Clima: seguros impulsionam o desenvolvimento de uma economia inclusiva
A Casa do Seguro, em Belém, reuniu lideranças do Brasil e do exterior, na tarde de sábado (15), para discutir como o setor de seguros e o sistema financeiro podem acelerar a transição climática, reduzir a lacuna de proteção e integrar riscos ambientais e sociais às suas estratégias.
A programação começou com o painel “Do conhecimento à ação: a jornada do setor financeiro”, que apresentou os resultados do trabalho conjunto entre a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) e a Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
Ao longo de 2025, as três entidades promoveram seis capacitações e estruturaram uma agenda integrada de transição climática para o sistema financeiro. A assessora de Sustentabilidade da Febraban, Thais Tannús, destacou o caráter pioneiro da iniciativa, enquanto a diretora de Sustentabilidade da CNseg, Claudia Trindade Prates, ressaltou a importância da cooperação entre instituições. “Somos indutores de sustentabilidade. Juntos, conseguimos fazer mais”, afirmou.
Cacá Takahashi, diretor da Anbima e coordenador da Rede Anbima de Sustentabilidade, reforçou o papel da colaboração entre equipes e instituições. O painel concluiu com o compromisso de dar continuidade à agenda após a COP30, incluindo projetos em educação financeira, inventários de carbono setoriais e estudos sobre seguros de desastres e mercado de capitais.
Em seguida, a CNseg e a UNEP FI abriram o “COP30 Global Sustainable Insurance Summit”, fórum dedicado ao debate Net-Zero, natureza e transição justa no setor de seguros. Claudia Prates sublinhou o destaque inédito do setor na COP: “Estamos sendo referências em diversos eventos, algo nunca visto anteriormente.”
Jéssica Bastos, diretora da Susep, abordou a relação entre riscos climáticos e desafios estruturais de países em desenvolvimento, defendendo planejamento e ação coordenada.
Butch Bacani, chefe de Seguros da UNEP FI, ??anunciou que cada sessão traria um lançamento inédito da ONU para acelerar a agenda global de seguros sustentáveis. “Precisamos fazer mais, sermos mais inclusivos. Em toda sessão hoje, vamos lançar algo novo para mover essa agenda de seguro sustentável.”
O painel “Planos de Transição: acelerando e ampliando uma transição justa rumo a uma economia Net-Zero resiliente” marcou o lançamento do guia global “A Total Balance Sheet Transition”, desenvolvido pelo Fórum de Transição em Seguros da ONU (FIT). Segundo Bacani, o documento é pioneiro ao conectar portfólios de investimentos e seguros numa mesma estratégia de descarbonização.
Claudine Blamey, diretora de Sustentabilidade do Grupo Aviva, relatou a evolução dos planos de transição da segurança, enfatizando a importância da execução. Catherine Chazal, do Grupo AXA, apresentou iniciativas de capacitação e adaptação climática envolvendo 80 mil funcionários.
Já Patrícia Coimbra, diretora de Gente e Cultura da Porto, destacou os quatro pilares da estratégia de sustentabilidade da empresa: capital humano, mudanças climáticas e circularidade, produtos sustentáveis ??e engajamento da cadeia de valor. Jéssica Bastos encerrou o painel alertando para o desafio do regulador de avanço na agenda climática sem criar barreiras de mercado.
O painel a seguir foi dedicado ao lançamento do relatório global do WWF sobre a lacuna de proteção securitária em um cenário de agravamento das mudanças climáticas.
Aaron Vermeulen, diretor global de Finanças para a Natureza do WWF Internacional, mostrou como os eventos extremos e a degradação ambiental têm causado ??prejuízos crescentes, especialmente em países em desenvolvimento.
Vermeulen defendeu que o enfrentamento desses riscos exige ação integrada entre mercado segurador e políticas públicas de mitigação, conservação e restauração ambiental. Ele destacou que soluções baseadas na natureza geram alto retorno econômico e danos em eventos climáticos extremos.
No painel “Assegurando um futuro resiliente e positivo para a natureza”, Butch Bacani reafirmou a conexão entre clima e biodiversidade, apresentando o novo guia da ONU para integrar riscos e oportunidades associadas à natureza. Mais de 60 seguradoras e organizações já participam do grupo global sobre o tema.
Aurelie Fallon Saint-Lo, head of Sustainable Underwriting do Grupo AXA, destacou o seguro de restauração de ecossistemas do AXA Climate, aplicado em países como Filipinas e México. Hiroko Urashima, senior Sustainability Specialist da MS&AD Insurance Group, destacou que as seguradoras precisam reconhecer seu papel na degradação dos ecossistemas ao financiar e assegurar atividades insustentáveis: “Aceleramos esse tipo de urbanização.”
Mónica Zuleta, diretora corporativa de sustentabilidade da MAPFRE, apresentou iniciativas inovadoras à integração da natureza na estratégia corporativa, incluindo seguros para recifes e florestas.
Frederic Olbert, cofundador da Carbonpool, discutiu os seguros que protegem o mercado de carbono contra riscos estruturais. Chip Cunliffe, da Ocean Risk and Resilience Action Alliance, destacou o potencial das soluções oceânicas para reduzir riscos em comunidades costeiras e o uso de tecnologia para identificar pesca ilegal.
O painel reforçou a diversidade de caminhos possíveis para que o setor de seguros impulsione uma economia positiva para a natureza.
O último painel da tarde, “Assegurando uma transição justa”, apresentou o relatório da UNEP FI sobre o tema na América Latina. Para Bacani, a transição climática só será bem-sucedida se for inclusiva: “Precisamos incluir, não excluir, as pessoas.”
Mabyr Valderrama, diretora de sustentabilidade da Fasecolda (Colômbia), apresentou experiências de restauração de ecossistemas e programas de educação financeira voltados à inclusão.
Richard Choularton, do Programa Mundial de Alimentos (WFP), mostrou como os microseguros têm ajudado comunidades vulneráveis ??a enfrentar secas e enchentes, reforçando a importância da proteção financeira combinada aos mecanismos de apoio.
Soenke Kreft, executive Director da MCII, e Craig Pettengell, co-líder de seguros da Climate Champions, defenderam a integração entre políticas públicas, microseguros e soluções paramétricas voltadas para pequenos produtores. O debate concluiu com consenso: sem inclusão social, não há transição justa nem sustentável.
Um setor em transformação
Ao longo da programação, os painéis da Casa do Seguro revelaram um setor financeiro mais articulado, inovador e comprometido com o enfrentamento da crise climática.
Da capacitação conjunta entre CNseg, Anbima e Febraban ao lançamento de guias globais da ONU, das discussões sobre natureza e biodiversidade às estratégias para promover uma transição justa na América Latina, ficou evidente que o seguro e o sistema financeiro ocupam um papel crescente na agenda climática.
As apresentações apontaram caminhos concretos para fortalecer resiliência, ampliar proteção, integrar riscos ambientais e sociais e aproximar governos, empresas e comunidades. Em comum, prevaleceu a mensagem de que enfrentar a crise climática exige colaboração, inovação e ações que coloquem as pessoas no centro da transição.
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