Falência da Siberian e Crawford: especialista lista 5 erros que levam empresas ao colapso
Com dívidas de R$ 500 milhões e descumprimento do plano, grupo perde apoio dos credores. Advogado alerta para falhas de gestão que adiam a crise
A Deloitte, administradora judicial da Valdac Global Brands, recomendou a conversão do processo de recuperação em falência, pondo fim à sobrevida das marcas de moda Siberian e Crawford. O pedido formalizado na Justiça encerra um ciclo iniciado em 2020, quando a companhia buscou proteção judicial alegando dívidas superiores a R$500 milhões, no auge da pandemia.
O grupo, que detinha ainda outras bandeiras no varejo de moda, não conseguiu executar um plano consistente de reestruturação nos últimos quatro anos. As vendas seguiram em queda, os estoques diminuíram e a confiança dos credores se esvaiu. Para a Deloitte, não havia mais elementos que justificassem a manutenção da recuperação, mas apenas um adiamento do colapso.
“A recuperação judicial não pode ser tratada como um palco para retórica otimista. Ela só funciona quando a empresa enfrenta os números com coragem e toma decisões duras. O que vimos nesse processo foi a confusão entre marca conhecida e negócio saudável. Reputação não paga dívida e, sem execução disciplinada, a recuperação se transforma em um teatro com prazo de validade”, afirma o advogado, contador e especialista em reestruturação empresarial, Marcos Pelozato.
A falência não se instala apenas quando a dívida explode, mas quando a cultura de inércia se sobrepõe à gestão. “A Valdac não foi abatida apenas pela pandemia, mas por escolhas que adiaram soluções estruturais”. Isso serve de alerta para muitas empresas brasileiras que hoje estão em recuperação judicial, sem transparência, governança e plano de execução, o mecanismo deixa de preservar e apenas prolonga o inevitável”, completa o especialista.
O colapso das duas marcas se soma a um cenário de fragilidade no varejo. Segundo a Serasa Experian, o número de pedidos de falência no Brasil cresceu 18,9% no primeiro semestre de 2025, com destaque para comércio e indústria. Já as solicitações de recuperação judicial avançaram 26,3% no período. “Não se trata de um caso isolado, mas de uma tendência. As empresas que não profissionalizarem a gestão e não buscarem apoio técnico cedo vão engrossar as estatísticas”, conclui Pelozato.
O especialista aponta os principais erros observados nesse e em outros casos de reestruturação empresarial:
Tratar o processo como sobrevida e não como recomeço
Recuperação judicial não é pausa para ganhar tempo. Sem plano de ação, a dívida só cresce.
Falta de transparência com credores
A confiança se perde quando números não são claros ou promessas não se cumprem.
Confundir marca forte com negócio saudável
Reconhecimento no mercado não garante fluxo de caixa nem sustentabilidade.
Não rever estrutura e modelo de gestão
Sem cortes de custos, reorganização societária e revisão tributária, a empresa não cria fôlego.
Resistir a apoio técnico especializado
Consultores, contadores e advogados preparados são fundamentais para negociar e redesenhar a operação.
Sobre Marcos Pelozato
Marcos Pelozato é advogado, contador e empresário com 14 anos de atuação no setor de reestruturação empresarial e recuperação judicial. Reconhecido como referência no segmento, presta assessoria estratégica a empresas em crise financeira, com foco em reorganização societária, gestão de passivos e recuperação de negócios.
À frente de um escritório especializado, Marcos também atua como mentor para advogados e contadores interessados em ingressar na área de reestruturação, com o objetivo de ampliar o número de profissionais capacitados a atuar diante da crescente demanda por soluções eficazes em gestão de crise.
Compartilhe:: Participe do GRUPO SEGS - PORTAL NACIONAL no FACEBOOK...:
<::::::::::::::::::::>