O valor do saber fazer: falta de profissionais capacitados impacta mercado de confecção
Por Aluízio de Freitas, Diretor da Sigbol
O mercado de confecção brasileiro vive um paradoxo. Ao mesmo tempo em que a demanda por produtos cresce e novas marcas surgem todos os dias, há uma escassez preocupante de profissionais qualificados para atender essa cadeia produtiva. Modelistas cortadores, piloteiras, costureiros e estilistas experientes se tornaram raridade. E essa falta de mão de obra impacta diretamente na produtividade, na qualidade e na sustentabilidade das empresas do setor.
O problema não é novo. Ele se agravou ao longo das últimas décadas, à medida que as pessoas e a indústria deixaram de investir na formação técnica. O resultado é o que vivemos hoje: um verdadeiro apagão de talentos na base da moda.
Essa escassez não se limita ao chão de fábrica. Falta também mão de obra intermediária: profissionais que entendam de ficha técnica, de encaixe, de controle de qualidade, de gradação de moldes. São funções fundamentais para que a moda aconteça, mas que dependem de formação técnica prática e experiência. Sem esse conhecimento, a indústria fica mais lenta, mais cara e mais vulnerável a erros.
A ausência de profissionais capacitados é, portanto, um reflexo de uma estrutura de País que deixou de valorizar o saber fazer. Quando o mercado busca apenas velocidade e preço, perde-se o reconhecimento pelo trabalho técnico e pelo tempo necessário para dominar um ofício. O custo disso é alto e está sendo pago agora, por confecções que não conseguem contratar, por marcas que perdem qualidade e por empreendedores que veem seus prazos e custos se multiplicarem.
Como diretor à frente da Sigbol, que há 56 anos forma profissionais para o setor, e contabiliza a passagem de mais de 500 mil alunos e 2 mil docentes nessas décadas, acredito que o caminho é retomar o respeito pelo ofício. Valorizar o ensino técnico, incentivar a formação continuada e criar condições dignas para que o profissional permaneça na área. A confecção é a base da moda, e sem profissionais que saibam fazer, não há coleção, nem marca, nem futuro possível para o setor.
Compartilhe:: Participe do GRUPO SEGS - PORTAL NACIONAL no FACEBOOK...:
<::::::::::::::::::::>