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Uso responsável de IA: como o compliance digital brasileiro está na vanguarda

Compliance digital brasileiro lidera o uso responsável da inteligência artificial - Divulgação Compliance digital brasileiro lidera o uso responsável da inteligência artificial - Divulgação

Por Patricia Punder, advogada e CEO da Punder Advogados

A função do Compliance Officer sempre esteve ligada a um tripé fundamental, prevenir riscos, garantir conformidade regulatória e preservar a reputação das organizações. No entanto, esse papel passa por uma transformação profunda. A inteligência artificial (IA) e a análise massiva de dados não são apenas ferramentas auxiliares, mas ferramentas que estão redesenhando a própria essência da governança e da ética corporativa.

Segundo o Relatório Global de Integridade da EY, empresa de consultoria e auditoria, 51% das empresas brasileiras já utilizam IA em suas práticas de compliance e integridade, percentual muito acima da média global que é de 29%. Mais importante ainda é que 92% dessas organizações expressam preocupação em estruturar políticas que assegurem segurança da informação, privacidade e ética no uso dos algoritmos. Isso significa que no Brasil, há uma consciência clara sobre a necessidade de supervisão humana para reduzir riscos como as chamadas “alucinações” da IA generativa, fortalecendo o papel do Compliance Officer como mediador entre tecnologia e governança.

Da detecção manual à predição inteligente

Tradicionalmente, compliance dependia de auditorias periódicas, revisões documentais e controles baseados em amostragens. Era um trabalho que se apoiava em processos lineares, frequentemente reativos. Hoje, algoritmos de machine learning são capazes de mapear transações em tempo real, identificar padrões atípicos e antecipar riscos que antes só seriam detectados meses depois ou sequer seriam descobertos.

Esse salto de detecção para predição muda a natureza do compliance, deixa de ser um departamento que reage a irregularidades e passa a atuar como guardião estratégico, apontando onde estão as vulnerabilidades antes que se tornem crises.

O desafio ético da automação

Mas é preciso cautela, o uso de IA em compliance não se limita à eficiência técnica, traz consigo dilemas éticos que não podem ser ignorados. Algoritmos carregam vieses dos dados em que foram treinados e podem perpetuar discriminações sutis ao definir padrões de risco. A supervisão humana permanece indispensável para garantir que a tecnologia não sacrifique princípios fundamentais de justiça, proporcionalidade e equidade.

O Compliance Officer do futuro terá que dominar tanto a lógica regulatória quanto a lógica algorítmica. Isso significa dialogar com áreas de ciência de dados, compreender modelos preditivos e ser a voz crítica que questiona se uma decisão automatizada é não apenas legal, mas justa.

Outra transformação é a centralidade dos dados. Não se trata apenas de coletar informações, mas de tratá-las com governança, qualidade e responsabilidade. A análise de big data permite criar mapas de risco dinâmicos, correlacionar variáveis antes invisíveis e oferecer ao conselho informações estratégicas para decisões em tempo real.

Nesse cenário, a função do Compliance Officer passa a ser também a de curador, interpretando dados, traduzindo a complexidade tecnológica para a alta gestão e garantindo que a utilização da informação esteja alinhada aos valores e regulamentos que regem o negócio.

O novo perfil do Compliance Officer

Se antes a função exigia principalmente conhecimento jurídico e regulatório, agora é cada vez mais interdisciplinar. O profissional de compliance precisará transitar entre direito, tecnologia, gestão de riscos e ética digital. Será esperado dele não apenas a habilidade de interpretar leis, mas de questionar algoritmos, auditar processos automatizados e propor mecanismos de transparência algorítmica. Acredito que o futuro do compliance está menos em criar barreiras e mais em construir pontes entre tecnologia e governança.

Em um ambiente empresarial hiperconectado e regulado, a confiança será o ativo mais valioso. A tecnologia é uma aliada poderosa, mas só cumprirá seu papel se acompanhada de visão crítica e responsabilidade. O Compliance Officer digital não será substituído por algoritmos, será elevado por eles. Sua missão será transformar dados em integridade, tecnologia em confiança e compliance em valor estratégico.

Patricia Punder, é advogada e compliance officer com experiência internacional. Professora de Compliance no pós-MBA da USFSCAR e LEC – Legal Ethics and Compliance (SP). Uma das autoras do “Manual de Compliance”, lançado pela LEC em 2019 e Compliance – além do Manual 2020.

Com sólida experiência no Brasil e na América Latina, Patricia tem expertise na implementação de Programas de Governança e Compliance, LGPD, ESG, treinamentos; análise estratégica de avaliação e gestão de riscos, gestão na condução de crises de reputação corporativa e investigações envolvendo o DOJ (Department of Justice), SEC (Securities and Exchange Comission), AGU, CADE e TCU (Brasil).


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