O mês de novembro é marcado pela campanha do Novembro Azul para a prevenção do câncer de próstata em homens. Mas para além dos homens, esse tipo de câncer também pode se manifestar em crianças e a Lei nº 14.694/2023 instituiu o Novembrinho Azul para a conscientização sobre a importância dos cuidados com a saúde sexual e reprodutiva e sobre o diagnóstico precoce do câncer de próstata no público infanto-juvenil.

O cirurgião pediátrico e CFO da Unimed Nova Iguaçu, Christian Ferreira, explica que as ocorrências de tumores de próstata em crianças são extremamente raras. Nesses casos, porém, o tipo mais comum não é o adenocarcinoma — característico da vida adulta —, mas o rabdomiossarcoma, um câncer que se origina em tecidos moles e pode acometer a região pélvica e prostática infantil. A incidência desse tipo de tumor é inferior a 2% em relação a outros tipos de câncer na infância.

“O rabdomiossarcoma de próstata é muito raro, mas quando ocorre, pode se manifestar com sinais como dor ou dificuldade para urinar, diminuição do volume urinário, inchaços abdominais, tumorações na região da pelve ou queixas urinárias persistentes e outras alterações na genitália”, explica o especialista.

O tratamento varia de acordo com o estágio do câncer (se há ou não metástases) e do estado geral de saúde da criança. Pode ser necessária a realização de cirurgia para remover o tumor ou a quimioterapia/radioterapia para destruir células cancerosas. “O diagnóstico precoce é fundamental. A taxa de sobrevida pode ser alta (até 80%) se a doença for diagnosticada precocemente e sem metástases”, destaca.

Para as crianças, a melhor forma de “prevenção" se concentra no acompanhamento pediátrico regular para detecção precoce de quaisquer anomalias. “É importante que também sejam despertados, desde a infância, hábitos de vida saudáveis que poderão ajudar a prevenir o câncer de próstata na vida adulta, como evitar a obesidade, evitar fumar e ingerir bebidas alcoólicas, incluir a prática regular de exercícios físicos e a alimentação saudável rica em frutas, legumes, verduras, grãos e cereais integrais, e com pouca gordura (especialmente de origem animal) e ultraprocessados”, recomenda o médico.

Para além das medidas acima, o cirurgião também destaca que a manutenção da higiene genital e da região urológica, embora não previna o câncer de próstata diretamente, também é essencial para evitar infecções e inflamações que, se recorrentes e não tratadas, podem se tornar fatores de risco para outros problemas de saúde no trato urogenital. O monitoramento do crescimento e desenvolvimento, sobre a vacinação e as orientações sobre alimentação, higiene, segurança e desenvolvimento saudável são elementos importantes do acompanhamento pediátrico. “ A ida ao pediatra é momento em que o médico pode realizar o exame físico completo, incluindo a genitália, para detectar quaisquer alterações, tumorações ou problemas urinários incomuns que possam ser sinais de alerta, como os do rabdomiossarcoma”, afirma.

O médico ainda explica que os pais são atores essenciais nesse processo. “Cabe a eles adotar e incentivar hábitos saudáveis em casa, garantir o acompanhamento pediátrico, fomentar a criança para que ela se sinta segura para falar sobre o próprio corpo e qualquer dor ou incômodo e observar qualquer mudança no comportamento, na alimentação, no sono e, principalmente, a queixas urinárias ou alterações físicas (como inchaço ou dor). O queixume da criança, mesmo que pareça pequeno, deve ser sempre comunicado ao pediatra”, finaliza.

O último fator de alerta é que também é importante que os pais informem o pediatra sobre o histórico familiar significativo de câncer em parentes de primeiro grau, especialmente em idades jovens.