do prejuízo. Para além dos efeitos econômicos, os eventos climáticos também afetam a vida e a saúde da população. Esses reflexos surgem no alto número de mortes, em função de alagamentos, inundações e enxurradas, e afetados na forma de desabrigados ou desalojados, decorrentes de eventos diversos, desde seca até alagamentos e ondas de frio.
É justamente diante desta dimensão social e humana da crise, onde a inundação se manifesta como um dos vetores de maior fatalidade e desestruturação, que a CNseg desenvolveu a solução focada, neste primeiro momento, no risco de Inundação. A ferramenta visa apoiar a gestão de riscos climáticos físicos ao avaliar a exposição de qualquer bem segurado, com base na localização geográfica, permitindo a adoção de medidas preventivas e a oferta de coberturas mais adequadas.
A precisão do módulo reside em sua metodologia robusta, que integra quatro pilares de dados e modelagem. A ferramenta combina bases históricas de ocorrência, Sensoriamento Remoto de alta precisão, Cálculo de probabilidade / Balanço Hidrodinâmico e Cálculo de Probabilidade / Hidráulico e Hidrológico, que emprega modelos 2D de simulação de escoamento e planícies de inundação, como o HEC-RAS 2D, para gerar um score de risco confiável.
“Com uma melhor compreensão dos riscos climáticos de cada localidade, as seguradoras poderão adotar medidas preventivas e/ou adaptativas, além de poder oferecer produtos específicos de proteção a seus clientes”, afirma André Vasco, diretor de Serviços às Associadas da CNseg.
A iniciativa possui uma dimensão social inegável. Um dos estudos centrais do Hub, o Radar de Eventos Climáticos e de Seguros no Brasil, aponta uma desigualdade crítica na distribuição da cobertura securitária. Enquanto o Sul concentra as maiores perdas econômicas, regiões como Norte e Nordeste registram menos de 2% das perdas seguradas.
Ao permitir uma avaliação de risco segmentada por localização, a ferramenta dá às seguradoras a base necessária para expandir a oferta de produtos de forma sustentável para áreas historicamente desassistidas, transformando a crise climática em uma oportunidade para maior inclusão e equidade social. Globalmente, a presença robusta do seguro é vista como um fator que acelera a recuperação pós-desastre e alivia o ônus financeiro sobre o Estado.
Secas e Ondas de Calor
Embora o módulo de Inundação seja a prioridade inicial, a CNseg já planeja a expansão do Hub para incorporar dados sobre outros riscos críticos. As próximas fases incluirão informações detalhadas sobre ondas de calor e secas. Este movimento é estratégico, pois, embora as inundações sejam mais frequentes, os dados do Hub indicam que as secas são responsáveis pelas maiores perdas financeiras no Brasil, impactando vastas áreas e setores como o agronegócio de forma prolongada.
Para a diretora de Sustentabilidade da CNseg, Claudia Prates, o Hub de Inteligência Climática representa um marco para o setor: “O Hub é uma das principais entregas da CNseg neste ano e constitui o núcleo estruturante da agenda climática do setor de seguros no Brasil. Seu propósito é reunir, sistematizar e produzir dados climáticos e socioambientais para apoiar as seguradoras na precificação de riscos, fortalecer a resiliência econômica e social diante das mudanças climáticas e reduzir o gap de proteção securitária do país.”
O presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, destaca o papel estratégico do Hub na prevenção e inovação do setor: “O Brasil ainda precisa avançar mais na cultura de prevenção contra riscos catastróficos porque, historicamente, sempre estivemos pouco expostos a eventos climáticos extremos. Mas, com o aumento da frequência e intensidade das secas e inundações provocadas pelas mudanças climáticas, a realidade agora é outra. O Hub busca dar ao setor a capacidade de agir preventivamente e criar produtos inovadores baseados em dados e evidências.”
Além da “Ferramenta de Avaliação de Riscos Climáticos (Inundação)”, o Hub de Inteligência Climática da CNseg é composto pelo Radar de Eventos Climáticos e Seguros, lançado na semana passada, e pela Ferramenta de Conformidade Socioambiental, que será divulgada na quinta-feira, 20, na Casa do Seguro às 17h40.
Sobre a Casa do Seguro
A Casa do Seguro estará situada em local muito próximo ao espaço oficial da COP30. Além da programação de conteúdo, promove iniciativas de responsabilidade social, prestigiando a economia e a mão de obra locais. O projeto é ambientalmente responsável e foi desenvolvido dentro dos conceitos de evento neutro e resíduo zero, prevendo ainda uso eficiente de água e energia.
Com o apoio de seus empoderadores –Allianz, AXA, BB Seguros, Bradesco Seguros, Caixa Seguridade, MAPFRE, Marsh McLennan, Porto, Prudential e Tokio Marine – a Casa funciona em 1,6 mil m² de área útil, acomodando plenária com 100 lugares, seis salas de reunião, business lounges, estúdio para gravação de podcasts, sala de imprensa, espaço de convivência e área para exposições artísticas e apresentações culturais.
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