Logo
Imprimir esta página

Burnout coletivo: empresas e trabalhadores repensam papel do trabalho

Com alta nos casos de esgotamento, especialistas apontam a necessidade de reconstruir vínculos e sentido nas relações profissionais

O Brasil ocupa hoje a segunda posição no ranking global de burnout, segundo estudo do McKinsey Health Institute, de 2023. Mais de 50% dos trabalhadores brasileiros relatam sintomas como exaustão emocional, despersonalização e perda de propósito no trabalho. Em meio a uma epidemia silenciosa que atravessa todos os setores da economia, cresce o apelo por uma revisão profunda da forma como se vive o trabalho no século XXI.

O fenômeno atinge especialmente profissionais das gerações mais jovens e de áreas que envolvem atendimento, performance e controle de metas. Mas a síndrome também avança entre lideranças, professores, equipes de saúde e cuidadores, públicos expostos à sobrecarga emocional contínua. O que antes era tratado como exceção passou a fazer parte da paisagem cotidiana: longas jornadas, urgência constante, instabilidade e ausência de vínculos afetivos nas relações de trabalho.

Para Fernando Alves, diretor executivo da Rede Cidadã e autor do livro O Valor da Vida no Trabalho, o problema não está apenas no volume de tarefas ou nas condições objetivas, mas também na maneira como o trabalho tem sido vivenciado subjetivamente. “Todos sofrem com o trabalho: os pobres porque ganham pouco, os ricos porque não têm tempo para viver, só para trabalhar. E, assim, o trabalho se apresenta de modo perverso, ruim para todo mundo”, afirma.

Ele propõe um deslocamento de perspectiva: mesmo em estruturas rígidas, é possível transformar a experiência do trabalho a partir da consciência. A ideia é resgatar o trabalho como espaço possível de construção de vínculos — consigo, com os outros e com algo que transcenda a utilidade imediata. Isso não significa ignorar a precarização, mas recusar o cinismo como resposta automática.

“Não estamos falando de romantizar relações de trabalho. Estamos falando de re-humanizar. A experiência de pertencimento e escuta pode acontecer mesmo em atividades operacionais, desde que haja reconhecimento, diálogo e espaço para afetos legítimos”, diz Alves.

A tese encontra respaldo em pesquisas recentes. Um levantamento do GPTW Brasil, de 2024, mostrou que 75% dos trabalhadores acreditam que o trabalho impacta diretamente sua saúde mental, e 68% gostariam que sua empresa criasse canais de escuta ativa. Em vez de mais benefícios pontuais, o que muitas pessoas buscam é uma relação mais significativa com aquilo que fazem.

Na prática, essa mudança passa por gestos simples: ambientes de confiança, lideranças que escutam, espaços seguros para falar de angústias e o reconhecimento de que nem todo problema se resolve com mais produtividade. “A consciência de si, dos outros e do coletivo é o que pode devolver dignidade ao cotidiano profissional”, completa o escritor.

Ao trazer o debate para o campo relacional e simbólico, Alves amplia o entendimento sobre saúde mental no trabalho. A estrutura precisa mudar, mas, enquanto isso não acontece, é possível encontrar caminhos de resistência subjetiva. A chave, segundo ele, está em deixar de ver o trabalho apenas como meio de sobrevivência e reencontrá-lo como espaço possível de sentido.

Sobre a Rede Cidadã

A Rede Cidadã é uma organização brasileira sem fins lucrativos que atua na promoção da inclusão social e profissional de jovens e adultos em situação de vulnerabilidade. Com foco no desenvolvimento humano e na geração de oportunidades de trabalho, oferece programas de capacitação e qualificação profissional, além de parcerias com empresas para facilitar a inserção dos beneficiários no mercado. Presente em diversas regiões do país, a Rede Cidadã trabalha para transformar vidas por meio do trabalho digno e da cidadania ativa.


Compartilhe:: Participe do GRUPO SEGS - PORTAL NACIONAL no FACEBOOK...:
 
https://www.facebook.com/groups/portalnacional/

<::::::::::::::::::::>
IMPORTANTE.: Voce pode replicar este artigo. desde que respeite a Autoria integralmente e a Fonte...  www.segs.com.br
<::::::::::::::::::::>
No Segs, sempre todos tem seu direito de resposta, basta nos contatar e sera atendido. -  Importante sobre Autoria ou Fonte..: - O Segs atua como intermediario na divulgacao de resumos de noticias (Clipping), atraves de materias, artigos, entrevistas e opinioes. - O conteudo aqui divulgado de forma gratuita, decorrem de informacoes advindas das fontes mencionadas, jamais cabera a responsabilidade pelo seu conteudo ao Segs, tudo que e divulgado e de exclusiva responsabilidade do autor e ou da fonte redatora. - "Acredito que a palavra existe para ser usada em favor do bem. E a inteligencia para nos permitir interpretar os fatos, sem paixao". (Autoria de Lucio Araujo da Cunha) - O Segs, jamais assumira responsabilidade pelo teor, exatidao ou veracidade do conteudo do material divulgado. pois trata-se de uma opiniao exclusiva do autor ou fonte mencionada. - Em caso de controversia, as partes elegem o Foro da Comarca de Santos-SP-Brasil, local oficial da empresa proprietaria do Segs e desde ja renunciam expressamente qualquer outro Foro, por mais privilegiado que seja. O Segs trata-se de uma Ferramenta automatizada e controlada por IP. - "Leia e use esta ferramenta, somente se concordar com todos os TERMOS E CONDICOES DE USO".
<::::::::::::::::::::>

Copyright Clipping ©2002-2025 - SEGS Portal Nacional de Seguros, Saúde, Veículos, Informática, Info, Ti, Educação, Eventos, Agronegócio, Economia, Turismo, Viagens, Vagas, Agro e Entretenimento. - Todos os direitos reservados.- www.SEGS.com.br - IMPORTANTE:: Antes de Usar o Segs, Leia Todos os Termos de Uso.
SEGS é compatível com Browsers Google Chrome, Firefox, Opera, Psafe, Safari, Edge, Internet Explorer 11 - (At: Não use Internet Explorer 10 ou anteriores, além de não ter segurança em seu PC, o SEGS é incompatível)
Por Maior Velocidade e Mais Segurança, ABRA - AQUI E ATUALIZE o seu NAVEGADOR(Browser) é Gratuíto