RH em foco: como tecnologia e vivências impactam a saúde mental nas empresas
- Crédito de Imagens:Divulgação - Escrito ou enviado por Paulo Fabrício Ucelli
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Por Tatiana Gonçalves, CEO da Moema Medicina do Trabalho e especialista em saúde e segurança no trabalho
Estar no CONARH este ano foi uma oportunidade única de observar como o setor de RH está se movimentando diante de tantos desafios. O evento trouxe uma mistura interessante de inovação tecnológica, discursos sobre engajamento e, claro, muita atenção às novas exigências da NR-1.
Em meio a estandes modernos, palestras cheias de energia e um público curioso, ficou claro que as empresas estão em busca de respostas para um mundo do trabalho que se torna mais complexo a cada dia.
Algumas tendências chamaram minha atenção:
- Tecnologia e automação: soluções para desburocratizar processos, especialmente no Departamento Pessoal, ganharam grande destaque. A promessa é liberar tempo para que o RH possa se dedicar mais às pessoas e menos à papelada.
- Vivência e engajamento: as palavras “jornada” e “experiência” continuam firmes no vocabulário do setor. A ideia de proporcionar ambientes mais acolhedores e envolventes segue como prioridade nas estratégias de gestão de pessoas.
- NR-1 e riscos psicossociais: a atualização da norma foi o assunto mais comentado, trazendo a saúde mental para o centro da discussão. Vi desde propostas sérias de prevenção até iniciativas mais superficiais, que tratam o tema como benefício ou brinde corporativo. Mas saúde mental não é tendência de marketing, é responsabilidade legal e social.
E é nesse ponto que surge um tema que precisa ser encarado com seriedade: o assédio no ambiente de trabalho. A nova NR-1 incluiu os riscos psicossociais como parte do Gerenciamento de Riscos Ocupacionais, e isso significa que práticas como o assédio moral, o assédio sexual e a sobrecarga de trabalho passam a ser reconhecidas oficialmente como fatores que afetam diretamente a saúde dos trabalhadores.
O que antes era um debate muitas vezes restrito a iniciativas isoladas, agora se torna uma obrigação regulatória. E os números mostram por que: entre 2020 e 2024, a Justiça do Trabalho recebeu mais de 33 mil novos casos de assédio sexual, segundo o CNJ. Apenas entre 2023 e 2024, o volume de denúncias cresceu 35%, saltando de 6.367 para 8.612 casos. Essa realidade exige que as empresas avancem além de programas de fachada e adotem políticas efetivas de prevenção, canais de escuta confiáveis e ações que realmente façam diferença no dia a dia dos colaboradores.
Apesar de a atualização da NR-1 já estar em vigor desde maio de 2025, ainda não há penalizações — elas só começam a valer em 2026. Nesse período, a fiscalização será feita em caráter educativo, mas isso não deve ser confundido com tempo para procrastinar. É um tempo para se preparar bem.
O grande desafio é que os conceitos relacionados a riscos psicossociais ainda são novos e complexos. Muitas empresas sequer mapearam os fatores que impactam a saúde mental de suas equipes, e outras não contam com estrutura ou recursos para implementar medidas preventivas. Para apoiar esse processo, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) lançará um guia prático sobre riscos psicossociais e criará uma comissão nacional para acompanhar a adaptação, envolvendo governo, sindicatos e setor produtivo.
Para mim, o recado é claro: a NR-1 não se resume à documentação técnica, mas envolve mudanças culturais e estruturais. É preciso agir desde já, adotando medidas concretas, como:
- Capacitar lideranças para reconhecer sinais de adoecimento.
- Desenvolver protocolos de Primeiros Socorros Psicológicos.
- Estabelecer canais de escuta efetivos e confiáveis.
- Tratar a prevenção como parte da estratégia do negócio, e não apenas como obrigação legal.
A fala do auditor fiscal Rodrigo Vaz, no palco do CONARH, reforçou isso com muita clareza. Ele destacou que o papel da fiscalização será verificar se as empresas estão de fato implementando ações coerentes e não apenas “parecendo” que estão cumprindo a norma.
Em resumo: nem toda ação é solução. Quando falamos de saúde mental no trabalho, responsabilidade vem antes do marketing. As empresas que compreenderem isso não apenas estarão em conformidade com a lei, mas também construirão ambientes mais saudáveis, produtivos e humanos — e essa é, sem dúvida, a maior tendência que o RH pode abraçar.
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