Empresas desejam IA, mas ainda operam com processos da década de 90
Por: Marcos Tadeu Jr, CEO da Invent Software
Nos últimos meses tornou-se quase impossível conversar com empresários e executivos sem que a inteligência artificial apareça como um dos temas centrais. Todos querem IA, todos falam de IA, todos prometem IA. Mas a realidade é que a maioria ainda opera como se estivesse na década de 90.
De um lado há a expectativa de que a IA ajude a cortar custos, aumentar a produtividade e transformar processos; de outro vemos organizações travadas por sistemas antiquados, fluxos manuais e uma cultura resistente a mudanças. É como exigir que um carro com motor fundido dispute uma corrida de Fórmula 1. E isso não é exagero.
O atraso não é exclusividade brasileira. Pesquisas recentes da McKinsey indicam que apenas 11% das empresas no mundo usam IA generativa em escala, e em áreas operacionais menos de 6% conseguiram escalar um caso de uso. Em outras palavras: a maioria faz experimentos, mas poucos integram a tecnologia de verdade. Outro levantamento realizado pela Revista TIC Empresas 2024 reforça que, apesar do hype, só 11% das empresas adotaram. Por quê? Porque os dados estão espalhados em planilhas, os processos dependem de e-mails, papéis e aprovações manuais, e a tecnologia ainda é vista como custo, não como estratégia.
Enquanto isso, as big techs operam em outro patamar. Na WWDC 2025, a Apple anunciou a integração do Apple Intelligence ao iPhone, iPad, Mac, Apple Watch e Vision Pro, com recursos como Live Translation e modelos de linguagem on‑device que estarão disponíveis aos usuários em breve. Em outras palavras, as ferramentas de IA generativa estarão no bolso dos seus colaboradores antes de estarem integradas aos sistemas corporativos.
No e-commerce, a distância entre discurso e prática também se escancara. Plataformas investem em experiências personalizadas com IA, enquanto muitos varejistas ainda lutam para consolidar dados de estoque, pedidos e clientes em sistemas minimamente integrados. A promessa de prever comportamentos de compra e automatizar decisões esbarra em operações fragmentadas, processos manuais e cadeias logísticas sem visibilidade em tempo real. Resultado: empresas gastando mais do que precisam, vendendo menos do que poderiam e culpando a concorrência ou o mercado.
Organizações que desejam competir no mundo da IA precisam começar pelo básico: arrumar a casa. Isso significa investir em infraestrutura, automação, integração de dados e revisão de processos. Só assim será possível extrair valor real da IA. Não adianta contratar especialistas em prompts se sua operação ainda depende de carimbos e planilhas.
Na minha trajetória, tenho ajudado empresas a sair do modo analógico, automatizando processos, integrando sistemas legados e modernizando operações. Na Invent, desenvolvemos soluções tecnológicas que se conectam à qualquer ERP e acompanhamos nossos clientes de perto na implantação, na integração e no suporte. Presenciamos diariamente como a automação dos processos fiscais, financeiros e de RH/DP, reduzem os riscos de erros, multas e otimizam a performance das pessoas e das empresas. A inteligência artificial está transformando o mercado, mas apenas para quem se prepara para usá-la. Quem não fizer o dever de casa continuará agindo como se estivesse na década de 90,e esperando por um futuro que já começou.
Sobre Marcos Tadeu Jr
Marcos Junior é cofundador e CEO da Invent Software, empresa goiana que se tornou referência em soluções de automação fiscal, financeira, bancária, contratual e de recursos humanos das empresas. Formado em Gestão Financeira, ele acumula mais de trinta anos de experiência em tecnologia e gestão, e foi um dos responsáveis por posicionar a Invent como referência no ecossistema SAP na América Latina.
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