Inteligência Artificial Deixa de Ser Apenas Promessa e Torna-se Parte da Operação das Empresas

A inteligência artificial deixou de ser vista como um recurso adicional e se consolidou como infraestrutura central para empresas de diferentes setores. A virada foi marcada pela combinação de três fatores, a entrada em vigor das primeiras etapas do AI Act europeu, a expansão da IA embarcada em dispositivos, com o Apple Intelligence chegando ao Brasil em português, e a consolidação de modelos de alto desempenho com custos de operação mais previsíveis.

Para o especialista em inovação digital Luis Molla Veloso, o diferencial esteve na forma de gestão. “As empresas que ganharam em 2025 foram as que trataram IA como programa de produto, não como projeto de laboratório, com métricas de custo por tarefa, governança de dados e hipóteses de ROI validadas em produção”, afirma.

A pressão competitiva no mercado de chips acelerou a adoção de projetos em escala. A família Blackwell, da NVIDIA, dominou o fornecimento de GPUs de ponta, com empresas migrando de provas de conceito para implementações estáveis em geração de código, atendimento e análise de dados. O debate deixou de girar apenas em torno de benchmarks e passou a se concentrar em custo por tarefa, variável crucial para justificar investimentos.

No campo dos modelos, a Meta lançou o Llama 3.1, enquanto a OpenAI apresentou o GPT-5, com foco em engenharia de software. O movimento trouxe à tona discussões sobre adequação ao uso e experiência do usuário. “O aprendizado do ano foi que melhor depende do para quê. Para CX, preferências de tom importam tanto quanto a acurácia; para engenharia, o que conta é resolver o PR com menos retrabalho”, observa Veloso.

A adoção do Apple Intelligence em novos mercados normalizou arquiteturas híbridas que combinam capacidade local e nuvem privada, reduzindo latência e reforçando privacidade. Paralelamente, o AI Act começou a impor regras obrigatórias na União Europeia, exigindo inventário de sistemas, ajustes técnicos e preparação para auditorias.

Nesse contexto, credenciais digitais como Content Credentials (C2PA) avançaram para o mainstream, aproximando verificação de origem e consumo de conteúdo.

O playbook de 2025

Segundo Veloso, os casos de sucesso do ano seguiram quatro linhas de ação:

- Produto antes de pesquisa – definir tarefas e medir preço por tarefa.

- Arquitetura híbrida – combinar modelos abertos e proprietários, com uso de on-device para latência e privacidade.

- Governança ativa – aplicar níveis de risco do AI Act, adotar content credentials e publicar políticas de escalabilidade responsável.

- Gestão de mudança – tratar tom e personalidade dos assistentes como parte da experiência e manter compatibilidade retroativa.

“Em 2026, a fronteira competitiva não será quem tem IA, e sim quem mede e melhora IA como mede e melhora receita”, projeta Veloso.

Exemplos locais ajudaram a consolidar 2025 como ano de virada. A Ambev reportou ganhos de eficiência logística com IA preditiva para rotas de distribuição; o Itaú reduziu em quase 40% o tempo de atendimento ao empregar agentes inteligentes no suporte; e o Magazine Luiza elevou taxas de conversão ao personalizar ofertas em múltiplos canais.

Sobre Luis Molla Veloso

Especialista em Embedded Finance, atua na integração de serviços financeiros diretamente em jornadas digitais, conectando tecnologia, produto e estratégia para transformar a forma como empresas oferecem crédito, pagamentos, seguros e soluções de banking as a service.

Com sólida atuação no desenvolvimento de plataformas e APIs financeiras, trabalha para tornar os serviços bancários mais acessíveis, invisíveis e centrados no usuário, com foco em escalabilidade, conformidade regulatória e experiência fluida. Acesse o LinkedIn.