O trabalho remoto segue em expansão, mas ainda levanta dilemas sobre produtividade e bem-estar. Segundo o relatório The Remote Work Paradox, divulgado pela Gallup em 2025, profissionais que atuam totalmente a distância têm maior engajamento com suas atividades, mas também relatam níveis mais altos de estresse e exaustão emocional. O estudo define esse contraste como “paradoxo do trabalho remoto” e aponta que o desafio está em combinar flexibilidade e bem-estar.

No Brasil, a preferência pelo modelo remoto é evidente. A pesquisa Talent Trends Tech 2025, realizada pela Michael Page, mostra que 47% dos profissionais de tecnologia deixariam o emprego caso fossem obrigados a ampliar a presença física no escritório. O levantamento, conduzido entre novembro e dezembro de 2024 em 36 países, também aponta que a flexibilidade é hoje um dos principais fatores de retenção e satisfação profissional.

A Gallup observa que o trabalho remoto traz ganhos de desempenho e foco individual, mas pode gerar isolamento e queda na sensação de pertencimento. O relatório recomenda que as empresas fortaleçam a cultura de equipe e promovam interações regulares entre colaboradores, mesmo a distância, para reduzir o estresse e aumentar o bem-estar.

Entre as empresas que buscam equilibrar desempenho e bem-estar no modelo remoto está o TutorMundi, startup brasileira de educação que conecta alunos a tutores em tempo real para plantões de dúvidas, aulas particulares e orientação de estudos. A empresa opera de forma 100% remota desde a fundação e mantém uma rotina guiada por processos bem definidos, revisão semanal de OKRs e acompanhamento diário das atividades de cada equipe e colaborador.

O sistema interno permite monitorar entregas e acompanhar a evolução das tarefas diárias, além de manter uma agenda aberta que facilita o agendamento de reuniões e a comunicação entre as equipes. Essa transparência operacional favorece a colaboração entre áreas e garante agilidade na tomada de decisões. As reuniões rápidas de acompanhamento e as metas compartilhadas reforçam a disciplina e a organização, pilares essenciais para que o modelo remoto funcione em alta performance.

Mesmo com equipes distribuídas por todo o país, o TutorMundi promove momentos de integração virtual que fortalecem o senso de pertencimento, como encontros temáticos em datas comemorativas, entre eles o “Dia do Cabelo Maluco”, realizado em outubro. Essas ações ajudam a manter o clima leve e colaborativo sem perder a cadência operacional.

A combinação entre cultura colaborativa e uso inteligente da tecnologia tem sustentado o crescimento da plataforma, que já ultrapassou a marca de 1 milhão de atendimentos educacionais, somando aulas particulares, orientações de estudo e plantões de dúvidas. Esses resultados demonstram que é possível alcançar produtividade e engajamento em um modelo 100% remoto.

Para o fundador e CEO, Rapha Coe, o segredo do trabalho remoto está na combinação de disciplina, clareza e cultura. “O trabalho à distância exige organização e processos. Quando a rotina é bem estruturada e as pessoas entendem o propósito do que fazem, o engajamento acontece naturalmente”, afirma.

Um estudo recente publicado no arXiv, Generative AI and the Transformation of Work in Latin America Brazil, reforça que o avanço da inteligência artificial está remodelando a cultura organizacional, exigindo novas habilidades e práticas de gestão mais humanizadas. A pesquisa aponta que empresas que combinam tecnologia e empatia têm maior capacidade de adaptação e bem-estar coletivo.

Casos como o do TutorMundi mostram que flexibilidade e conexão social podem coexistir. À medida que o trabalho remoto se consolida no Brasil, o desafio das empresas será transformar a liberdade de horários e formatos em fator de engajamento, e não de desconexão.