A inteligência artificial (IA) vem se consolidando como uma das principais forças de transformação do varejo global. Se antes era vista apenas como uma promessa distante, hoje já faz parte do dia a dia das empresas — ajudando a prever demandas, personalizar ofertas, otimizar estoques e melhorar a experiência do cliente. O que antes parecia uma ameaça à força de trabalho, agora se mostra uma aliada poderosa na busca por eficiência e inovação.

Para Edison Tamascia, presidente da Febrafar (Federação Brasileira das Redes Associativistas e Independentes de Farmácias) e da Farmarcas, grupo que administra redes de farmácias, a IA representa um avanço inevitável e benéfico, desde que usada com estratégia e foco humano. “A inteligência artificial não é uma força de ruptura — ela é uma ferramenta de evolução, capaz de otimizar processos, apoiar decisões estratégicas e potencializar o talento humano”, destaca o executivo.

IA: da automação à experiência personalizada

Nos mais diversos segmentos do varejo — moda, alimentação, eletrônicos e também nas farmácias — a IA tem sido aplicada para automatizar tarefas repetitivas, interpretar dados complexos e gerar insights em tempo real. Ferramentas de recomendação de produtos, chatbots inteligentes e análise preditiva de comportamento do consumidor já fazem parte dessa nova rotina digital.

Segundo Tamascia, o grande diferencial está na forma como a tecnologia libera tempo e energia dos profissionais, permitindo que o foco retorne ao que realmente importa: o cliente. “Isso significa menos tempo gasto com atividades administrativas e mais energia dedicada à experiência, ao cuidado e ao relacionamento humano”, explica.

Case da Febrafar mostra que a IA é prática e acessível

No setor farmacêutico, a Febrafar vem mostrando que a inteligência artificial pode ser uma ferramenta acessível e de impacto real. Em parceria com a Google Cloud e com o apoio da IPNET, a entidade desenvolveu uma solução de trade marketing baseada em IA capaz de analisar imagens enviadas pelas farmácias associadas.

Em apenas dois meses, o sistema processou mais de 3 mil fotos, transformando dados visuais em informações estratégicas para tomada de decisão. O resultado foi uma redução de até 20% no tempo gasto em validações manuais, com ganhos de agilidade e precisão.

O projeto foi reconhecido como case no Google Cloud Summit Brasil 2025, reforçando o protagonismo da Febrafar em inovação. “Esse projeto comprova que a inteligência artificial é acessível, prática e capaz de gerar resultados concretos no setor varejista”, afirma Tamascia.

Digitalização 360°: o próximo passo do varejo

Para o presidente da Febrafar, o futuro das empresas passa pela chamada digitalização 360° — um conceito que vai muito além da presença online. “O valor da digitalização 360° vai muito além da tecnologia. Ela transforma a forma como os processos internos são conduzidos, como os clientes são atendidos e como decisões estratégicas são tomadas”, explica Tamascia.

Na prática, essa digitalização integral envolve conectar todos os pontos da operação — gestão interna, logística, atendimento e análise de dados — criando uma base sólida para decisões mais assertivas. No varejo farmacêutico, a Febrafar tem implementado esse processo de forma gradual e estratégica, preparando suas redes para um mercado mais competitivo e digital.

Tecnologia com propósito humano

Apesar do avanço tecnológico, Tamascia faz questão de reforçar que o sucesso dessa transformação depende da valorização das pessoas. “A IA não substitui os profissionais. Pelo contrário, ela libera os colaboradores de tarefas repetitivas e permite que foquem no que a máquina não consegue substituir: empatia, atenção e proximidade com o cliente”, destaca.

Esse equilíbrio entre tecnologia e humanidade é o que deve guiar o futuro do varejo. “A verdadeira transformação não está em substituir ou destruir o que já existe, mas em evoluir de forma inteligente, conectando tecnologia, estratégia e experiência humana”, conclui.

Com a integração entre inteligência artificial e digitalização 360°, o varejo brasileiro — e especialmente o farmacêutico — entra em uma nova era: mais eficiente, integrada e centrada nas pessoas. Um futuro em que o digital e o humano caminham lado a lado, reforçando o verdadeiro propósito do setor — o cuidado com o cliente.