Futuro do trabalho demanda jovens preparados e com formação técnica adequada

O mercado de trabalho vive uma transformação acelerada, devido às novas tecnologias, as mudanças nos modelos de atuação e o surgimento de profissões inéditas, que estão redefinindo as exigências para a entrada e permanência dos jovens no mundo profissional. Diante desse cenário, a formação técnica e a requalificação despontam como elementos centrais para o futuro do trabalho, especialmente em países onde há maior desigualdade de acesso.

Segundo dados do relatório Education at a Glance 2023, apenas 11% dos estudantes brasileiros entre 15 e 24 anos cursam ensino técnico profissionalizante, ou seja, apenas um em cada 10 alunos. A taxa aparece muito abaixo da média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que chega a 35% para alunos de 15 a 19 anos e a 65% para alunos entre 20 e 24 anos. Em 2019, a média brasileira era ainda mais baixa: cerca de 9%.

O déficit no ensino técnico é preocupante, especialmente diante do alto número de “jovens nem-nem”, que nem estudam nem trabalham, refletindo diretamente na baixa produtividade e na menor remuneração dessa faixa etária. A escassez de mão de obra qualificada, aliada à ausência de políticas públicas robustas que ampliem e melhorem a educação técnica, resulta em profissionais menos preparados e, consequentemente, em salários mais baixos, impactando negativamente a economia do país e limitando o potencial de crescimento da renda desse grupo.

Além disso, as diferenças sociais, de gênero e de território acabam determinando, em grande medida, quem tem a chance de se preparar para essas novas demandas e aqueles que, de certa forma, podem ficar à margem no mercado de trabalho. Esse contexto social ajuda a explicar o crescimento da chamada geração “nem-nem”.

Carlos Henrique Lima, diretor-executivo do Instituto Reciclar, professor convidado da Fundação Dom Cabral nas áreas de ESG e Impacto Social e especialista em Governança de Organizações Sociais pela Harvard Business School, explica que jovens em situação de vulnerabilidade social têm grandes sonhos de mudança de vida, mas encontram na desigualdade de acesso uma restrição para ampliar o repertório profissional e as oportunidades de transformação socioeconômica. Segundo ele, a formação técnica e a requalificação profissional surgem como um caminho para oportunizar a entrada e permanência desses jovens no mercado de trabalho, principalmente nos próximos anos.

De acordo com o relatório The Future of Jobs Report 2025, do Fórum Econômico Mundial, as demandas por formação e requalificação da força de trabalho continuarão a ser crescentes nos próximos cinco anos. O estudo indica que, para os empregadores, até 2030, 59% das pessoas precisarão de treinamento, 29% provavelmente serão requalificadas em suas funções atuais e 19% poderão ser realocadas em outras áreas das organizações. O levantamento aponta ainda que uma outra parcela dos trabalhadores, cerca de 11%, poderão ter suas perspectivas de emprego ameaçadas pela falta de formação e requalificação necessárias.

Por isso, segundo Carlos, o papel dos setores é ampliar o acesso dos jovens à formação técnica e à qualificação profissional, especialmente nas áreas de ditas como as maiores tendências para o futuro do trabalho. “Temos no Brasil uma oportunidade transformadora à frente, devido a renegociação da dívida dos estados brasileiros por meio do Programa de Pleno Pagamento da Dívida dos Estados (Propag) e o mecanismo do investimento compulsório dos estados na educação técnica como contrapartida. Essa iniciativa deve gerar um significativo crescimento estruturado em qualificação, gerando impacto social, econômico e educacional para a juventude”, completa o especialista.

É nesse contexto que o Instituto Reciclar atua. Organização sem fins lucrativos voltada para a inclusão produtiva de jovens em situação de vulnerabilidade social, o Instituto desenvolve um modelo de formação socioemocional e técnica baseado em projetos, aprendizagem prática e alinhada às tendências do futuro do trabalho. Com um indicador de 99% de empregabilidade em seu programa, o Reciclar prepara os estudantes para identificar suas vocações, desenvolver habilidades estratégicas e se posicionar com confiança no mercado.

Com a parceria técnica com grandes instituições de ensino técnico, como: Escola Técnica do Albert Einstein, Senac, Escola Panamericana, entre outras, bem como com grandes empresas de diferentes segmentos que apoiam a formação e a empregabilidade dos beneficiários, o Instituto Reciclar é hoje uma das organizações de referência da sociedade civil, unindo qualificação de excelência com as necessidades reais dos jovens.

Para o diretor-executivo do Instituto, a educação e a requalificação são fundamentais para equilibrar oportunidades. “Preparamos os jovens para se tornarem protagonistas de suas próprias histórias, munindo cada um deles de conhecimento técnico e socioemocional para que tenham condições de enfrentar as transformações no mundo do trabalho. Muito mais do que auxiliar na entrada, queremos garantir a permanência e desenvolvimento deles no mercado de trabalho. Assim, multiplicamos oportunidades e ampliamos o acesso a um futuro de transformações tanto no âmbito social, quanto no contexto econômico e familiar desses jovens”, afirma.

Sobre o Instituto Reciclar: O Instituto Reciclar é uma organização sem fins lucrativos que atua há 30 anos com o objetivo de promover a educação e a inclusão produtiva de jovens em situação de vulnerabilidade social, por meio de diferentes iniciativas e programas sociais focados na educação e formação profissional. No último ano, 355 mil pessoas foram impactadas pela atuação da organização em diferentes regiões. Pelo 8º ano consecutivo, o Instituto Reciclar foi eleito uma das 100 Melhores ONGs do Brasil e pelo 2º ano A Melhor ONG de Geração de Renda do País.