Taxas de juros elevadas, mudanças regulatórias e oscilações inesperadas na demanda vêm tornando o ambiente de negócios cada vez mais imprevisível. Nesse cenário, o papel do CFO deixou de ser apenas operacional e passou a ser estratégico e decisivo para o futuro das companhias. A função financeira passou a ter uma nova missão: antecipar riscos, enxergar oportunidades e garantir que cada decisão de investimento ou ajuste de custos esteja alinhada à visão de longo prazo da empresa.

Segundo André Gonçalves, CFO da iugu, empresa de tecnologia especializada em infraestrutura financeira, a base dessa atuação está na avaliação contínua dos indicadores financeiros e operacionais. “Hoje, não basta acompanhar o fluxo de caixa ou a receita isoladamente. É essencial monitorar métricas como churn, CAC, LTV, retorno sobre capital investido e indicadores de risco, revisando esses dados em ciclos semanais, mensais e trimestrais”, afirma o executivo. Esse olhar integrado permite identificar problemas antes que se tornem crises e antecipar oportunidades de crescimento com mais precisão.

A relevância dessa prática é confirmada pelo CFO Survey 2025 da Deloitte, que aponta que 74% das empresas financeiras no Brasil planejam adotar inteligência artificial generativa em seus processos, e 15% já utilizam a tecnologia em rotinas de planejamento, análise financeira e previsões de receita.

O estudo mostra, no entanto, que os maiores desafios estão na integração de sistemas (54%), na capacitação das equipes (51%) e na falta de habilidades técnicas (48%). Essa transição, portanto, exige mais do que investimento em tecnologia: demanda cultura, processos sólidos e profissionais preparados para lidar com cenários cada vez mais complexos.

A Gartner também reforça o protagonismo do CFO na atual conjuntura econômica. Segundo a consultoria, a confiança executiva global segue em queda, e as lideranças financeiras precisam concentrar esforços em três frentes principais: redirecionar investimentos para diferenciação competitiva, construir uma cultura consciente na gestão de custos e adotar uma postura de adaptação rápida por meio da constante avaliação de cenários. A integração entre planejamento financeiro, gestão de riscos e cultura organizacional tem se mostrado essencial para a sustentabilidade e o crescimento das empresas.

Na prática, essa abordagem se traduz em rotinas rigorosas de análise e reavaliação de metas. Reuniões semanais de acompanhamento de indicadores, revisões periódicas de orçamento e políticas de caixa que garantam segurança em momentos de instabilidade fazem parte de uma nova rotina financeira. Essa consistência operacional permite que as companhias corrijam a rota em tempo real, sem comprometer o desempenho de longo prazo.

Além de acompanhar números, o CFO moderno precisa ter mentalidade de dono, compreender profundamente o negócio, traduzir riscos de forma clara e tomar decisões rápidas, mas conscientes. Esse perfil garante consistência e previsibilidade mesmo em um ambiente econômico instável, conectando o presente às metas de futuro.

“Em um mundo em que a adaptabilidade deixou de ser diferencial e se tornou condição de sobrevivência, o CFO passa a ser protagonista estratégico”, complementa Gonçalves. Seu papel é equilibrar a pressão por resultados imediatos com a necessidade de planejamento sustentável, transformando a volatilidade do mercado em oportunidade de crescimento.

Sobre a iugu

A iugu é uma empresa brasileira de tecnologia que oferece um ecossistema completo de infraestrutura financeira. Fundada em 2012, conta com cerca de 200 colaboradores e atende mais de 130 mil contas ativas de diversos setores econômicos, como educação, empresas de SaaS, saúde e igaming. A companhia tem entre seus investidores o Grupo Goldman Sachs e é a 25ª licenciada pelo Banco Central como Instituição de Pagamento regulamentada.