Anuário Saúde Mental nas Empresas 2025 Revela Avanços e Grandes Contrastes Entre Setores
Análise do Instituto Philos Org mostra que o índice geral de preocupação com o bem-estar dos trabalhadores no Brasil chegou a 8,19, ainda distante da pontuação máxima possível
O Anuário Saúde Mental nas Empresas 2025 revela contrastes significativos entre setores e companhias, apesar dos pequenos avanços na atenção à saúde mental no ambiente corporativo brasileiro. O estudo é publicado pelo Instituto Philos Org, anualmente, no Dia Mundial da Saúde Mental (10 de outubro). Clique aqui para baixar o documento completo.
De acordo com o levantamento, o índice geral de avaliação da preocupação com o bem-estar dos trabalhadores nos maiores grupos empresariais do país passou de 5,06 em 2024, para 8,19 em 2025. O resultado continua distante da pontuação máxima da escala do Anuário, que é de 16. Em 2023, o índice geral havia sido de 5,40.
Para Carlos Assis, editor do Anuário e fundador do Instituto Philos Org, fatores como a exposição a números alarmantes de afastamentos por transtornos mentais, movimentos legislativos e normativos recentes, e o amadurecimento das próprias organizações, ajudam a explicar o resultado positivo.
“Ao analisar os relatórios elaborados pelas empresas e revelar diferenças existentes, inclusive em um mesmo setor, o Anuário joga luz sobre o tema, destacando o que tem sido feito de melhor para inspirar e influenciar outras organizações na adoção de estratégias efetivas de cuidado com seus trabalhadores”, analisa Carlos Assis.
O Anuário, que chega à sua terceira edição, tem como base os Relatos Integrados, documentos elaborados pelas próprias organizações para prestar contas à sociedade e gerar valor ao negócio. O resultado evidencia contrastes: enquanto o setor Financeiro lidera com índice de 11,03, segmentos como Indústria de Alimentos e Bebidas (5,88) e Agronegócio (índice de 4,02) e seguem nas últimas posições, com poucas informações declaradas sobre ações voltadas à saúde mental (veja os destaques abaixo).
“A escuta verdadeira dos colaboradores das empresas exige coragem das lideranças, que precisam lidar com a subjetividade em um mundo guiado pela objetividade. Nesse sentido, não basta apenas coletar informações: é necessário agir a partir delas e compreender que saúde mental não é custo, e sim investimento”, reforça Carlos Assis.
Destaques setoriais
- Financeiro: manteve a liderança, embora o índice tenha recuado de 11,34 (2024) para 11,03 em 2025. O banco Itaú obteve a melhor avaliação (15,29), seguido por Banco do Brasil (14,29) e Bradesco (13,33).
- Comércio: subiu da terceira posição, em 2024, para a vice-liderança, em 2025, com índice de 8,51. Destaque para Lojas Renner (15,14), seguida por RD Saúde (13,90) e Drogarias DPSP (10,38).
- Serviços, Transportes e Logística: avançou da sexta posição em 2024 (2,96) para o terceiro lugar em 2025, com índice de 8,00. Destaque para o Grupo Dasa (13,24) e Rede D´Or (10,19).
- Energia e Recursos Naturais: setor com o maior número de empresas avaliadas, aumentou o índice de 3,44 (2024) para 7,97 em 2025. O Grupo Enel lidera com 12,76 pontos, seguido por CPFL (11,67) e Petrobras (11,19).
- Indústria: o índice de preocupação com saúde mental evoluiu de 4,98 (2024) para 7,43, em 2025. A Gerdau manteve a liderança (12,90), seguida por Volkswagen (12,24) e Renault (11,33).
- Tecnologia, Telecom e Comunicação: apresentou queda de 8,81 (2024) para 7,12, em 2025. Melhor desempenho foi apresentado por Telefônica Brasil (10,62).
- Alimentos e Bebidas: manteve o desempenho frágil, apresentando grande contraste entre as empresas avaliadas, o que resultou em índice de 5,88. A Ambev manteve a liderança setorial com índice de 13.
- Agronegócio: pior desempenho entre os setores com índice geral de 4,02. A Lar Cooperativa Agroindustrial obteve a melhor nota do setor (9,19)
Sobre o Anuário
O Anuário Saúde Mental nas Empresas, elaborado pelo Instituto Philos Org, antecedeu a Lei 14.831/2024, que criou o Certificado de Empresa Promotora da Saúde Mental. A metodologia do estudo cobre integralmente os critérios previstos na legislação e avalia práticas como programas de promoção da saúde, psicoterapia, suporte psiquiátrico, psicoeducação, grupos de afinidade, ações comunitárias e pesquisas internas.
Além da Lei 14.831/2024 que ainda não foi regulamentada, outra regra segue sem efeito prático. A Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), atualizada para incluir riscos psicossociais como assédio, estresse e sobrecarga na política de saúde e segurança do trabalho, teve sua entrada em vigor adiada para 2026.
A crise de saúde mental no trabalho é um problema crescente. Em 2024, o Brasil registrou cerca de 500 mil afastamentos por transtornos mentais, um aumento de 66% em relação a 2023, segundo o Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho. O impacto é direto na produtividade, nos custos das empresas e do sistema de saúde, além da capacidade de inovação. No cenário global, a Organização Internacional do Trabalho (OIT), estima que depressão e ansiedade resultem na perda de 12 bilhões de dias de trabalho por ano, com prejuízo econômico de quase US$ 1 trilhão.
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