Coworkings apoiam o Outubro Rosa e promovem transformação social
*Daniel Moral, CEO e fundador da Eureka Coworking
Nos últimos anos, o ambiente corporativo passou por uma transformação profunda. O trabalho deixou de ser apenas um espaço físico dedicado à produtividade e passou a representar uma experiência de vida. O conceito de produtividade se expandiu para incluir saúde mental, propósito e qualidade de vida. E, nesse contexto, o Outubro Rosa se torna mais do que uma campanha de conscientização: ele é um espelho de como as empresas e espaços de trabalho encaram o cuidado como valor estratégico.
A pandemia, seguida por novos modelos híbridos e colaborativos, acelerou essa mudança. Trabalhar hoje não é apenas entregar resultados, é pertencer, aprender e se cuidar. Líderes e gestores que entendem isso estão à frente de uma nova era da cultura organizacional, baseada na empatia e na escuta ativa.
A campanha do Outubro Rosa, que nasceu com o objetivo de conscientizar sobre o câncer de mama, evoluiu para um convite mais amplo: o de repensar como as empresas promovem saúde, acolhimento e bem-estar no cotidiano.
Coworkings como multiplicadores de boas práticas
Coworkings e ambientes colaborativos estão na linha de frente dessa mudança. Eles reúnem profissionais de diferentes áreas, empresas de diversos portes e culturas em um mesmo espaço, e, por isso, possuem um potencial único de multiplicar boas práticas e inspirar novas mentalidades.
Mais do que locais de trabalho, esses espaços se tornaram ecossistemas de convivência, aprendizado e apoio. A troca entre pessoas diversas cria um ambiente fértil para conversas sobre temas que extrapolam o universo corporativo, como saúde, empatia, diversidade e propósito.
O papel das empresas na cultura do cuidado
A conscientização sobre o câncer de mama também envolve o olhar para a saúde emocional e social das mulheres. Isso desafia empresas e gestores a irem além das campanhas pontuais, criando uma cultura organizacional baseada na empatia e na escuta ativa.
Em um coworking, por exemplo, essa transformação pode ser observada de forma muito concreta. Ao reunir diversas comunidades sob o mesmo teto, o espaço se torna um ecossistema de influência positiva. Quando uma empresa promove uma ação de conscientização, as demais tendem a aderir.
Em 2024, somente 24% das mulheres realizaram mamografias no Brasil, segundo o Instituto Natura e o Observatório de Oncologia do Movimento Todos Juntos Contra o Câncer. A taxa está muito abaixo dos 70% indicados pela OMS, lembrando-nos do quanto ainda precisamos avançar na conscientização e no acesso à prevenção.
Esses dados mostram que ainda há um longo caminho até que a prevenção se torne uma realidade acessível e priorizada. E é justamente nesse ponto que as empresas, e, especialmente, os coworkings, podem atuar de forma ativa.
A prevenção é, acima de tudo, um ato de responsabilidade coletiva. Não se trata apenas de lembrar as pessoas sobre exames e consultas, mas de inspirar hábitos de autocuidado e saúde emocional.
Bem-estar como diferencial competitivo
De acordo com um levantamento da Deloitte (2025), os desafios relacionados ao bem-estar não afetam apenas os colaboradores, mas também líderes e executivos. Cerca de quatro em cada dez trabalhadores, gerentes e executivos relatam sentir-se frequentemente ou sempre exaustos e estressados. A situação evidencia a urgência da pauta: 59% dos trabalhadores, 66% dos gerentes e 71% da alta liderança afirmam que considerariam seriamente aceitar uma oportunidade em outra empresa que promovesse melhor seu bem-estar.
Por isso, acreditamos que o papel de um coworking moderno vai além de oferecer estrutura e tecnologia. Ele precisa ser um ambiente que incentive o equilíbrio entre produtividade e bem-estar, ajudando a reduzir o absenteísmo, fortalecer o engajamento e aumentar a produtividade de forma sustentável.
Durante o Outubro Rosa, os coworkings têm a oportunidade de liderar o movimento de conscientização no ambiente empresarial com a realização de palestras, eventos educativos e rodas de conversa. O verdadeiro impacto acontece quando essas ações se traduzem em mudanças de cultura, quando os gestores aprendem a ouvir, quando as empresas flexibilizam políticas, quando o cuidado passa a fazer parte da estratégia.
O ambiente corporativo precisa ser parte ativa da solução. É hora de reconhecer que cuidar é um ativo empresarial. Empresas e empreendedores que integram saúde e bem-estar em suas políticas não apenas fortalecem suas equipes, mas constroem marcas mais autênticas e admiradas.
Os coworkings, como a Eureka, têm o privilégio e a responsabilidade de serem palco dessa mudança. De provar que produtividade e cuidado podem coexistir, e que, quando isso acontece, todos crescem.
Tendência: espaços que humanizam o trabalho
O conceito de work-life integration (integração entre vida pessoal e profissional) vem substituindo a antiga noção de equilíbrio. Isso significa que o ambiente de trabalho deve ser um prolongamento do bem-estar e não uma pausa dele. E espaços colaborativos, por natureza, favorecem essa integração.
Eles estimulam a convivência saudável, o apoio mútuo e a troca de experiências. São espaços onde a pausa para o café pode ser também um momento de escuta, de empatia e até de conscientização.
E isso não é apenas tendência, é futuro. Empresas que entendem que o bem-estar é um pilar estratégico tendem a ter equipes mais engajadas, clientes mais satisfeitos e resultados mais consistentes.
Dicas práticas para implementar o bem-estar no trabalho
Para que empresas e coworkings se tornem verdadeiros agentes de transformação, é fundamental adotar medidas concretas. Entre as estratégias mais eficazes, destacam-se:
Programas de saúde física e mental:
Parcerias com academias, profissionais de psicologia e nutricionistas, além de palestras e workshops sobre hábitos saudáveis e prevenção de doenças, promovem cuidado integral e incentivam mudanças de estilo de vida.
Flexibilidade e autonomia:
Modelos híbridos ou horários flexíveis permitem que os colaboradores administrem melhor suas demandas profissionais e pessoais, favorecendo a integração entre vida pessoal e trabalho, aumentando satisfação e engajamento.
Ações de conscientização e prevenção:
Campanhas como o Outubro Rosa, palestras educativas e atividades de prevenção incentivam hábitos de autocuidado e reforçam a cultura de atenção à saúde.
Cultura de feedback e escuta ativa:
Canais de comunicação transparentes, reuniões regulares de acompanhamento e rodas de conversa sobre desafios diários promovem maior proximidade, empatia e permitem identificar oportunidades de melhoria no ambiente de trabalho.
O espaço que inspira mudança
Vivemos um momento em que os espaços físicos voltam a ter relevância. Em meio a um mundo cada vez mais digital, o reencontro com o humano se tornou essencial. Os coworkings, nesse contexto, são mais do que locais para trabalhar — são espaços de convivência, aprendizado e reconstrução de vínculos.
O Outubro Rosa nos lembra que transformar começa pelo olhar. Quando olhamos com atenção para quem está ao nosso lado, damos o primeiro passo para um ambiente mais saudável e solidário.
*Analista de sistemas com MBA em gestão de empresas pela FGV, Daniel Moral está há 10 anos à frente da Eureka Coworking. Como CEO, gerencia as operações diárias dos escritórios com o foco na inovação e no bem-estar dos profissionais, gerando impacto positivo no ambiente urbano e na comunidade local.
Moral acredita firmemente no empreendedorismo como um catalisador de transformação significativa de pessoas e cidades. Além de sua abordagem centrada nos negócios, é comprometido com questões sociais e de mobilidade urbana. Ao lado de seu irmão, idealizou o Bike Tour SP, um negócio social que promove passeios de bicicleta incorporando cultura e solidariedade ao explorar roteiros da capital, tornando-se referência em turismo.
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